SR. ALBINO BOAVENTURA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a sociedade brasileira vem sendo crescentemente dominada pelo clima de pânico. A violência assume índices intoleráveis no campo e nas cidades, preocupando o governo, a imprensa, as lideranças religiosas, os chefes de família e os trabalhadores. Todos nós nos sentimos impotentes diante dessa escalada, que tem muitas causas para poucos remédios.

É nessa atmosfera geral de perplexidade que o Ministro Íris Rezende começa a impor a sua liderança e a confirmar um estilo de ação que é amplamente conhecido dos goianos. Homem corajoso, dotado de uma determinação indomável, ele propôs ao país, com a aprovação do Presidente Fernando Henrique Cardoso, um mutirão nacional contra a violência, envolvendo todos os setores que possam contribuir para a redução das tensões sociais e restabelecer o clima de paz entre os brasileiros.

Deus haverá de inspirar o Ministro da Justiça nessa luta, como o tem inspirado em outras empreitadas em que foram exigidas todas as forças de suas energias pessoais. Obter o apoio e a participação de todos os segmentos da sociedade contra o contrabando e o tráfico de drogas e de armas é um dos grandes desafios a que se propõe Sua Excelência. Outra meta ministerial é a de garantir o cumprimento das decisões do Judiciário na reintegração de posse de propriedades invadidas. Para o Ministro, será impossível reduzir os conflitos e garantir a paz, sem que haja uma harmonização entre as demandas sociais e o cumprimento da lei.

Srªs e Srs. Senadores, coloco todas as minhas esperanças no esforço nacional que será coordenado pelo Ministro da Justiça. Ele é um homem público de grande poder de persuasão, e saberá sensibilizar a nossa sociedade para a campanha de desarmamento. Além disso, tem todas as condições para conduzir a recuperação da credibilidade de nossas instituições policiais, fortemente comprometida com a onda de crimes que tem envolvido a presença de policiais militares.

A gravidade da situação que estamos vivendo hoje foi traduzida pelas palavras de advertência do Presidente Fernando Henrique Cardoso, quando alertou para os riscos da desagregação social. A dimensão desse grande desafio mostra que não estamos diante de uma responsabilidade exclusiva do governo. Temos desigualdades sociais que estão nas raízes da violência urbana e rural, da prostituição infantil, da desnutrição e da falta de esperanças. É inegável que o atual governo tem consciência desses dramas e tem feito o possível para reduzir as dimensões desses problemas, revolucionando a educação e municipalizando as políticas de saúde. Mas são colheitas de longo prazo, num país dominado por emergências.

Creio que as competições individuais geradas pelos interesses mundanos estejam reduzindo a circulação da mensagem evangélica, que é a grande mensageira da paz. É necessário que todos nós tomemos consciência da palavra de Deus, para substituir o egoísmo pela solidariedade, ouvir e socorrer o irmão mais próximo, confortar os descrentes e mostrar os caminhos da redenção. Nossas igrejas evangélicas, por exemplo, têm mantido programas regulares de recuperação de dependentes de drogas. Lembro este fato apenas para demonstrar que todos os segmentos da sociedade podem e devem envolver-se numa tarefa que é do interesse de toda a Nação.

Encerro estas minhas palavras com um voto de esperança na grande missão que está sendo abraçada pelo Ministro Íris Rezende. Quero e desejo um país que deixe de cultivar o medo. Um país em que o povo possa viver e trabalhar em paz, em que haja mais amor pelos semelhantes, em que os jovens não se desviem de suas responsabilidades com o futuro, em que o espírito de família seja a referência mais forte de nossa organização social, e em que Deus seja o grande farol para a construção de uma sociedade de paz e de justiça.

Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado, Sr. Presidente.