Discurso no Senado Federal

DENUNCIA DE IRREGULARIDADES PRATICADAS PELO GOVERNO DO ESTADO DE GOIAS.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.:
  • DENUNCIA DE IRREGULARIDADES PRATICADAS PELO GOVERNO DO ESTADO DE GOIAS.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/1999 - Página 8292
Assunto
Outros > ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • ACUSAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), REPRESENTAÇÃO, CLASSE POLITICA, CORRUPÇÃO, APREENSÃO, PERDA, PROCESSO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, ATRASO, PAGAMENTO, SALARIO, SERVIDOR, PARALISAÇÃO, OBRA PUBLICA, PROGRAMA, INTERESSE SOCIAL, AUMENTO, VIOLENCIA.
  • DENUNCIA, UTILIZAÇÃO, MAQUINA, ORGÃO PUBLICO, TRABALHO, PROPRIEDADE PARTICULAR, OTAVIO LAGE, EX GOVERNADOR, INTERVENÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS, ESTADO DE GOIAS (GO).
  • REGISTRO, CONFLITO, POLITICA PARTIDARIA, ESTADO DE GOIAS (GO), INJUSTIÇA, GOVERNADOR, ACUSAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESPECIFICAÇÃO, INCENDIO, ARQUIVO, BANCO ESTADUAL.
  • DENUNCIA, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE GOIAS (GO), VIAGEM, PAIS ESTRANGEIRO, FALTA, MISSÃO OFICIAL, JUSTIFICAÇÃO, DESPESA.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, lamento, profundamente, mais uma vez, ter de subir a esta tribuna para tratar de um assunto interno do meu Estado de Goiás. Acontece que são tão gritantes as arbitrariedades cometidas pelo atual Governo de Goiás que me vejo na impossibilidade de me calar. Por isso, volto a esta tribuna com temas referentes ao meu Estado.  

Em meados de dezembro do ano passado, publiquei na imprensa de Goiás um artigo, denunciando que o novo Governo que iria se instalar em Goiás representava a volta da velha prática política das antigas oligarquias goianas. Por trás da imagem de moço do novo Governador, na verdade, escondiam-se os mais legítimos interesses dos representantes da velhacaria, da corrupção, do atraso, do ódio, da mentira e da perseguição política. Numa só coligação, juntaram-se todos aqueles que haviam governado o Estado e nos levado a uma situação de descalabro e de injustiças nunca vista na história de Goiás: ex-Governadores, ex-Deputados, ex-dirigentes públicos que, no passado, se consagraram como expoentes de uma vergonhosa escola política que fazia da mania inaceitável de se utilizar do Poder Público em proveito próprio sua norma principal.  

Nesse artigo, eu denunciava que a juventude do Governador, acusado tantas vezes por prefeitos de arrumar verbas federais na base da propina, não era outra coisa senão a nova geração das velhas práticas, a roupa nova da rapinagem, a face maquiada do desrespeito à coisa pública e do desprezo total pelas coisas do povo.  

E começaram com o previsível discurso do caos.  

Goiás, que havia saltado para a oitava economia mais forte do País; considerado o quarto maior gerador de empregos no Brasil em 1998; Goiás, que conseguiu atrair 1.500 novos empreendimentos industriais em quatro anos; que renegociou suas dívidas depois de ter pago mais de R$1 bilhão sem contrair nenhum centavo de novos empréstimos; que estava com a folha do funcionalismo em dia, comprometendo apenas 62% da receita com pessoal; que tinha obras e investimentos espalhados por 242 municípios - todos os municípios; e que tinha programas sociais atendendo mais de 140 mil famílias, de repente se transformou, na voz leviana e odiosa do nosso Governo, no exemplo da decadência e do caos.  

Ficaram os "sem" primeiros dias de governo - sem com "s" mesmo, diga-se de passagem, porque foi um período nulo do ponto de vista administrativo - sem fazer absolutamente nada, a não ser achincalhar tudo que havia sido construído e arrumar desculpas para a inoperância de sua gestão. E agora, não para minha surpresa, à custa de cifras milionárias pagas aos meios de comunicação, o Sr. Governador, em rede de televisão, pela segunda vez em três meses, veio dizer que já arrumou a Casa e que nos próximos meses poderá começar a governar. (Essa convocação de rádio e televisão em Goiás calharia muito bem se tivesse acontecido no dia 1º de abril, e o senhores sabem o porquê.)  

Vejam bem, Srªs e Srs. Senadores - e aqui há vários ex-governadores que conhecem bem a estrutura administrativa e financeira de um Estado - como alguém poderia em três meses arrumar as contas de um Estado que, na boca deles, estava um caos? Quanta hipocrisia, quanto falta de vergonha, quanto desprezo à inteligência do povo goiano. Em três meses o Estado foi todo rearrumado!  

Ora o que está acontecendo é o contrário, Sr.Presidente, Srªs. e Srs. Senadores. O Sr. Marconi Perillo assumiu um dos melhores Estados do Brasil para administrar, com as contas e as finanças em dia e com sua economia em franca expansão. Quem pode levar Goiás ao caos é ele e seus asseclas que, com raríssimas exceções, formam um grupo de incompetentes e de mentirosos.  

Os salários, que estavam em dia no nosso Governo, já estão em atraso. Os servidores estão recebendo o salário do mês de dezembro parcelado em três vezes. Os programas sociais estão parados desde o dia 1º de janeiro. As centenas de obras em andamento foram paralisadas e estão definhando debaixo do sol e da chuva, dando prejuízos ao povo. Os índices de criminalidade subiram mais de 200% em relação aos três primeiros meses do ano anterior. As promessas de campanha feitas por ele foram engavetadas. E, se não bastasse a reencarnação da incompetência, ressuscitaram também a mania de achar que as coisas do Estado lhes pertencem.  

Está em minhas mãos um relatório minucioso do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, com fotografias, depoimentos, mostrando máquinas pesadas do Estado fazendo obras em uma empresa particular, uma usina de açúcar e álcool, de propriedade do ex-Governador Otávio Lage de Siqueira, principal financiador da campanha de Marconi Perillo e pai do atual Secretário da Fazenda, Sr. Jalles Fontoura.  

O Governador Marconi Perillo teve a coragem de pegar as máquinas do Estado para trabalhar na usina de açúcar e álcool do Sr. Otávio Lage, um dos homens mais ricos de Goiás. Nada menos que oito máquinas pesadas do Consórcio Rodoviário Intermunicipal ficaram três dias e três noites trabalhando na usina do ex-Governador, o responsável pela doação da maior parte do dinheiro da campanha de Marconi Perillo. As referidas máquinas foram manuseadas por funcionários do Estado, com combustível e manutenção também do Estado. Os serviços só foram suspensos, Sr. Presidente, devido à interferência do Tribunal de Contas de Goiás, que, por meio de denúncia anônima, chegou ao local e pôs fim àquela pouca vergonha. Está em minhas mãos — e distribuirei para a imprensa — o relatório completo do mencionado Tribunal de Contas, comprovando um ato desbragado de corrupção do Governador Marconi Perillo.  

Pasmem, Srs. Senadores: o Sr. Marconi Perillo teve o desplante de dizer que isso foi obra do PMDB, tendo este Partido inventado essa história de máquinas na usina do Sr. Otávio Lage. Ora, o Sr. Governador escolheu o Secretário da Fazenda (filho do usineiro), o Engenheiro-Chefe da Unidade que mandou essas máquinas e o representante da usina para recebê-las. Depois, com grande cara-de-pau, disse à imprensa que isso foi feito pelo PMDB.  

Assim, todos saberão quem está governando Goiás.  

Pergunto, então, ao Governador de Goiás: se ele nomeou o Secretário da Fazenda (filho do usineiro) e o engenheiro que mandou as máquinas, qual foi a participação do PMDB? Teria esse Partido apanhado de helicóptero mais de oito máquinas pesadas e as jogado naquele lugar para fazer tudo aquilo na usina de açúcar e álcool do ex-Governador Otávio Lage de Siqueira?  

Esse mesmo ex-Governador criou a pensão milionária para ex-Governadores em Goiás, que só acabou nos Governos do PMDB. Atualmente, pleiteia na Justiça o retorno dessa imoralidade, além do recebimento dos meses não pagos em nosso Governo e que remontam a um valor superior a R$10 milhões apenas para pensões de ex-Governadores. Para se ter uma idéia, o valor da aposentadoria é em torno de R$18 mil para cada ex-Governador. Isso mesmo: 18 mil mensais. Começo a ter notícias de que está em andamento um acordo para que o Estado pague parceladamente essa imoralidade aos beneficiários, um seletíssimo grupo de milionários, ex-Governadores que já não sabem onde colocar tanto dinheiro.  

Eis, portanto, o motivo pelo qual Otávio Lage deu tão grande soma para a campanha de Marconi Perillo e brigou até o fim para empregar seu filho na Secretaria da Fazenda do meu Estado. Está querendo receber de volta com juros e correção, com a conivência do Governador, tudo o que investiu em sua campanha. E começou utilizando-se de maquinário do Estado, com dinheiro do povo para fazer obras em sua usina. Estarei atento e denunciarei toda e qualquer maracutaia que tentarem praticar contra o Estado de Goiás.  

É esta, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a prática que se instalou em meu Estado desde o último dia 1º de janeiro: a da regressão, da volta ao passado sombrio que tanto mal já fez a Goiás, a prática da mentira, da irresponsabilidade, da molecagem, do sensacionalismo.  

Há cerca de um mês, o Governador inventou uma ameaça de morte contra a sua família. Os jornais estamparam a notícia em primeira página, autoridades do Governo insinuaram que se tratava de uma ameaça oriunda do PMDB, a polícia investigou e não descobriu nada, o que nos leva a perguntar se realmente houve ameaça ou se foi apenas mais um sensacionalismo barato do Sr. Governador, que descobriu todos os telefonemas dados no Estado nos cinco últimos meses e não descobre o telefonema que o ameaçou de morte juntamente com sua família.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agora, após o incêndio que destruiu parte do arquivo morto do BEG, insinuam mais uma vez tratar-se de atos do PMDB. O Secretário Adjunto de Comunicação do Governador, Sr. Rogério Lucas - cito nomes e vou provar tudo com todos os documentos - chegou a escrever em uma coluna no jornal Diário da Manhã , de Goiânia, que fiz uma festa em meu apartamento, após o incêndio, junto com a alta cúpula do PMDB, para comemorar a suposta queima de arquivo. É isso, Sr. Presidente.  

A denúncia está aqui, no jornal Diário da Manhã , sublinhada. A irresponsabilidade deste Governo e do seu Secretário mentiroso diz que, no meu apartamento, foi realizada uma festa. Tive que ir à síndica, aborrecer meus vizinhos solicitando uma declaração de que nada disso havia acontecido. Esse foi o Governo que se instalou em Goiás. Ora, isso é molecagem, molecagem sem tamanho de um Governador irresponsável e de seu Secretário Adjunto, também irresponsável. Primeiro, porque não fiz festa alguma e tive que pegar a declaração que já mencionei; segundo, porque, se o incêndio do BEG foi intencional, isso deve ter partido de pessoas do próprio Governo dele, como a criar mais um fato para desviar a atenção pública. Se o PMDB tivesse que incendiar arquivo morto do BEG, teria feito no nosso Governo, quando perdemos as eleições. Agora, o incêndio aconteceu no Governo dele; a fuga de presos da prisão mais segura do Brasil aconteceu no Governo dele; as ameaças de morte aconteceram no Governo dele! Sabem por quê? Porque não há Governo em Goiás! Não há Governo em Goiás! É por isto que morre o Prefeito de Buriti; é por isto que há ameaças de morte; é por isto que pega fogo no BEG; é por isto que fogem da prisão provisória: porque não há Governo hoje no Estado de Goiás. É por isto também que mais de 100 mil famílias voltaram a passar fome em todo o Estado de Goiás; por isto está acontecendo toda essa molecagem em Goiás: porque não há Governo, não há Governador! E muito mais vai acontecer justamente porque não há Governo!

 

Ele diz que os atos de corrupção do Governo dele são do PMDB, como se o PMDB tivesse pegado essas máquinas e colocado na usina do Sr. Otávio Lages no Governo dele. Incendeia o arquivo morto do BEG - mas há uma declaração do Presidente nomeado por ele de que o incêndio não causou dano algum, que não comprometeu o Banco, que os arquivos incendiados já estavam esperando para serem incinerados, porque eram arquivos mortos, já vencidos. Não havia nada lá que pudesse comprometer. O próprio Presidente do BEG dá essa declaração. Tenho as provas de tudo o que estou dizendo aqui.  

Agora, Sr. Presidente, vou levar ao conhecimento de V. Exª, das Srªs e dos Srs. Senadores e da Nação mais um ato irresponsável desse Governador, que, em três meses, convocou a imprensa, o rádio e a televisão, duas vezes em três meses, pagando mais de R$1 milhão, primeiro, para dizer que o Estado estava no caos; e, agora, três meses depois, para dizer que o Estado está fora do caos. A única declaração dada por ele na televisão - e mentiu -, foi dizendo que endividei o Estado, quando, na realidade, paguei um bilhão de dívidas e não fiz um centavo de dívidas daquele Estado.  

Ele nomeou o seu cunhado para o Conselho Fiscal do BEG. Ele, que já é funcionário do BEG! O Sr. Prefeito de Goiânia, Nion Albernaz, acreditando que era pouco, nomeou o cunhado do Governador também para assessor principal do Prefeito de Goiânia. Não satisfeito, o Governador deu duas salas do Palácio para o seu cunhado, para comandar as suas ações em Goiás. Sabe o que o cunhado está fazendo? Está reunindo todas as lideranças de todas as cidades de Goiás, e aqui está o ex-Prefeito de Aparecida de Goiânia e Deputado Federal, Norberto Teixeira, que é lá da cidade de Aparecida, e fazendo contrato suprapartidário e outras avenças.  

Por esse contrato suprapartidário que fazem entre si e outras avenças, os partidos políticos do Município de Aparecida de Goiânia, de uma área aqui representada pelo professor Alcides Ribeiro Filho, do Partido Popular Brasileiro, acompanhado pelas lideranças políticas filiadas ao PFL, o Sr. José Aurélio Cajão, filiado ao Partido Democrata Trabalhista, PDT; Nilva Machado, Presidente do Partido Geral dos Trabalhadores; Valmir do Tangará, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro; João Donizete, Presidente do Partido Liberal; Oséas Laurentino, filiado ao Partido dos Trabalhadores, PT; Caio França Oliveira, filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira, loteiam todos os cargos de Aparecida, entre eles: Delegacia de Ensino, cesta básica, Cepaigo, Diretoria da Saneago, da Ciretran, da Celb, do Sine, escolas, as escolas que vão ser indicada pelo Alcides, as escolas que vão ser indicadas pelo PT, pelo PTB, e assim por diante. Todos os partidos assinam o contrato suprapartidário e de outras avenças, loteando cargos em Aparecida, tirando pessoas competentes e colocando analfabetos. Isso é o que estão fazendo em todo o Estado de Goiás. Assinam todos os partidos e assina, como representante do Governador, seu cunhado, Sérgio Cardoso.  

É a maior vergonha que vi em toda minha vida em relação à política! Lotear todos os cargos em todas as cidades pelos partidos políticos. E aqui está o contrato para quem quiser ver: contrato suprapartidário e outras avenças, os cargos do Professor Alcides Rodrigues Filho, que é vice-Governador, e do Sr. Osair, que no segundo turno apoiou o atual Governador. Com o Sr. Osair ficou a Celg, o terminal Vila Brasília, o terminal rodoviário e as escolas, cerca de 20. Há um adendo também no contrato determinando que aqueles que não estiverem satisfeitos com os cargos poderão indicar outros ainda na administração do atual Governador.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, se não bastassem essas convocações, o Governador amanhã embarca para o Japão com cerca de 60 pessoas. A imprensa hoje noticiou, não sei ao certo, mas são no mínimo 60 pessoas. É a terceira viagem desse Governo ao exterior, em 90 dias. A primeira, à França, na Europa, para não fazer nada, acompanhado, segundo o jornal O Estado de S. Paulo , de mais de 20 casais. A segunda, do seu Vice, que foi também com vários acompanhantes ao Japão. E sabemos que, quando o Vice saiu de Goiás, as máquinas que tinham que vir do Japão já tinham sido embarcadas. Não temos conhecimento do que ele foi fazer lá.  

Agora, o Governador reúne-se amanhã com mais 60 pessoas para deslocar-se também para o Japão. Isto, em três meses: três viagens milionárias ao exterior mais tudo isso que tem ocorrido no meu Estado.  

Olha, é estranho, mas as pessoas que assumiram o comando do Estado parecem crianças assustadas com a tarefa que têm em suas mãos. Deixam transparecer o indisfarçado medo de tudo dar errado. E, infelizmente, pelo que temos visto até agora não dá para pensar de outra forma. Estão conseguindo fazer tudo errado. Retomaram práticas atrasadas e nomearam um usineiro para cobrar impostos. Isso mesmo; repito: um usineiro, filho do maior financiador da campanha do Governador, acusado de sonegação de impostos pela Secretaria da Fazenda, para cobrar imposto. Definitivamente, é o atraso travestido de novo no comando do Governo de Goiás.  

Como Senador eleito com 1,28 milhão votos, não me calarei. Faço parte do partido que possui os três Senadores do Estado, a maioria dos Deputados Federais, Prefeitos e Vereadores goianos. Somos representantes de uma imensa e por demais significativa parcela da população. Temos nome, família e endereço. Temos história, coração e alma. Temos tarefa executada e voto lá em Goiás. Temos olhos, mandatos e lealdade ao povo goiano. Não deixaremos que a prática atrasada daqueles que se julgam donos de Goiás destrua os avanços conseguidos pelo Estado, por intermédio do PMDB, ao longo dos últimos anos.  

De forma, Sr. Presidente, que distribuirei a toda a imprensa brasileira um relatório completo sobre a corrupção realizada na usina do ex-Governador Otávio Lage pelo atual Governador, que também disse que é culpa do PMDB. Ele disse que os atos desbragados de corrupção do Governo dele são culpa do PMDB; incêndio no BEG, culpa do PMDB; fuga na prisão provisória, culpa do PMDB.  

Olha, o melhor que ele faz é deixar o Governo, para que o PMDB possa voltar a governar Goiás. Porque tudo que há de bom aconteceu durante os governos do PMDB. Tudo de ruim está acontecendo no governo dele. E ele quer inverter os fatos, todo dia com uma mentira. Como ele ficou sabendo que eu ia fazer este pronunciamento, declarou ontem, no jornal O Popular , de Goiás: "Vamos investigar as contas do ex-Governador com relação à venda de Cachoeira Dourada" — pensando que vai me intimidar.  

Povo brasileiro, Srªs e Srs. Senadores, quem não deve não teme. A minha vida e a dos meus familiares estão sendo vasculhadas desde a sola do sapato até a cabeça. E quero que ele fiscalize mesmo. Faço agora mais um desafio a ele: faço questão que o senhor fiscalize as contas de Cachoeira Dourada e, se encontrar corrupção em minha vida com relação a Cachoeira Dourada, renuncio ao meu mandato de Senador. Não tenho medo da verdade. Fiscalize as contas de Cachoeira Dourada e, se encontrar um milímetro de corrupção, repito, renuncio ao meu mandato de Senador. Mas tenha responsabilidade como Governador; tenha dignidade e vergonha. Não diga que os atos absurdos que estão acontecendo em seu Governo é culpa do PMDB. Só falta dizer que foi o PMDB que nomeou o seu cunhado para três cargos, para fazer patifaria com as Lideranças políticas em todas as cidades do Estado.  

Volto a repetir, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, lamento ter que trazer este assunto novamente ao Senado, mas não me calarei, nem hoje nem nunca, quanto aos desmandos e mentiras absurdas que estão sendo praticadas em meu Estado. Por isso, estou aqui na defesa do povo goiano, da honestidade e da seriedade. Estou aqui na defesa de um partido que revolucionou o meu Estado, que mudou a sua história, que fez realmente Goiás. Estão tentando massacrar esse partido, humilhá-lo, humilhar suas lideranças, mas não vão conseguir porque, quando a verdade chega, a mentira é obrigada a ceder espaço.  

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço muito a atenção ao nosso pronunciamento. Repito: tantas quantas vezes ele vier à imprensa com inverdades, eu subirei a esta tribuna, que o povo goiano me cedeu com mais de 1,2 milhão votos para defender seus interesses, para defender o interesse de Goiás e para falar exatamente e somente a verdade. Tudo o que disse está provado e distribuirei para quem quiser tomar conhecimento.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/1999 - Página 8292