Discurso no Senado Federal

HOMENAGENS DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.

Autor
Hugo Napoleão (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Hugo Napoleão do Rego Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGENS DE PESAR PELO FALECIMENTO DO SENADOR VILSON KLEINUBING.
Aparteantes
Josaphat Marinho.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/1998 - Página 14595
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VILSON KLEINUBING, SENADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI. Para encaminhar a votação) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria, em nome da Liderança do Partido da Frente Liberal, de solidarizar-me com o requerimento que estamos encaminhando à Mesa, de pesar pelo falecimento do nosso estimado amigo, colega e companheiro Vilson Kleinübing.

Devo dizer, Sr. Presidente, que fui submetido à mesma cirurgia de pulmão a que se submeteu o Senador Vilson Kleinübing. Foi nos idos de 1987, quando cheguei a esta Casa. Embora, no meu caso, felizmente o tumor não fosse maligno, mas benigno, senti, evidentemente, antes da cirurgia, todas as sensações que sentiu o Senador, quando não se sabe a natureza do tumor que se vai encontrar. Eu era Governador do meu querido Piauí, quando fiz um exame de raio X e apareceu uma mancha, que depois cresceu com o tempo. Felizmente, pude sobreviver - já se vão onze anos -, e infelizmente o tumor do Senador Vilson Kleinübing era maligno. Posso, portanto, afirmar que tive a mesma sensação que o Senador sentiu, pelo menos nos momentos que antecederam a cirurgia, que são extremamente delicados.

Conheci o Senador Vilson Kleinübing durante a sua campanha vitoriosa para o governo do glorioso Estado de Santa Catarina, no curso do ano de 1990. Eu era Presidente Nacional do meu PFL e viajei por todos os Estados onde tínhamos candidatos ao governo. Recordo-me, inclusive, que estive em Salvador, Bahia, quando a convenção do nosso Partido indicou o nome de V. Exª, Sr. Presidente, a candidato nesse grande Estado, felizmente eleito. Assim, fui a Blumenau e passei praticamente uma tarde conversando com Vilson Kleinübing. Desde cedo, pude perceber o grande espírito público, o grande amor à causa pública que lhe moviam os passos. Ele tinha esse acendrado amor à coisa pública e elevado espírito público que ostentava. Era uma coisa visível. Essa história de dizerem que as aparências enganam, não enganam não. Nós, homens já maduros pelo tempo, sabemos, com alguns minutos de conversa, quais são as características básicas das pessoas, se elas tendem a ter um bom ou mau caráter, se tendem à bondade ou à maldade. Tudo isso aparece como que num passe de mágica. E Vilson exalava - acho que essa seria a expressão correta -, para os outros o seu ideal de Brasil, o seu ideal de ver Santa Catarina um Estado organizado.

Considerei muito interessante o depoimento do eminente Senador Casildo Maldaner - que conheci quando era Governador de Santa Catarina, na ocasião em que lá estive como Ministro da Educação para assinatura de alguns convênios e inauguração de obras -, tendo em vista o fato de ter sido proferido sob a ótica de um adversário político estadual. S. Exª lhe rendeu as maiores e mais justas homenagens neste momento de dor por que todos nós passamos nesta Casa. Recordava, há pouco, o que afirmou o Senador Edison Lobão, que, na qualidade de Líder em exercício do PFL, foi a Santa Catarina, assim como V. Exª, Sr. Presidente, e o Presidente Nacional do nosso Partido, recém-eleito, Senador Jorge Bornhausen, também de Santa Catarina. Enfim, a Casa se fez representar pelos seus mais ilustres membros.

Como eu estava dizendo, durante toda a vida pública, Vilson Kleinübing passou para os outros a mesma sensação. Quem não se lembra de sua garra na CPI dos Precatórios? A preocupação na averiguação da verdade e a preocupação com o endividamento público? As várias conversas que ele trocou com o Ministro Malan e com o Dr. Pedro Parente - assistidas muitas delas pelo Líder do Governo, Senador Elcio Álvares, de quem era Vice-Líder -, das quais desincumbiu-se com uma oratória fluente, culta, cheia de vida e com muita personalidade? Os debates na Comissão dos Precatórios, que foram muito pontificados pela sua preocupação em espelhar a veracidade, em defender o Erário? Isso também se fazia muito nítido nas participações de Vilson Kleinübing na Comissão de Assuntos Econômicos: esse cuidado e acendrado amor à causa pública, marca indelével de sua passagem no Senado Federal.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI) - Pois não. Ouço, com muito prazer, o aparte de V. Exª, nobre Senador.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - Nobre Senador Hugo Napoleão, Líder da nossa Bancada, evidentemente V. Exª fala em nome de todos nós.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI) - Muito obrigado.

O Sr. Josaphat Marinho (PFL-BA) - E, quanto mim, a circunstância dispensa-me de falar. Quero apenas, com sua condescendência, deixar manifestado, por meio do seu discurso, o testemunho do meu respeito a Vilson Kleinübing, um homem de idéias que as defendia com destemor.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI) - Acolho, com a reverência de sempre, a precisa intervenção de V. Exª, nobre Senador Josaphat Marinho.

Sr. Presidente, eu dizia que ele tinha sido Prefeito de Blumenau, Deputado Federal, Governador de Santa Catarina e Senador dos mais brilhantes. Realmente, quando Vilson ocupava a tribuna, tanto na forma quanto na substância, tanto na aparência quanto no fundo, ele vinha com todo aquele conhecimento, primeiro com um Português escorreito e, em segundo lugar, uma manifestação permanente de cultura e de humanismo.

Tudo aconteceu tão rápido, no curso da campanha eleitoral, de maneira tão fulminante que fico a pensar que doença terrível é essa, que vírus pouco inteligente, que mata para, em seguida, morrer. Há certos tipos de vírus que são mais - perdoem-me a irreverência - inteligentes, pois fazem um certo mal e continuam convivendo com o organismo humano. Esse não, esse é realmente tenebroso, mortífero e suicida.

É uma pena, porque vai-se uma das mais fulgurantes inteligências desta Casa e, por que não dizer, do Congresso Nacional. Quero, então, manifestar mais uma vez, em nome do meu Partido, o Partido da Frente Liberal, o sentimento de todos os Senadores componentes desta Bancada de levar à família enlutada, à sua digníssima esposa e a seus filhos o nosso abraço fraterno e sincero.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo que Vilson Kleinübing, como diria Seneca, encontre na morte o porto tranqüilo do eterno repouso.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/1998 - Página 14595