Discurso no Senado Federal

SATISFAÇÃO COM O RECONHECIMENTO EM BREVE, PELA UNESCO, DA CIDADE DE SÃO LUIS/MA COMO PATRIMONIO HISTORICO DA HUMANIDADE.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • SATISFAÇÃO COM O RECONHECIMENTO EM BREVE, PELA UNESCO, DA CIDADE DE SÃO LUIS/MA COMO PATRIMONIO HISTORICO DA HUMANIDADE.
Aparteantes
Bello Parga, Emília Fernandes, Joel de Hollanda, João Rocha, Marina Silva, Marluce Pinto, Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 12/07/1997 - Página 13892
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, RECOMENDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), INSCRIÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), PATRIMONIO HISTORICO, MUNDO.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada, desta tribuna, tive o prazer de anunciar ao Senado que a Assembléia-Geral da UNESCO, após prolongados estudos e pesquisas, recomendou seja a cidade de São Luís incluída na lista dos sítios históricos merecedores do título "Patrimônio da Humanidade".

E informei mais, que essa decisão deverá ser confirmada em dezembro vindouro pelo Comitê do Patrimônio da UNESCO, pois o relatório ressaltou haver um "consenso generalizado entre os especialistas no sentido de que São Luís deverá ocupar lugar de destaque no estudo comparado".

Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, o Senador José Sarney recebeu ofício do Ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, nos seguintes termos:

      Exmº Sr. Senador José Sarney,

      Tenho o prazer de informar a V. Exª de que o Bureau do Comitê do Patrimônio Mundial, em sua recente reunião na sede da UNESCO, em Paris, aprovou, sem reservas, a recomendação da inscrição de São Luís do Maranhão, na Lista do Patrimônio da Humanidade. Com essa aprovação, encerra-se uma importante etapa no processo de tramitação da proposta brasileira, devendo o Comitê do Patrimônio Mundial, em sua reunião de dezembro próximo, em Nápoles, apenas homologar a decisão do Bureau.

      Congratulo-me com V. Exª pela recomendação do Bureau, a qual representa um justo reconhecimento dos esforços empreendidos pelo Governo do Estado do Maranhão nesse importante estágio do processo de inclusão de São Luís na Lista do Patrimônio da Humanidade. Essa inscrição trará maior desenvolvimento ao Estado do Maranhão, além de ampliar a projeção de valores culturais brasileiros no exterior.

A informação, como não podia deixar de ser, suscitou grande entusiasmo entre todos os maranhenses, não só os que vivem em nossa capital, pois se viu que após esforços que vêm de longa data junto ao órgão das Nações Unidas, se faz justiça à beleza do que é considerado "o maior conjunto urbano e arquitetônico colonial da América Latina".

Por força do entusiasmo que nos envolveu a nós maranhenses, vários pronunciamentos se sucederam, inclusive aqui no Senado, nas vozes dos Senadores Epitácio Cafeteira e Bello Parga que, comigo, representam, nesta Casa, o povo do meu Estado, e valorizados pelos inúmeros apartes que significaram o apoio de outros estados ao galardão com que se reconhecerá a riqueza histórica de São Luís.

Sr. Presidente, Srs. Senadores, creio que ainda é preciso dizer mais, muito mais sobre essa próxima e definitiva decisão do Comitê do Patrimônio da UNESCO pois seria injusta a omissão das gerações e personalidades que tanto contribuíram para a esperada proclamação desse órgão das Nações Unidas. Não esquecer, por exemplo, os franceses que, embalados por sonhos de expansão, fundaram a cidade de São Luís.

Relembrar especialmente os portugueses que construíram a cidade inspirados nos traços arquitetônicos, com peculiaridades jamais igualadas que até hoje permanecem como um dos de maior beleza em todo o mundo. Os casarios, os azulejos coloridos e artísticos envolvendo as construções, os varandões apropriados para o clima tropical, as fontes jorrando água límpida.

Há de ressaltar-se, porém, como o principal motivo pelo qual agora se eleva São Luís à suprema grandeza de um Patrimônio da Humanidade, o amor do povo do Maranhão pela sua cidade capital.

Quantas cidades de inestimável valor histórico, Sr. Presidente, nós agora só as entrevemos através das ruínas e das escavações ou dos relatos escritos. O povo maranhense soube conservar a sua São Luís, ama a cidade, defende-a, canta em verso e prosa todos os dias. Onde se encontre um maranhense, em qualquer lugar do Brasil ou do mundo, ali está um enaltecedor das incomparáveis belezas de São Luís.

O principal crédito a essa especial e justa deferência à nossa Capital, portanto, deve ser atribuído aos que souberam conservar, manter e até mesmo aprimorar o riquíssimo legado que recebemos dos nossos antepassados.

O Sr. Bello Parga - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouço V. Exª com muito prazer.

O Sr. Bello Parga - Nobre Senador Edison Lobão, é muito oportuno o discurso de V. Exª tratando de um tema que a todos nós maranhenses, especialmente os ludovicenses, enche de alegria e contentamento, porque reconhece o valor histórico da nossa cidade, galardão esse de ser considerado como Patrimônio da Humanidade, que foi conquistado não apenas pela geração atual, mas representa a colimação de um esforço coletivo, desde a chegada dos franceses, que fundaram a nossa cidade, dos portugueses, que a consolidaram após terem expulso os franceses, a contribuição que não pode ser obscurecida da raça negra, cativa e que, até hoje, se faz representar com muita força no nosso Estado, na nossa Capital pelos tambores de mina, pelas manifestações folclóricas que se incorporaram à vida maranhense e à vida da Capital. Esse esforço, nobre Senador Edison Lobão, também foi feito por diversas e sucessivas administrações oficiais do Governo do Estado e que receberam, também, da parte do Governo Federal, quando era Presidente o atual Senador José Sarney, estímulo e reforço material para consecução dos objetivos. Não pode deixar de ser mencionada aqui a participação do governo estadual, do Governador João Castelo, ajudado por uma plêiade de jovens intelectuais e de funcionários públicos, sempre atentos e sempre alertas para a importância da conservação da memória do estado, da memória nacional. Não posso, também, deixar de citar aquilo que, naturalmente, V. Exª. não citou por modéstia: duas obras importantíssimas que foram feitas com recursos do Erário maranhense e não como muitas outras que receberam, no Governo Sarney, ajuda do Ministério da Cultura. No caso da administração de V. Exª. como Governador, foi a recuperação total daquela jóia para nós maranhenses que é o Teatro Arthur Azevedo. Não posso calar aqui o trabalho importantíssimo que foi feito na recuperação da Fábrica do Rio Anil, um complexo industrial que estava quase em ruínas e que o Governo de V. Exª transformou num centro irradiador de instrução, que é o Centro do Rio Anil. Este centro de ensino médio de preparação ginasial e profissional oferece às crianças e a toda população em idade escolar da capital do Maranhão a possibilidade de estudo. Senador Edison Lobão, fico também muito satisfeito em poder aqui estar fazendo justiça ao trabalho de V. Exª e de tantos outros que, quer em posição de mando quer como simples colaborador, se esforçaram para chegar ao final, podemos dizer, grandioso. Não posso deixar de citar aqui também o trabalho feito pela atual Governadora, cuja inscrição foi feita por ela quando em viagem internacional, tendo submetido ao Conselho Deliberativo da UNESCO a inscrição da Cidade de São Luís como patrimônio da humanidade. Faz V. Exª justiça. Eu, como representante do Maranhão no Senado da República, não poderia deixar de louvar aqui seu pronunciamento, manifestando-me sobre o esforço e os resultados obtidos por V. Exª quando Governador do Estado. Isso ficará escrito na história do Maranhão, na história do Brasil, com letras de ouro.

O SR. EDISON LOBÃO - Incorporo o aparte de V. Exª ao meu discurso, Senador Bello Parga, consciente de que exatamente V. Exª. um dos maiores cultores das belezas da nossa cidade, a capital do Maranhão. V. Exª canta, em prosa e verso, com freqüência, a graciosidade desta bela capital do Brasil que, agora, se incorpora ao patrimônio da humanidade.

O Sr. João Rocha - Permite-me V. Exª um aparte?

A Srª Emilia Fernandes - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouço, pela ordem, o aparte do eminente Senador João Rocha e, em seguida, o aparte da eminente Senadora Emilia Fernandes.

O Sr. João Rocha - Nobre Senador Edison Lobão, é uma satisfação muito grande apartear V. Exª no momento em que o Estado de V. Exª recebe essa merecida homenagem. E a satisfação minha é dupla porque nasci num Estado limítrofe ao Maranhão, o Estado do Piauí. A minha família se transferiu para o, hoje, Estado de Tocantins, outro estado limítrofe e temos um intercâmbio econômico e cultural muito grande com a capital do Estado do Maranhão, além de várias cidades, como Imperatriz, e também outros Estados que fazem divisa como o nosso Estado de Tocantins. Conheço o Estado de V. Exª e a própria capital e, inclusive, comentava com V. Exª que, há uns 20 anos, tive a oportunidade de levar os meus filhos, quando fui ao meu Estado natal, o Piauí, quando tive a satisfação de fazer uma visita à cidade de Alcântara. O meio mais fácil de transporte, à época, eram barcos que, por sinal, eram perigosos pelo volume de pessoas que se deslocavam para a cidade, também histórica, de Alcântara. Quero, então, em meu nome e em nome do meu Estado - e tenho certeza, também, do outro Estado limite em que nasci, com muita honra, o Estado do Piauí - transmitir à população do Maranhão, através de V. Exª, os nossos cumprimentos por tornar a cidade de São Luís, merecidamente, Patrimônio Cultural da Humanidade. Parabenizo V. Exª, parabenizo toda a comunidade de São Luís e toda a comunidade do Estado do Maranhão.

O SR. EDISON LOBÃO - Muito obrigado, Senador João Rocha, em verdade o Piauí e o Maranhão já foram um só corpo, hoje são, de qualquer sorte, ainda uma só família. Incorporo também o aparte de V. Exª.

A Srª Emilia Fernandes - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouço, com prazer, a Senadora Emilia Fernandes.

A Srª Emilia Fernandes - Senador Edison Lobão, nós também, em nome do Estado do Rio Grande do Sul, gostaríamos de manifestar a nossa solidariedade e a nossa alegria por essa decisão da UNESCO em relação à cidade de São Luís, capital do seu Estado. Os nossos cumprimentos iniciais aos representantes, à Bancada representante do Estado do Maranhão, através da pessoa de V. Exª e dos Senadores Epitacio Cafeteira e Bello Parga. Ressalte-se, aqui, inclusive, a nobre iniciativa do Senador Cafeteira de publicar recentemente uma obra sobre a arquitetura de São Luís. Nós também entendemos que a preservação da nossa história, dos nossos costumes, das nossas tradições e de tudo aquilo que traduz a vida, os sentimentos e a luta dos povos é fundamental. No Rio Grande do Sul, nós temos lutado incessantemente para manter vivo o espírito da nossa colonização, das nossas revoluções históricas, enfim das nossas ruínas, dos nossos monumentos, e sabemos que o Norte e o Nordeste brasileiros, que foram praticamente o berço da história do Brasil, são um palco nobre e profundamente gigantesco e maravilhoso do que é e do que foi a nossa História. Portanto, é fundamental que se ressalte esse feito, esse momento histórico, que é importante para a sociedade daquele Estado, para os seus representantes, para as suas autoridades, para sua Governadora - por que não? É importante que se ressalte, porque para nós é um grande orgulho ter a primeira mulher representando o governo de um Estado no Brasil - e para o seu povo, que soube honrar e, cada vez mais, vai se orgulhar das maravilhas históricas, arquitetônicas que preservam até hoje. Acreditamos que somente quando reconhecermos a experiência, o valor daqueles que fizeram a história, valorizando fatos, espaços e momentos significativos, pessoas que participaram desses aspectos como âncoras de estímulo ao que a História escreveu, teremos condições de continuar com expectativas e com um olhar em direção ao futuro, na certeza de que o presente que estamos construindo será importante para as gerações que virão. Os cumprimentos do Rio Grande do Sul, os meus cumprimentos, em especial, como educadora deste País, na certeza de que educação e cultura caminham juntas. Essa decisão da UNESCO é também motivo de orgulho e de satisfação para todo o Brasil. Muito obrigada.

O SR. EDISON LOBÃO - É motivo de orgulho para nós, maranhenses, a solidariedade do povo gaúcho que nos chega pela palavra ilustre da Senadora Emilia Fernandes. Muito obrigado.

O Sr. Joel de Hollanda - Permite-me um aparte, Senador?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouço o eminente Senador Joel de Hollanda.

O Sr. Joel de Hollanda - Nobre Senador Edison Lobão, posso imaginar a alegria que V. Exª está sentindo, como de resto todos os seus companheiros de Bancada nesta Casa, o Presidente José Sarney, o Senador Bello Parga, o Senador Epitacio Cafeteira, por essa grande conquista do povo maranhense de ter reconhecida, pela UNESCO, São Luís, Capital, como uma Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. E posso imaginar porque também um dia senti essa mesma alegria quando, depois de esforços enormes, a nossa querida Olinda foi reconhecida como Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Foi um esforço extremamente importante que nós desenvolvemos, toda a Bancada, liderada sobretudo pelo então Senador Marco Maciel, que possibilitou essa grande conquista que veio mudar definitivamente a vida da cidade de Olinda. Hoje Pernambuco se orgulha de sua Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Olinda vem crescendo e se desenvolvendo e está buscando a preservação, cada vez maior, desse patrimônio, atraindo turistas, enfim, influindo decisivamente na vida cultural e econômica de Pernambuco. Portanto, quero me associar às alegrias do povo maranhense e exaltar que o trabalho do Presidente José Sarney, na luta para esse reconhecimento, de V. Exª, que sempre, como Governador e como Parlamentar, lutou por essa conquista, do Senador Bello Parga, do Senador Epitacio Cafeteira e por que não lembrar do nosso querido Alexandre Costa, que foi um soldado ao lado de todos os que trabalharam para a viabilização dessa grande conquista. Portanto, está de parabéns V. Exª, está de parabéns o povo maranhense e, sobretudo, está de parabéns o povo brasileiro e a Nação brasileira, que agora passa a contar com mais uma Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, em reconhecimento ao nosso passado, à nossa cultura e à nossa História. Muito obrigado.

O SR. EDISON LOBÃO - Por ter sido Pernambuco o Estado precursor nessa conquista, sabe muito bem V.Exª avaliar o grau do contentamento que nós, maranhenses, estamos sentindo com a inclusão de São Luís entre o patrimônio histórico da humanidade. Muito obrigado pelo aparte de V. Exª.

A Srª Marluce Pinto - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouça a eminente Senadora Marluce Pinto.

A Srª Marluce Pinto - Senador Edison Lobão, solidarizo-me também com a alegria dos maranhenses, principalmente com V. Exª, que hoje se encontra nesta tribuna fazendo um discurso tão brilhante em homenagem à sua terra natal. Temos muitos maranhenses em nosso Estado. Foi com a participação dos maranhenses que saíram de sua terra natal e migraram para Roraima que hoje temos o ex-Território transformado em Estado, em decorrência da população que foi aumentada, em decorrência também daqueles colonos que ali se estabeleceram e que, através do seu trabalho, cooperam para o progresso daquele Estado. Em nome de cada colono maranhense que hoje se encontra no Estado de Roraima, tendo aquele Estado como sua segunda terra, parabenizo V. Exªs, políticos do Maranhão, pelo prêmio bastante justo concedido pela UNESCO, concedendo àquela bela cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Tive a felicidade, há muitos e muitos anos, antes de ser política, quando era empresária, de ir ao seu Estado, a serviço da minha empresa. Acompanhei o trabalho do nosso querido Senador José Sarney, quando era Governador, pavimentando aquelas estradas. Esse testemunho eu posso dar sobre o ex-Governador José Sarney, porque a minha empresa era daquele ramo, fornecendo e transportando asfalto para as Regiões Norte e Nordeste do País. Naquela época, mantínhamos quase três mil toneladas/mês e não existia a Petrobrás Distribuidora, só o monopólio - as empresas particulares ganhavam as concorrências. Foi através da administração do Senador José Sarney que o Maranhão teve suas estradas asfaltadas, e tenho certeza que V. Exª também contribuiu para as novas que surgiram. Conheço aquela cidade linda, histórica, e acredito que não só o povo maranhense, mas todo o povo brasileiro, hoje, sente-se honrado por mais esse título concedido ao Estado do Maranhão.

O SR. EDISON LOBÃO - Agradeço a V. Exª o honroso aparte. V. Exª que representa tão bem e legitimamente os maranhenses que vivem naquela terra, em Roraima, tão querida de nós todos brasileiros.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recordo o primeiro passo para o reconhecimento dessa grande riqueza que é São Luís. O então Governador Sebastião Archer e o Senador Victorino Freire conseguiram, junto ao Presidente General Eurico Gaspar Dutra, que São Luís e Alcântara fossem inscritas, em 1946, no Patrimônio Histórico Nacional.

Em seguida, coube ao então Governador José Sarney defender pela primeira vez que a UNESCO, instituição mundial dos monumentos da humanidade, se interessasse pela cidade e examinasse a possibilidade de cooperação e inscrição de São Luís como um patrimônio da humanidade. Foi então nomeada a comissão de alto nível, presidida pelo especialista mundial da UNESCO para a área do mundo português, o Sr. Viana de Lima, que, em mais de 500 páginas, fez um relatório positivo sobre a cidade de São Luís.

A Administração José Sarney, estimulada pelos importantes passos dados em relação ao futuro de São Luís, adquiriu os primeiros prédios na Praia Grande, ali instalando repartições públicas, a exemplo do modelo francês, de ocupação de prédios históricos.

O Governo José Sarney, sob as mesmas inspirações, criou o Museu Histórico e, construindo a Ponte de São Francisco e a Barragem do Bacanga, proporcionou a expansão periférica da cidade, evitando, assim, a natural deterioração da cidade velha pela crescente concentração populacional.

O período do Governador Pedro Neiva e do Prefeito Haroldo Tavares foi também de grande importância para a preservação de São Luís. Nessas administrações, concluiu-se o anel rodoviário e iniciaram-se os projetos de preservação. Criaram-se incentivos para os que preservassem as suas casas e, inclusive, decidiu-se manter os nomes tradicionais das ruas daquela cidade.

No governo João Castelo, deu-se prosseguimento ao Projeto Praia Grande, construi-se o Centro Odilo Costa Filho e várias outras medidas foram assumidas em favor da preservação e manutenção de sítios históricos.

No governo Epitacio Cafeteira, como S. Exª já registrou desta tribuna, prosseguiu-se nesta direção preservacionista, e aí devemos agradecer, de igual modo, à ajuda que, para tal fim, a Administração maranhense recebeu do Governo Federal.

Vejam V. Exªs, meus prezados pares, o quanto fizeram tantas Administrações do meu Estado para preservação e o aprimoramento das riquezas históricas de São Luís, todas elas refletindo as aspirações de um povo pela salvação do privilegiado legado recebido do passado.

Pessoalmente, enquanto governei o Estado - e já o disse desta tribuna -, fiz o que esteve nas minhas possibilidades para a preservação e o aprimoramento da nossa capital. No meu discurso anterior, já enumerei algumas das obras realizadas. Agora, tomando conhecimento do importante relatório preparado pelo "International Council on Monuments and Sites"(ICOMOS) - cuja transcrição vou solicitar integre esta minha fala -, observo que os especialistas da UNESCO destacam o que foi feito na minha administração, ressaltando especialmente:

"...a restauração do teatro Arthur Azevedo, construído em 1816 e segundo mais antigo do Brasil, que estava num Estado ruinoso...,"

"... a restauração e conversão em um centro educacional da imponente Fábrica do Rio Anil, o mais importante edifício industrial do século 19 construído na cidade..."

Devo dizer, por dever de justiça, que este importante Centro de Ensino, compondo o patrimônio histórico de São Luís, foi objeto da inspiração de minha mulher Nice Lobão. A ela, como governador, devo a lembrança e a luta em favor daquela que se tornou a maior e a melhor escola do Maranhão e talvez do Brasil Foi graças à sua persistência que se tornou possível a decisão de transformar uma velha fábrica, mais que centenária, na moderna escola agora mencionada, junto com o teatro Arthur Azevedo, pela UNESCO.

Ainda quando Governador do Estado, fui a Paris para um contato com os diretores da UNESCO e o Embaixador do Brasil junto àquela instituição. Encareci, naquela ocasião, fossem acelerados os estudos finais com vistas à inclusão de São Luís no acervo do patrimônio da humanidade.

Agora, neste último período sob a liderança da Governadora Roseana Sarney, há dois anos retomou-se o processo da UNESCO. Junto com Frederico Mayor, diretor do órgão, a Governadora conquistou o apoio das maiores autoridades da instituição para a reativação do pedido anterior. Constituiu-se, na França, uma comissão de acompanhamento e apoio, que agilizou o processo, assumindo compromissos, em nome do Maranhão, de manutenção do conjunto de São Luís.

O longo processo, Sr. Presidente, está, portanto, chegando ao seu final.

A quem agradecer?

À UNESCO, talvez em primeiro lugar, que, atendendo às gestões da Governadora Roseana Sarney, demonstra sensibilidade ao reconhecer o valor histórico da nossa bela capital.

Mas, de igual modo e por inteira justiça, agradecer a todos que, ao longo do tempo, construíram a cidade - desde o engenheiro Frias que a traçou -, agradecer aos que fizeram os sobradões, aos que idealizaram a arte decorativa e refrescante dos seus azulejos, às tantas gerações de artesãos que brindaram o Brasil com essa jóia arquitetônica patrimônio do mundo civilizado.

A Srª Marina Silva - V. Exª me permite um aparte?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouço V. Exª com prazer.

A Srª Marina Silva - Senador Edison Lobão, gostaria de parabenizar o povo maranhense na pessoa de V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Geraldo Melo) - Senadora Marina Silva, peço desculpas por interromper V. Exª, mas gostaria de informar ao Senador Edison Lobão que o seu tempo já está esgotado há sete minutos. A Mesa terá o maior prazer em que V. Exª faça a sua intervenção como também qualquer outro Sr. Senador. Mas era preciso fazer esse registro.

O SR. EDISON LOBÃO - Concluirei, Sr. Presidente, dentro de dois ou três minutos. Muito obrigado.

A Srª Marina Silva - Serei mais breve ainda, Sr. Presidente. Como professora secundária de História, sempre ensinei aos meus alunos que, nas diferentes formas de manifestação da cultura de uma civilização, consegue-se passar para as futuras o seu espírito. O patrimônio arquitetônico da cidade de São Luís é, com certeza, umas das formas de revelar o espírito do que foi a cultura do nosso povo, todas as suas contradições, a sua opulência, os seus sacrifícios para as gerações do futuro. Então, é com esse espírito que parabenizo V. Exª e o povo do Maranhão por esse reconhecimento merecido do patrimônio histórico do Brasil, que, felizmente, está situado no Estado de V. Exª. Parabéns!

O SR. EDISON LOBÃO - Nobre Senadora Marina Silva, já conhecia a sensibilidade de V. Exª para questões dessa natureza. Por isso mesmo, agradeço, sensibilizado, o aparte que faz ao nosso discurso, que incorporo, com todo prazer, como uma peça que haverá de honrar também o povo maranhense.

O Sr. Romero Jucá - V. Exª me permite um aparte?

O SR. EDISON LOBÃO - Ouço, com muito prazer, o nobre Senador Romero Jucá.

O Sr. Romero Jucá - Senador Edison Lobão, serei rápido. Gostaria de registrar também a nossa satisfação com relação a essa homenagem prestada ao povo do Maranhão, que está não só naquele Estado, mas espalhado por todo o País, construindo o desenvolvimento do nosso País, inclusive no nosso Estado de Roraima. Considero da maior importância essa elevação de São Luís, porque isso demonstra, inclusive em nível internacional, a preocupação do Brasil e o crescimento do País na questão da preservação histórica. Se queremos ampliar o turismo interno, e até o turismo de atração externa do nosso País, sem dúvida, o caminho é a preservação cultural e histórica, e o Maranhão dá uma demonstração importante ao Brasil de como se trabalha. Parabenizo V. Exª, a Governadora Roseana Sarney e os políticos do Maranhão por mais essa vitória.

O SR. EDISON LOBÃO - Muito obrigado, Senador Romero Jucá, por sua solidariedade.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que precisamos agradecer em especial ao povo, que ama sua cidade e dela tem todos os motivos para se orgulhar.

Essas as razões que desejo acrescentar ao meu primeiro discurso, homenageando as personalidades que não podem ser esquecidas nos registros históricos da cidade de São Luís do Maranhão e pedir que constem, Sr. Presidente, deste meu pronunciamento os documentos que anexo e dou por lidos.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/07/1997 - Página 13892