Pronunciamento de Marina Silva em 14/11/1996
Discurso no Senado Federal
REGISTRANDO SUA SENSAÇÃO DE IMPOTENCIA, DIANTE DA OCULTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DO BANCO CENTRAL, RELATIVAS AO REQUERIMENTO DE AUTORIA DO SR.EDUARDO SUPLICY.
- Autor
- Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
MINISTERIO DA FAZENDA (MF), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.:
- REGISTRANDO SUA SENSAÇÃO DE IMPOTENCIA, DIANTE DA OCULTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DO BANCO CENTRAL, RELATIVAS AO REQUERIMENTO DE AUTORIA DO SR.EDUARDO SUPLICY.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/11/1996 - Página 18451
- Assunto
- Outros > MINISTERIO DA FAZENDA (MF), REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.
- Indexação
-
- FRUSTRAÇÃO, ORADOR, MANIPULAÇÃO, GOVERNO, FORNECIMENTO, INFORMAÇÃO, IMPORTANCIA, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
A SRA. MARINA SILVA (PT-AC. Para uma breve comunicação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, primeiro, quero registrar aqui a minha sensação de impotência, que se traduz na impotência de uma Instituição que tem como função cuidar do interesse público. Chega à Secretaria desta Casa um documento de suma importância para os interesses de um dos maiores municípios deste País; o documento é extraviado; a pessoa que desaparece com o documento, o faz de propósito; ficamos aqui aguardando que as pessoas tenham um mínimo de respeito pelas informações que são do interesse público, e é construído todo um ziguezague de fazer inveja à melhor costureira para, simplesmente, esconder da sociedade, da opinião pública, informações que devem ser muito poderosas e muito perigosas para o Sr. Celso Pitta. A única conclusão a que chego é de que esses dados realmente iriam demolir a candidatura do Sr. Celso Pitta, porque, do contrário, não se justificaria tanta ginástica, tanto ziguezague.
E por falar em ziguezague, ocorre-me aqui uma idéia de que, realmente, os setores do Banco Central têm grande interesse em evitar que essa informação chegue às mãos de V. Exª, que, como já falei anteriormente, é um obstinado pelo interesse público, pela transparência. Só posso aqui ser solidária com V. Exª, mas quero registrar a minha sensação de impotência. Já me senti muitas vezes impotente nesta Casa, e isso não é muito difícil, porque, afinal de contas, sou apenas uma Senadora do Acre, 38 anos, filha de um seringueiro, a qual obteve 64 mil votos num estado que tem apenas 500 mil habitantes e que não significa muita coisa no Produto Interno Bruto deste País. Então, para eu me sentir impotente é muito fácil.
Fico imaginando como V. Exª, com toda sua história e trabalho, com o que representa para São Paulo e como Senador do Brasil - para mim, V. Exª é Senador do Brasil -, deve estar se sentindo com tudo isso.
Já me senti - repito - muitas vezes impotente aqui. Hoje é a segunda vez que sinto isso com muita força; a primeira foi no dia em que se tentava criar a CPI dos Bancos e ouvi Senadores dizerem que não havia um fato determinado.
Sou formada em História e aprendi que há alguns critérios para que se diga que há um fato. Ali estavam as provas documentais, todos os elementos que provavam que era necessária uma CPI dos bancos. Simplesmente as pessoas decretaram que não havia fatos. Aqui se tem o poder da imaterialização das coisas, de fazer com que os fatos não aconteçam, de fazer com que as informações desapareçam, de fazer com que os documentos sejam escondidos.
Só posso dizer da minha frustração, da minha impotência e lamentar que isso tenha sido feito com o propósito de esconder uma informação que, com certeza, iria prejudicar a candidatura do Sr. Celso Pitta, que, parece-me, é também o candidato do Sr. Pedro Parente.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy) - Senadora Marina Silva, Senador Lauro Campos e Senador Áureo Melo, o Gabinete do Sr. Pedro Parente informou que ele está-se dirigindo ao Palácio do Planalto.
Eu os convido, se tiverem disposição, para irem comigo ao Palácio do Planalto neste instante a fim de que possamos falar com o Senhor Presidente da República, se for possível.
A SRª MARINA SILVA - V. Exª me permite?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy) - Pois não.
A SRª MARINA SILVA - Pelo visto, parece-me que agora a apresentação desse documento depende de uma autorização do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy) - Não, Sua Excelência já havia autorizado, pelo menos a mim.
A SRª MARINA SILVA - Então, é melhor que seja assim, porque dessa forma saberemos claramente quem foi que não permitiu que as informações chegassem à opinião pública; não é nem aos Senadores do PT, é à opinião pública.