Pronunciamento de Romero Jucá em 08/05/1997
Discurso no Senado Federal
DEFESA DO FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE SAUDE PUBLICA. PREOCUPAÇÃO COM A EXTINÇÃO DO FUNDO NACIONAL DE SAUDE E DA CENTRAL DE MEDICAMENTOS - CEME.
- Autor
- Romero Jucá (PFL - Partido da Frente Liberal/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SAUDE.:
- DEFESA DO FORTALECIMENTO DO SISTEMA DE SAUDE PUBLICA. PREOCUPAÇÃO COM A EXTINÇÃO DO FUNDO NACIONAL DE SAUDE E DA CENTRAL DE MEDICAMENTOS - CEME.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/05/1997 - Página 9280
- Assunto
- Outros > SAUDE.
- Indexação
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- DEFESA, MANUTENÇÃO, FUNCIONAMENTO, FUNDO NACIONAL DE SAUDE (FNS), CENTRAL DE MEDICAMENTOS (CEME), MOTIVO, ATUAÇÃO, ENTIDADE, COMBATE, ENDEMIA, DISTRIBUIÇÃO GRATUITA, MEDICAMENTOS, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, REGIÃO CENTRO OESTE, GARANTIA, QUALIDADE, ATENDIMENTO, SAUDE PUBLICA, POPULAÇÃO, BRASIL.
O SR. ROMERO JUCÁ (PFL-RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao longo do meu mandato, tenho procurado defender o fortalecimento do sistema de saúde pública, tenho procurado atuar numa linha de colaboração e de apoio ao Ministério da Saúde, e, como Relator do Orçamento na área de saúde, tenho testemunhado o esforço que vem sendo feito para melhorar a assistência à saúde da população.
Aprovamos a CPMF, um imposto polêmico, um ônus a mais para a sociedade brasileira, com a justificativa de que ela reforçaria a atuação da saúde pública no País.
O Senador Carlos Bezerra, que me antecedeu, mostrou as previsões de arrecadação da CPMF - mais de R$5 bilhões - para o exercício de 1997.
Pois bem, Sr. Presidente, venho à tribuna hoje registrar minha preocupação com algumas notícias e algumas ações previstas ou em discussão no Ministério da Saúde. A primeira delas trata da extinção da Fundação Nacional de Saúde que tem um papel extremamente importante para as regiões mais pobres do País. Eu não poderia, como Senador de Roraima e como amazônida, calar-me sobre a perspectiva que se tem, a curto prazo, de extinção da Fundação Nacional de Saúde. Já se começa a discutir essa questão. Quero lembrar, desta tribuna, o trabalho realizado pela campanha contra a malária, depois pela Fundação CESP, pela Sucam e, por conseqüência, pelo novo órgão que fundiu essas entidades, que é exatamente a Fundação Nacional de Saúde.
A Fundação Nacional de Saúde tem uma tarefa extremamente importante no País no combate às endemias. Na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste, eu diria que ela é uma entidade imprescindível, pela história, pelo conhecimento técnico e pela importância que tem na saúde pública dessas regiões.
Em primeiro lugar, eu gostaria de registrar minha preocupação quanto à possibilidade de extinção da Fundação Nacional de Saúde. Não podemos concordar com tal ação. Não adianta afirmar que os estudos técnicos dizem que, se a Fundação Nacional de Saúde for extinta, suas atribuições passariam aos Estados e Municípios. A FNS atua com maior força exatamente onde estão os Municípios mais pobres de nosso País: na Amazônia, no Centro-Oeste, em Municípios pobres cuja arrecadação, muitas vezes, não dá sequer para pagar a folha de pessoal, quiçá para enfrentar endemias como a malária, a dengue e a febre Amarela.
Desta tribuna, Sr. Presidente, eu gostaria de ponderar, em primeiro lugar, ao Ministro da Saúde para que essa discussão técnica seja levada em conta e ampliada para a Comissão de Assuntos Sociais, Comissões Pertinentes da Câmara dos Deputados, para as bancadas das regiões. Efetivamente, essa não é uma decisão técnica nem administrativa. A extinção da Fundação Nacional de Saúde é uma decisão eminentemente política e tem repercussão muito grande em nossas regiões. A FNS detém um patrimônio técnico exemplar, seus servidores têm experiência no tratamento dessas questões, o que é imprescindível ao País. Portanto, é inadmissível fechar essa entidade na Amazônia, no Nordeste ou no Centro-Oeste do País.
Sr. Presidente, eu gostaria também, nessa mesma linha, de comentar a extinção do programa de medicamentos gratuitos do Governo Federal - Ceme - anunciada pelo Governo. Não quero aqui defender a manutenção de qualquer órgão público; quero, sim, registrar a importância dos medicamentos da Ceme na minha região amazônica e nas regiões mais pobres do País. Tenho andado muito nos postos de saúde do interior do meu Estado e, quando encontro medicamentos nesses postos, são tão-somente medicamentos da Ceme - Central de Medicamentos do Governo Federal.
Sr. Presidente, se o Governo quer descentralizar ações, reformular administrativamente qualquer entidade, somos favoráveis e marcharemos ao lado do Ministério da Saúde. É importante que se saiba que uma coisa é reformular programas e descentralizar programas sociais, principalmente na área da saúde, para onde recursos da CPMF foram alocados, mas extinguir a Ceme e com ela o programa gratuito de medicamentos, inclusive o programa de medicamentos para Aids, aprovado aqui neste Senado, realmente é inadmissível.
Gostaríamos de apelar ao Ministro da Saúde para que essa questão tenha o seu nível de discussão ampliado. Queremos a manutenção do programa de medicamentos gratuitos do Governo Federal sob qualquer sigla ou qualquer administração. Queremos a manutenção dos programas de combate às endemias do Ministério da Saúde, notadamente na região Amazônica, de combate à malária, à dengue e à febre amarela. Tenho certeza de que, com a sensibilidade que tem o Ministro da Saúde, esse debate vai ser efetivamente ampliado e dele sairão soluções enriquecedoras ao projeto. Esperamos que, de um lado, não seja aprovado mais um imposto para melhorar a saúde e que, de outro, tenhamos instrumentos legais e operacionais necessários para que a saúde seja melhorada e não venha a padecer a população do nosso País, principalmente - volto a dizer - a população das regiões mais pobres do Brasil, como a região amazônica, que represento aqui.
Portanto, fica o apelo ao Ministro da Saúde e ao Presidente da República, para que vejam, com carinho e com cuidado, a atuação da Ceme e da Fundação Nacional de Saúde, porque os brasileiros mais pobres das regiões menos desenvolvidas não podem carecer da atuação dessas duas entidades.
Muito obrigado, Sr. Presidente.