Discurso no Senado Federal

170 ANOS DE INSTALAÇÃO DOS CURSOS JURIDICOS NO BRASIL, TRANSCORRIDO NO ULTIMO DIA 11. CAMPANHA DE DESARMAMENTO DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO, LANÇADA POR ESTUDANTES PAULISTAS, MEMBROS DO CENTRO ACADEMICO ONZE DE AGOSTO, DA USP.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • 170 ANOS DE INSTALAÇÃO DOS CURSOS JURIDICOS NO BRASIL, TRANSCORRIDO NO ULTIMO DIA 11. CAMPANHA DE DESARMAMENTO DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO, LANÇADA POR ESTUDANTES PAULISTAS, MEMBROS DO CENTRO ACADEMICO ONZE DE AGOSTO, DA USP.
Aparteantes
Bernardo Cabral.
Publicação
Publicação no DSF de 14/08/1997 - Página 16194
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, LANÇAMENTO, CAMPANHA, DESARMAMENTO, POPULAÇÃO, INICIATIVA, ESTUDANTE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), OPORTUNIDADE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, INSTALAÇÃO, CURSO JURIDICO, BRASIL.

O SR. ROMEU TUMA (PFL-SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia 11 de agosto é um dia importantíssimo para aqueles que resolveram seguir a carreira do Direito. É o dia em que se comemora o 170º ano de instalação dos cursos jurídicos no Brasil.

Para alegria e surpresa nossa, Senador Bernardo Cabral, os estudantes paulistas, membros do Centro Acadêmico Onze de Agosto, resolveram festejar de uma forma diferente e importante para a sociedade brasileira: iniciaram uma campanha de desarmamento da população. É a união do povo contra o uso de armas de fogo.

O seu lançamento contou com o apoio e o incentivo de cidadãos que ocupam posição de destaque na vida pública brasileira, pessoas normalmente muito ocupadas, mas que aceitaram participar da campanha para também se unir àqueles que não se envergonham de dizer: "eu sou da paz".

A adesão vem de vários segmentos da sociedade que querem dar um basta a essa violência gratuita. Personalidades como o nosso arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel, Jô Soares, Daniela Mercury, Débora Bloch, Caetano Veloso, Marcelo Negrão, Ana Paula, Hebe Camargo e muitos outros já estão participando da campanha, posando para a confecção de outdoors e cartazes, além do Centro Acadêmico Onze de Agosto, da USP, a União Nacional dos Estudantes, União Estadual dos Estudantes Secundaristas e União Paulista de Estudantes Secundaristas.

A iniciativa dos estudantes merece nossa admiração e o decidido apoio, especialmente desta Casa, onde recentemente foi aprovada legislação criminalizando o porte e o uso não autorizados de armas. Tal iniciativa não deve ficar restrita a São Paulo. Esperamos que mais estudantes sigam o exemplo de seus colegas paulistas e empunhem a bandeira da paz. Esperamos que o exemplo paulista se irradie para outros grandes centros urbanos, onde o problema do uso indiscriminado de armas de fogo encontra suas vítimas quase todos os dias.

O fenômeno da bala perdida se generalizou a tal ponto que as pessoas saem de casa e não sabem se voltarão incólumes. Os depoimentos de vítimas das balas perdidas, quando conseguem escapar com vida, ou de famílias enlutadas, são relatos dramáticos. Muitos são jovens, que carregarão por toda a vida a marca da violência desmedida. Afinal, as pesquisas oficiais indicam que 70% das mortes de jovens entre 16 e 24 anos são causadas por homicídios com armas de fogo e que, em cada 16 pessoas que se defendem de assaltos com o uso de arma, 15 acabam mortas ou feridas. É um índice alarmante e terrível.

Na solenidade de lançamento, por exemplo, estavam presentes Bya Aidar, que há dois anos namorava o médico Milton Jacob Bechara, de 38 anos, que morreu com um tiro no rosto dentro do seu carro, quando passava por uma rua do bairro do Ibirapuera. Lembro que era um grande médico do Instituto do Coração, em São Paulo. Estava presente também Norma Elias, mãe de Paulo Sérgio Elias Costabile, também lá presente, que morreu com um tiro na cabeça no dia 15 de fevereiro, após sair de uma partida entre o Corinthians e Palmeiras. Ninguém está livre de ser a próxima vítima, a não ser que se promova o urgente desarmamento da população.

O Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil de São Paulo, revela, por exemplo, que a quase totalidade dos homicídios na capital é cometida com armas de fogo. Em nada nos orgulha ostentar o título de "líder de casos de mortes por armas de fogo" entre os 46 países investigados por uma pesquisa da ONU, divulgada em maio deste ano. Os números são impressionantes. Acontecem no País 26,97 mortes para 100 mil pessoas por ano.

O Sr. Bernardo Cabral - Senador Romeu Tuma, como não cabe aparte, peço a V. Exª que não fale só em seu nome pessoal. Autorizo-lhe também a falar em meu nome, o que muito me honra.

O SR. ROMEU TUMA - Agradeço a V. Exª, que é um profundo conhecedor, inclusive por ter passado à frente do Ministério da Justiça, quando pôde, de perto, verificar esses números e trabalhar para que eles fossem reduzidos.

Creio ser desnecessário afirmar que os estudantes, responsáveis pela campanha, também contam com minha total e irrestrita adesão, do Senador Bernardo Cabral e acredito que de toda esta Casa. Adesão como cidadão, como pai, como policial e como Senador da República.

Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a campanha pelo desarmamento, cujo lema é "eu sou da paz" merece nosso aplauso. Seu objetivo maior é conscientizar a população sobre os riscos de se manter um arma em casa ou no carro. Vamos torcer para que no dia 11 de setembro, no Largo de São Francisco, a destruição de armas espontaneamente recolhidas durante a campanha se transforme num grande ato público da cidadania em todo o País.

Orgulho-me de testemunhar a iniciativa de nossos estudantes e espero que o exemplo contagie todos os brasileiros.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/08/1997 - Página 16194