Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM AOS MEMBROS DA COMUNIDADE PORTUGUESA E DA LINGUA PORTUGUESA QUE SE ENCONTRAM NAS GALERIAS DO PLENARIO.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM AOS MEMBROS DA COMUNIDADE PORTUGUESA E DA LINGUA PORTUGUESA QUE SE ENCONTRAM NAS GALERIAS DO PLENARIO.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/1999 - Página 9228
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, MEMBROS, ORGANISMO INTERNACIONAL, LINGUA PORTUGUESA, VISITA, SENADO, REGISTRO, IMPORTANCIA, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL, FORMAÇÃO, INTEGRAÇÃO, BRASIL.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (PSDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as minhas origens lusitanas são muito remotas. Não tenho a mesma sorte do Senador Bernardo Cabral de descender diretamente de uma mãe portuguesa, mas o destino me premiou de outra forma: casei-me com uma portuguesa, o que me deu a chance de aproximar nossas ligações, de fortalecer os laços que unem Portugal e Brasil e de aproveitar esta ocasião para render uma homenagem à diáspora portuguesa. Há portugueses em todos os Países do mundo, falando português, trabalhando como português, integrados às suas sociedades e construindo o futuro desses Países que adotam como seu, sem esquecerem nunca a sua Pátria de origem.  

Quando nos aproximamos do aniversário de 500 anos da chegada de Cabral, o Senador Antonio Carlos Magalhães e eu, que temos a honra de integrar em nome do Senado Federal a comissão que programa as comemorações, entendemos que esse é um momento não apenas de celebração, mas também de revisão da trajetória comum que desenvolvemos ao longo desses 500 anos. Os portugueses aqui chegaram desbravadores e ajudaram a construir a nacionalidade e a nos dar a independência.  

A amizade e a integração não estão apenas no terreno da retórica. Os investimentos portugueses no Brasil hoje são vultosos e ajudam a dinamizar a economia nacional. Esse relacionamento foi capaz de resistir a momentos de tensão. O Brasil, que foi sempre um País que acolhia imigrantes de todo o mundo, inclusive portugueses, em determinado momento da sua história, por injunções sobretudo de natureza econômica, foi um País de emigrantes. Muitos desses emigrantes dirigiram-se para Portugal, para o pequenino Portugal continental. É evidente que uma massa de pessoas geralmente de condição educacional superior haveria de gerar algum desconforto naquele mercado, que é relativamente pequeno.  

Mas essas tensões foram superadas, porque prevaleceu o sentido de integração - com independência, liberdade - entre os dois Países.  

Portugal faz parte da União Européia, mas não pode nunca esquecer a sua vocação atlântica. É uma condição privilegiada a de estar na Europa e ter um pé em diferentes outros países, sobretudo nos que constituem a Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa.  

Fazendo esta saudação, Sr. Presidente, quero aqui reiterar o nosso apreço, o nosso sentimento de fraternidade com esses irmãos. Que a celebração dos 500 anos seja um momento de reprogramação de nossas atividades no plano da economia, da cultura, do Direito e da reciprocidade a que aludia o Senador Bernardo Cabral. S. Exª dizia da honra que era para ele, com tantas tarefas honrosas que já desempenhou, estar aqui como filho de português.  

Mas há portugueses em nosso Congresso: o Deputado José Lourenço e até há bem pouco tempo a Deputada Maria da Conceição Tavares, que exercem aqui, na sua plenitude, todas as suas prerrogativas como se brasileiros natos fossem.  

Sr. Presidente, tive ocasião de visitar a Assembléia da República onde tive um encontro com seu presidente, que, depois, me mostrou, em uma das dependências daquele edifício, uma ala inteira dedicada ao antigo Senado. Portugal já teve o sistema bicameral. Lá, os móveis estão dispostos como se o órgão ainda funcionasse.  

Hoje os nossos irmãos portugueses estão tendo a oportunidade de assistir a uma sessão do Senado Federal, que é também um pilar de sustentação da amizade, fraternidade, companheirismo e da esperança e confiança no futuro que devem animar nossas relações bilaterais. Sejam bem-vindos!  

Fazemos este pronunciamento para enaltecer essa cooperação. Não importa que, ao longo dos anos de Brasil Colônia ou depois, tenha havido equívocos, enganos - algo de que não temos de nos arrepender, mas de exorcizar desse processo, nunca para afetar, diminuir, reduzir a importância da presença portuguesa no Brasil, antes para exaltar e pedir que os dois países irmãos estejam cada vez mais próximos.  

Muito obrigado. (Palmas)  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/1999 - Página 9228