O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não desejei, em nenhum momento, fazer qualquer crítica, no aparte com que fui brindado pelo Senador Jefferson Péres, ao Governo do eminente Senador Epitacio Cafeteira. Não tive nenhuma intenção de examinar o Governo de S. Exª. Falei exclusivamente sobre a Polícia Militar do Estado, que, como disse também o Senador Jefferson Péres, não foi fundada por Epitacio Cafeteira: ela vem do início da fundação do Estado. Portanto, as suas qualidades - e são muitas - e os seus defeitos, ela os construiu ao longo dos anos.

Mas não posso deixar de acrescentar, agora, alguns dados para o conhecimento do nobre Senador Epitacio Cafeteira, se S. Exª não sabe. De fato, a Polícia tinha graves deformações, e foi dito pela Inspetoria-Geral do Exército ao Governador do Estado, a mim, uma das quais, nobre Senador Epitacio Cafeteira, que, num quadro que prevê nove coronéis, a Polícia Militar tinha 17. Recebi a Polícia Militar com esses 17 coronéis, ou seja, com o dobro da lotação estipulada para o quadro. Isso já configura uma desordem administrativa da Polícia. Ora, como, num quadro de nove coronéis, há 17 deles? O quadro de tenentes-coronéis era de 18, e havia 35 deles na ativa. Será que se quer desordem maior do que essa para a administração de uma Polícia?

Vou informar outro dado ao Senador Cafeteira, que talvez não o saiba: 24 horas antes de minha posse no Governo do Estado, decidi nomear um coronel do Exército para Comandante da Polícia Militar, exatamente para promover um saneamento dentro dessa Companhia e corrigir o que estava errado. Recebi, então, a visita de todos os coronéis da Polícia, dizendo que não dariam posse ao coronel do Exército. Um gesto de indisciplina, portanto, numa Polícia Militar; e o Senador Cafeteira diz que nunca houve nenhuma atitude dessa natureza no Maranhão.

Eu disse aos coronéis que estavam dispensados, que eu não necessitava da autorização deles para nomear o Comando da Polícia e que, se eles insistissem, eu chamaria o Exército para fazer uma intervenção na Polícia Militar. Daí a duas horas, voltaram os coronéis para dizer ao Governador eleito que já aceitariam o Comandante do Exército. Mandei dizer a eles que eu não necessitava do aval deles para nomear o coronel do Exército como Comandante da Polícia, pois a Constituição me assegurava esse direito.

Esse foi um episódio que antecedeu a minha posse. Daí por diante, foram expulsos da Polícia Militar algo em torno de 5% do seu efetivo! E fomos, ao longo do tempo, reduzindo o número de coronéis na ativa para o compatibilizarmos com o que estava estabelecido na lei. Portanto, havia desordem na Polícia Militar.

Ao final do meu governo, a Inspetoria do Exército considerou a Polícia em muito boas condições. Hoje, ela está prestando os melhores serviços ao Estado.

Sou um defensor permanente da Polícia Militar do Maranhão, e ninguém vai me intrigar com a polícia do meu Estado. Ela presta relevantes serviços, por isso, defendo sua permanência. Tenho dito isso publicamente. Às vezes, não é simpático defender a Polícia, mas eu a defendo; e não apenas a do Maranhão, mas a do Brasil inteiro. Ai da sociedade brasileira sem a presença da polícia!

Prestigiei a Polícia de todos os modos que pude, uma corporação que, à época, não tinha sequer uniforme. Certa vez, no começo do governo, recebi um Ministro de Estado. Durante a revista à tropa, no aeroporto, tive a tristeza de verificar que os uniformes dos policiais praticamente não existiam mais. Tivemos de reconstituí-los. Havia dificuldades imensas.

Não estou culpando o Governo do Senador Cafeteira quanto a isso. A polícia vem, há muito tempo, sofrendo deformações que foram sendo acumuladas. Mas o fato é que hoje ela está ombreada entre as melhores do País, para a nossa honra.

Muito obrigado, Sr. Presidente.