Discurso no Senado Federal

REGISTRANDO EDITORIAL DE OPINIÃO DA FOLHA DE S.PAULO DE HOJE, DE AUTORIA DO JORNALISTA FERNANDO RODRIGUES, INTITULADO: 'NEGOCIATAS NA DIVIDA EXTERNA'.

Autor
Roberto Requião (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Roberto Requião de Mello e Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • REGISTRANDO EDITORIAL DE OPINIÃO DA FOLHA DE S.PAULO DE HOJE, DE AUTORIA DO JORNALISTA FERNANDO RODRIGUES, INTITULADO: 'NEGOCIATAS NA DIVIDA EXTERNA'.
Publicação
Publicação no DSF de 18/07/1996 - Página 12281
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, FERNANDO RODRIGUES, JORNALISTA, REFERENCIA, PEDIDO, GOVERNO FEDERAL, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), EMISSÃO, BONUS, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA EXTERNA, BRASIL.

O SR. ROBERTO REQUIÃO - (PMDB-PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a minha comunicação será breve e servirá para registrar um editorial de opinião da Folha de S.Paulo, de autoria do jornalista Fernando Rodrigues, que deve ser objeto de reflexão dos Srs. Senadores, porque diz respeito ao pedido do Governo Federal para emitir bônus e realinhar o perfil da dívida brasileira.

O título do artigo é : Negociatas na dívida externa. O texto é o seguinte:

      "Brasília - Está ficando esquisita essa pressão do Banco Central sobre o Senado para que seja aprovada uma proposta de reestruturação da dívida externa brasileira.

      O BC quer trocar parte dos atuais títulos da dívida. Alega que o país terá vantagens nessa operação. Há opiniões controversas a respeito.

      A idéia é retirar do mercado um papel pelo qual o país paga, em média, 5,91% de juros ao ano. No lugar, os bancos receberiam um título que renderia 13% anuais - de acordo com um exemplo preparado pelo BC.

      Uma vantagem seria reduzir a dívida. O país retiraria do mercado os atuais papéis por um preço menor do que o acordado na época da emissão. Além disso, o governo brasileiro poderia resgatar o dinheiro que imobilizou como garantia dos bônus atuais.

      Apesar das dúvidas sobre a vantagem do negócio, há consenso sobre uma coisa: quando se mexe na dívida externa, muito dinheiro muda de lugar. O BC e seus diretores também sabem disso.

      Por exemplo, o portador de papéis de dívida externa vai lucrar se algum dia ocorrer a tal troca pretendida por Gustavo Franco, o Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. A simples notícia de que a operação será realizada fará disparar a cotação do papel.

      O Banco Central teve uma amostra dessa variação de preço recentemente. Ordenou que o Banco Econômico comprasse US$ 1,7 bilhão em bônus ao par, um dos papéis da dívida externa.

      A parte podre do Econômico, sob intervenção do Banco Central, não teve escolha. Comprou o tal bônus ao par, cujo preço no mercado secundário neste ano variou de 49% a 58,75% do valor de face. Ninguém sabe quanto o Econômico pagou.

      Curiosamente, a operação do Econômico, já realizada, é de valor quase idêntico a uma proposta de troca de bônus ao par enviada pelo Banco Central aos Senadores.

      Só para registro: o preço dos bônus ao par tem subido nos últimos tempos.

É um alerta feito pelo editorialista da Folha de S. Paulo que deve ser levado em consideração.

Apresentei hoje à Comissão de Assuntos Econômicos o meu relatório e o meu parecer. Um relatório caipira e provinciano, Sr. Presidente, preocupado não com o mercado, mas com o País, um relatório que pretende defender os interesses do Brasil, e não dos bancos portadores e do mercado, um relatório recheado de cautelas, autorizando a negociação, mas criando instrumentos de controle para que o Senado acompanhe com a devida velocidade, e que o Brasil não venha a perder nem um único real com esta negociação.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/07/1996 - Página 12281