Discurso no Senado Federal

DEFESA DA PRIORIZAÇÃO DO SETOR AGROPECUARIO NA POLITICA ECONOMICA DO GOVERNO FEDERAL.

Autor
Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
Nome completo: Ernandes Santos Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • DEFESA DA PRIORIZAÇÃO DO SETOR AGROPECUARIO NA POLITICA ECONOMICA DO GOVERNO FEDERAL.
Publicação
Publicação no DSF de 11/03/1998 - Página 3784
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • DEFESA, ADOÇÃO, GOVERNO, POLITICA, INCENTIVO, APOIO TECNICO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, FIXAÇÃO, AGRICULTOR, CAMPO, ZONA RURAL, GARANTIA, SUFICIENCIA, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, POPULAÇÃO, BRASIL.
  • SOLICITAÇÃO, ARLINDO PORTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), REVISÃO, CRITERIOS, COBRANÇA, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL (PIS), CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS), VIABILIDADE, PECUARIA, BRASIL.
  • CRITICA, POLITICA, FAVORECIMENTO, BANQUEIRO, COBRANÇA, EXCESSO, TAXAS, JUROS, PREJUIZO, PEQUENA EMPRESA, MEDIA EMPRESA, BRASIL.

           O SR. ERNANDES AMORIM (PPB-RO. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quando ouço os economistas do Governo, me vem a mente o saudoso Stanislau Ponte Preta, com o seu samba do crioulo doido.

           Conhecendo como eu a realidade brasileira, andando nas ruas, visitando as feiras, os mercados municipais e falando com quem sofre o efeito perverso da ditadura dos economistas, o Povo, fico com a nítida impressão, que esses doutores, ao serem levados para as Universidades americanas e européias, sofrem um processo de lavagem cerebral.

           Retornam para nosso País, e não conseguem se livrar de uma paranóia que lhes tomam a mente, de pensar como americanos ou europeus.

           Usam linguagens, creio que proposital, para confundirem a nossa população, usando jargões com nomes incompreensíveis para os não letrados na linguagem da tentativa de disfarçar o caos que é a economia brasileira.

           Eu, como a maioria da população do nosso país, quando das explicações dos economistas do governo, temos a sensação de que estamos vendo um filme de ficção científica ou um robô falando da realidade de um outro país.

           Tudo é contraditório, em nossa política econômica como entender uma política voltada para os banqueiros, que nada produzem, a não ser juros escorchantes, minando cada dia a economia dos pequenos e médios empresários.

           E, o que é mais grave, os banqueiros, não tem o menor compromisso com a classe produtiva, e em especial com a nossa agricultura e pecuária.

           Como entender uma política econômica que não privilegie a agricultura e a pecuária.

           Há poucos dias, o eminente Senador Jonas Pinheiro, pronunciou um dramático discurso em defesa da pecuária brasileira, que eu me permito acolher em toda a sua integridade.

           Todos sabemos que o Brasil, hoje é detentor de um rebanho bovino de 170 milhões de cabeças, gerando em torno de 8 milhões de empregos diretos, tendo exportado em 1996, 3 bilhões de dólares.

           E todo esse expressivo contigente da nossa economia se fortalece e se defende dos economistas, graças a garra, força e coragem do nosso homem do campo, que apesar de tudo, ainda consegue sobreviver.

           Como entender a insensibilidade dos nossos tributaristas, quando comprometem de forma aguda e letal uma cadeia produtiva, pela guerra fiscal entre os Estados e pela cobrança do ICMS, PIS, CONFINS e do FUNRURAL.

           Fato este que já gerou o afastamento de importantes grupos industriais, como a SADIA, CEVAL E CARGILL, da atividade de processamento de carne bovina, que produziu enormes problemas sociais, insegurança e incalculável prejuízos aos pecuaristas e comerciantes, agravados muito mais pela onda de milhares de desempregados no setor.

           Desta tribuna faço um apelo ao elevado espírito público do nosso colega, o eminente Senador Arlindo Porto, digno e competente Ministro da Agricultura, que com os seus colegas da área econômica, revejam os critérios de cobranças do ICMS, PIS E CONFINS.

           O Brasil precisa parar de ser um país do futuro, as nossas potencialidades, não nos permitem, viver a utopia, da manipulação e maquiagem dos nossos índices econômicos e das estatísticas.

           Podemos, e ai somente depende de nós, sermos a maior potência mundial em produção de alimentos, pois a alimentação é a mais nobre e insubstituível munição, capaz de arrasar a humanidade pela sua falta.

           Os brasileiros, pacíficos que são, não querem porta aviões, submarinos nucleares, mísseis e ogivas nucleares, queremos sim uma EMBRAPA, com um orçamento digno, pagamento de um salário justo aos seus pesquisadores, extensivos aos sistemas EMATER dos Estados.

           Precisamos de uma política de incentivos, apoio técnico e financeiro aos pequenos produtores rural, que nada tem, e que representa um expressivo contigente produtivo, precisamos manter o nosso agricultor no campo, evitando com isso aumentar a nossa triste estatística de marginalização do homem do campo e seus familiares.

           É preciso que os economistas do governo, acordem, desçam do seu pedestal de Doutor, e vejam a nossa realidade, sintam a verdadeira necessidade do nosso povo, que não querem ser alimentados com cesta básica da Comunidade Solidária, e sim com o produto do seu trabalho.

           É intolerável, manter um povo, com a barriga vazia, onde sua única expectativa de vida é uma cesta básica, doada pelo poderoso de plantão, que lhes tiram a dignidade, não lhes dando oportunidade de trabalho, para se suprir e aos seus familiares.

           Que país é este? Como bem indagou o nosso eminente Senador Francelino Pereira, que tira do trabalhador o que lhe é mais sagrado, o trabalho e a dignidade.

           Era o que eu tinha dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/03/1998 - Página 3784