O SR. ADEMIR ANDRADE (Bloco-PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Srº Presidente, Srªs e Srs. Senadores, lamento...

O Sr. Roberto Requião - Senador, peço a palavra em forma de aparte a V.Exª.

O SR. ADEMIR ANDRADE - Concedo o aparte. Peço a V. Exª que seja breve, pois faltam seis minutos para o encerramento da sessão.

O Sr. Roberto Requião - Sr. Presidente, eu gostaria de deixar claro que minha declaração na CPI não foi exatamente o que acaba de dizer neste plenário o ilustre Senador Epitacio Cafeteira. Eu disse que o depoimento do Prefeito Celso Pitta não convenceu e não me faria mudar uma vírgula em meu relatório; que as provas materiais e testemunhas eram suficientes para que o relatório fosse feito; que os prefeitos e governadores da época teriam, por uma liberalidade da Comissão, a possibilidade de virem fazer sua defesa.

O Prefeito Paulo Maluf não quis fazer a sua defesa; pelo contrário, apresentou por escrito uma confissão de culpa, tentando refugiar-se na prescrição. Não assumiu sua responsabilidade objetiva de prefeito e fugiu da CPI e do País. Essa é a verdade sobre os fatos.

O SR. ADEMIR ANDRADE - Muito obrigado pelo esclarecimento, Senador.

Eu gostaria de fazer meu comunicado.

O Sr. Epitacio Cafeteira - Nobre Senador Ademir Andrade.

O SR. ADEMIR ANDRADE - Agora V. Exª vai-me permitir.

O Sr. Epitacio Cafeteira - Vou mandar a cópia das notas taquigráficas ao Senador Roberto Requião. V. Exª, talvez, tenha deixado de lê-las.

O SR. ADEMIR ANDRADE - Srº Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, em meu Estado, o Pará, os bispos da Região Norte lançaram um pronunciamento à população, referindo-se à situação econômica e social do Estado do Pará.

Na sessão de hoje, eu pretendia ler este importante documento integralmente, pela importância que penso que ele possui, e comentar todos os seus 47 tópicos.

Na verdade, pretendo me somar ao que colocam os bispos do meu Estado. Inclusive, eles fazem críticas a nós políticos, especialmente à bancada do Estado do Pará. Como o tempo da sessão é muito curto, e não terei a oportunidade de ler este documento hoje, eu gostaria de registrar um fato que é uma das razões da sua existência.

Nesse final de semana, Sr. Presidente, no Estado do Pará, exatamente na rodovia PA-150, no Distrito de Rio Vermelho, uma localidade do Município de Xinguara, houve um grande ato público em que estava presente a população dos Municípios de Xinguara, Piçarras e São Geraldo do Araguaia. Essas populações estão, há doze anos, esperando pela energia da hidrelétrica de Tucuruí. A linha que leva energia da hidrelétrica ao sul do Pará passa por sobre o povoado de Rio Vermelho, sem que haja um rebaixamento, para atender à necessidade desta população.

Os prefeitos, os vereadores, a população, os produtores rurais e os trabalhadores rurais desses municípios, eu, como Senador da República, o Deputado Federal Asdrúbal Bentes e quatro Deputados Estaduais do Estado do Pará participamos desse ato público, que fechou, por três horas, a Rodovia PA-150. Interrompemos o tráfego num sinal de protesto. Foi formada uma fila de carros que chegou a mais de dois quilômetros de extensão. O importante é que essas pessoas não reclamaram, mas reconheceram o direito daquele ato de protesto feito pela população.

Registro que o povo, após esse ato público realizado no sábado, deslocou-se por 1.200Km de rodovia até a cidade de Belém, para conversar com o Governador do Estado do Pará, Almir Gabriel.

            Destaco a falta de compreensão, a incapacidade política, o espírito autoritário e prepotente do Governador do Estado do Pará, que recebeu essas pessoas, ouviu suas reivindicações e necessidades e também a ameaça da população de incendiar as torres de energia que passam por sobre o povoado de Rio Vermelho. No final da audiência, S. Exª simplesmente falou que, após o término da sua fala, estaria encerrada a conversa. S. Exª pagou R$100 mil reais a um prefeito de um dos três Municípios para comprar um motor de energia e não definiu absolutamente nada para o Município de Piçarras nem para o Distrito de Rio Vermelho.

As pessoas saíram daquela audiência absolutamente indignadas, revoltadas. Depois de viajarem 24 horas de carro para chegar até Belém, ter uma oportunidade de conversar e levar o seu pleito ao Governador, ele sequer se prestou à atenção de dizer "vou formar uma comissão do meu Governo, vocês formem uma comissão de vocês e, juntos, vamos estudar uma alternativa técnica viável para resolver o problema".

Na verdade, existe uma proposta de uma cooperativa em que não entraria um centavo sequer do Governo do Estado; ele apenas interferiria para conseguir um financiamento do BNDES, e a própria comunidade aceitaria pagar por aquele empreendimento.

Lamentavelmente, tenho que registrar a incapacidade política e o espírito autoritário, naturalmente porque havia ali pessoas de oposição, como eu e mais alguns Deputados, e o tratamento foi dado.

Quero dizer que o Governador, pela sua intransigência, pela sua forma mal-educada de se comportar com as pessoas, pode ter conseqüências graves das pessoas que saíram daquela audiência absolutamente indignadas e revoltadas. Ele deveria dar mais atenção, ponderar a necessidade, ter mais diálogo e, ainda que não pudesse fazer, mostrar por que não pode fazer.

Quero registrar aqui o meu protesto em nome do povo do Sul do Pará, de Rio Vermelho, de Xinguara e de Piçarras, pela forma ruim como os recebeu o Governador do Estado do Pará. Peço a eles que tenham paciência, que não ajam com radicalismo, mas que continuem a luta, que sejam capazes até de fechar a estrada novamente; porém, que não destruam as torres de energia como estão pretendendo fazer. E espero que o Governador do Pará não tenha, lamentavelmente, provocado ainda mais o ânimo daquelas pessoas no sentido de ter uma ação que possa prejudicar o patrimônio público e o interesse do Estado do Pará.

Era este o registro que gostaria de fazer, deixando para a sessão de amanhã a leitura desse documento dos Bispos do meu Estado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.