Discurso no Senado Federal

DESCUMPRIMENTO DA PROMESSA DO GOVERNO FEDERAL NA LIBERAÇÃO DE 12 BILHÕES DE REAIS PARA O FINANCIAMENTO DA SAFRA AGRICOLA DE 1997, DESTACANDO, COMO EXEMPLO, AS GRAVES CONSEQUENCIAS ADVINDAS A CULTURA DO ALGODÃO NO MATO GROSSO.

Autor
Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA.:
  • DESCUMPRIMENTO DA PROMESSA DO GOVERNO FEDERAL NA LIBERAÇÃO DE 12 BILHÕES DE REAIS PARA O FINANCIAMENTO DA SAFRA AGRICOLA DE 1997, DESTACANDO, COMO EXEMPLO, AS GRAVES CONSEQUENCIAS ADVINDAS A CULTURA DO ALGODÃO NO MATO GROSSO.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/1997 - Página 20117
Assunto
Outros > AGRICULTURA.
Indexação
  • NECESSIDADE, ESCLARECIMENTOS, GOVERNO FEDERAL, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, LIBERAÇÃO, RECURSOS FINANCEIROS, FINANCIAMENTO, SAFRA, AGRICULTURA.

         O SR.CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o primeiro ano do Plano Real foi um ano infeliz para a agricultura. O setor agrícola passou, então, a sofrer pesadas dificuldades. Todos lembramos a grave crise de endividamento que se abateu sobre o campo brasileiro, naquela ocasião. Crise tão grave, que passou a constituir-se em obstáculo macroeconômico ao Plano Real, chamando, afinal, a atenção dos seus gestores para a importância da agricultura.

         Deu mostras, então, o núcleo econômico do Governo de que despertara para o papel fundamental de uma agricultura sadia e produtiva na economia e na vida do País: seu peso no PIB, sua participação nas exportações, sua influência na estabilidade dos preços, seus benefícios na criação de empregos e na distribuição demográfica.

         Chegamos a 1997, otimistas, constatando os novos e bons ares de entendimento entre o Governo e o setor agrícola. A política governamental para o setor aparentou, este ano, estar no rumo certo, apesar do muito que resta a ajustar e melhorar.

         Entre os sinais positivos, surgiu a promessa do Governo de que, desta vez, este ano, financiaria a agricultura com recursos suficientes e a tempo de atender o cronograma de plantio. O Governo anunciou que liberaria, para financiar o campo, nesta safra, 12 bilhões de reais. Valor que ainda não é o ideal para um setor agrícola como o nosso, dinâmico, com grande potencial de crescimento. Mas é um volume de recursos que, se efetivamente aplicado, e no "timing" correto, já pode ser visto como uma sinalização para o produtor rural de que sua atividade é levada a sério pelos governantes federais. 

         Infelizmente, surgem notícias, de extrema gravidade, de que o Governo, mais uma vez, não está cumprindo a sua promessa. O financiamento de custeio de safra, os 12 bilhões de reais, não estão fluindo, nem em volume suficiente, nem em tempo hábil. O setor agrícola começa a duvidar dos 12 bilhões de reais; o setor agrícola sente que o chão está a lhe fugir; o setor agrícola começa a enfrentar prejuízos concretos.

         Em Mato Grosso, já são grandes os prejuízos de culturas importantes, como a do algodão. No caso do algodão, a verdadeira punhalada pelas costas que significa a não-liberação de recursos é duplamente dolorosa, pois justamente essa cultura vem sendo estimulada pelo Governo Estadual. Imaginem a situação do agricultor que, estimulado pelo Governo Estadual e pelas promessas do Governo Federal, programou-se para plantar algodão, e agora dinheiro não há!

         A cada dia que passa sem que os financiamentos prometidos sejam liberados, vão sendo frustradas as previsões de safra: no Mato Grosso, certamente, e provavelmente também em outras regiões.

         Que está acontecendo, afinal? Será uma recaída do Governo em direção a uma infeliz política de desprezo à agricultura? Será um desentendimento entre áreas do Governo? Será um caso de gigantesca incompetência administrativa?

         O Governo deve explicações. O Governo deve providências. Nosso dever, Senhor Presidente, é denunciar e exigir. E lamentar profundamente que, em seu terceiro ano, este Governo ainda apresente falhas como essa.

         Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/09/1997 - Página 20117