Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM A ABERTURA DA SEMANA NACIONAL DO JOVEM, CRIADA PELA LEI 8.680, DE 13 DE JULHO DE 1993, E AO INSTITUTO INTERNACIONAL DA JUVENTUDE PARA O DESENVOLVIMENTO

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM A ABERTURA DA SEMANA NACIONAL DO JOVEM, CRIADA PELA LEI 8.680, DE 13 DE JULHO DE 1993, E AO INSTITUTO INTERNACIONAL DA JUVENTUDE PARA O DESENVOLVIMENTO
Publicação
Publicação no DSF de 24/09/1997 - Página 19763
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ABERTURA, SEMANA, JUVENTUDE.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, PRIORIDADE, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, SAUDE, TRABALHO, VALORIZAÇÃO, JUVENTUDE, PAIS.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB-PB. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, assomo a esta tribuna na tarde de hoje para juntar-me aos oradores que me antecederam na grata tarefa de homenagear a juventude brasileira por ocasião da Semana Nacional do Jovem, instituída pela Lei nº 8.680, de 13 de julho de 1993.

Desde a organização dos primeiros Estados modernos, filósofos, pensadores, políticos, intelectuais, gente do povo, o senso comum, enfim, são unânimes em propagar que nos jovens reside o futuro das nações.

Falar da importância da valorização da juventude de um país enquanto realização de presente e promessa de futuro presume a compreensão da importância prioritária de investimentos em educação, saúde e trabalho.

Nas quatro últimas décadas, o mundo tem experimentado mudanças extraordinárias cujas velocidade e intensidade não encontram paralelo em nenhum período anterior da História do Homem.

Nesse contexto, pais atônitos, jovens confusos e poder público muitas vezes indiferente, para dizer o mínimo, são obrigados a lidar com questões novas, num quadro de problemas emergentes que nem sempre encontram respostas adequadas face a anseios que extrapolam o âmbito do lar, da escola e da vizinhança.

Assim, a necessidade de respostas apropriadas à imensa energia criativa inerente a jovens e adolescentes se configura como preocupação generalizada, tanto em países do Primeiro quanto do Terceiro Mundo.

Se naqueles grande parte dos temores e problemas relacionados à juventude decorrem de uma confortável estrutura de renda familiar e de uma cultura de massa privilegiadora do supérfluo, nestes, nos países do Terceiro Mundo, o desemprego dos pais, a insegurança, o limitado e mesmo quase impossível acesso aos serviços de saúde e educação, o trabalho precoce, a prematura convivência com as desigualdades e com a violência servem para forjar um quadro quase sempre desalentador, onde a falta de perspectiva parece ser a tônica comum.

Nesse mundo em processo veloz de mudança, muitos valores que marcavam fortemente os rituais de passagem da infância para a adolescência e da adolescência para a idade adulta foram abandonados pelas famílias ao longo da caminhada, assim como as tribos o fizeram quando a estrutura tribal cedeu lugar às cidades tais como as conhecemos hoje.

Gosto de me lembrar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de um rito de passagem cuja celebração era alegremente comemorada em todos os lares do interior da Paraíba, povoada pela minha infância: quando o jovem do sexo masculino adentrava à puberdade, costumava receber do pai, ou do padrinho, um aparelho de barbear, não desses descartáveis que se usa hoje, mas um daqueles antigos, feitos para durar a vida inteira.

Era uma espécie de sinal: "Agora você já é homem, tem barba na cara". E esse momento era verdadeiramente o início de um novo caminho a trilhar, onde responsabilidades novas eram assumidas em direção a um futuro que todos queriam que fosse risonho.

Infelizmente, ritos como esse e tantos outros, que respaldavam as relações familiares e conferiam significância aos referenciais de que tanto necessitamos, foram progressivamente abandonados e substituídos por bens e valores igualmente descartáveis, conforme convém à sociedade moderna, que chega às raias do absurdo de ver o próprio homem, muitas vezes, como igualmente descartável.

Na raiz, a razão primeira da falta de perspectiva é a falta de amor e a solidão que ela gera. Amor das famílias, amor da vizinhança e, principalmente, ausência de um olhar amoroso do Estado e dos seus dirigentes quando abordam as questões concernentes aos jovens.

Desse modo, entendo ser extremamente feliz a iniciativa de se dedicar às comemorações da Semana Nacional do Jovem os últimos dias do mês de setembro, justamente quando comemoramos a data nacional e os valores pátrios e de cidadania são reafirmados em toda a sua plenitude.

Como feliz pai de três jovens, Rodrigo, Diego e Fabrício, que lutam e sonham os sonhos de seu tempo e de sua geração, e como educador, muitas vezes investido das funções de pai postiço de uma legião de estudantes, ávidos por melhor compreender o presente e redirecionar o futuro, não hesito em reafirmar a atualidade do grito popularizado por jovens de todo o mundo, na década de 60, através da canção All We Need Is Love, celebrizada pelos Beatles: Tudo O Que Precisamos é Amor .

Esse o apelo atemporal que eles nos fazem todos os dias e que precisamos escutar com nossas almas e partilhar com os nossos corações.

E mais, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao finalizar essa profissão de fé nos jovens do Brasil, permito-me tomar emprestado um trecho da belíssima canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, que serviu de hino à campanha das "Diretas Já", para concluir que basta Se Cuidar do Broto Prá Que a Vida Nos Dê flores... E Frutos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/09/1997 - Página 19763