Discurso no Senado Federal

SITUAÇÃO DRAMATICA DOS PEQUENOS E MEDIOS AGRICULTORES EM NOSSO PAIS.

Autor
Ernandes Amorim (PPB - Partido Progressista Brasileiro/RO)
Nome completo: Ernandes Santos Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • SITUAÇÃO DRAMATICA DOS PEQUENOS E MEDIOS AGRICULTORES EM NOSSO PAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/1999 - Página 10090
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PEQUENO AGRICULTOR, FALTA, ASSISTENCIA TECNICA, EMPRESA DE ASSISTENCIA TECNICA E EXTENSÃO RURAL (EMATER), TERRITORIO NACIONAL, AUSENCIA, RECURSOS, ATENDIMENTO, NECESSIDADE, HOMEM, CAMPO.
  • ELOGIO, ESFORÇO, AGRICULTOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), CRESCIMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, REGIÃO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, GOVERNO ESTADUAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), COBRANÇA, AUTORIDADE, ECONOMIA, PRIORIDADE, PRODUTOR, INVESTIMENTO, ESTRADAS VICINAIS, ARMAZENAGEM, IMPLEMENTAÇÃO, TRANSPORTE INTERMODAL, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO.

O SR. ERNANDES AMORIM (PPB-RO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com tristeza que volto a esta tribuna, para mais uma vez registrar a dramática situação dos nossos pequenos e médios agricultores em nosso país que se encontram sem assistência técnica, pois as Emater’s em todo o território nacional, sofrem de uma aguda crise de falta de recursos e ainda, para agravar o quadro, seus veículos estão totalmente sucateados e sem as mínimas condições de atender as necessidades básicas do homem do campo.  

Apesar desta conhecida falta de apoio, o nosso agricultor, com a sua fibra e destemor, vem rompendo barreiras, e quebrando recordes de safra.  

Registro, hoje, com satisfação, a surpreendente produção agrícola do vizinho estado de Mato Grosso, que superou a mais otimista expectativa e deve fechar a safra 98/99 com um acréscimo de 7,5% na produção de grãos, segundo a última projeção realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Fato este, que se materializa em uma prova inquestionável da obstinação do agricultor brasileiro, para produzir alimentos. Afinal, o setor agrícola brasileiro há tempos vem enfrentando profundas transformações em sua política, iniciada mais precisamente com o fim dos subsídios. Ao contrário do resto do mundo, sobretudo nas grandes potências mundiais da produção, onde um simples recuo do governo é motivo de paralisação e greves, no Brasil produzir se transformou em um ofício, senão marginalizado, pelo menos bem distante do lugar de destaque que deveria merecer.  

Entra ano e sai ano, a reclamação tem sido sempre a mesma por parte dos produtores agrícolas e pecuaristas. É a eterna falta de recursos disponíveis para financiar a produção. O detalhe é que ninguém está pedindo absolutamente nada de graça. Os produtores só querem dinheiro para preparar o solo, comprar sementes e colher. Posteriormente, vender, o fruto desse trabalho para pagar o seu financiamento em condições adequadas. Não da forma como ocorria no passado, quando a produção, muitas vezes acima do esperado, não conseguia liquidar as dívidas.  

Aliás, a falência do campo no Brasil se deu, em parte, pelas regras inapropriadas do sistema de financiamento aos produtores. Sem dinheiro para pagar seus compromissos, os produtores se descapitalizaram. Muitos venderam seus tratores e implementos, reservando-lhe o futuro uma baixa produção e sem tecnologia. Outros, menos afortunados, chegaram ao ponto de perderem suas propriedades, e cometeram até suicídio.  

O resultado dessa postura caolha foi o êxodo rural e o inchaço das periferias dos grandes centros urbanos. Até porque o desemprego, que hoje dramatiza a vida dos cidadãos, começou exatamente no campo. A noticia sobre a produção brasileira, e mais alvissareira com o fato de mato Grosso ter superado novamente as expectativas, poderia ser motivo de orgulho se a satisfação contemplasse a todos, do Presidente da República, que anuncia pomposamente recordes em cima de recordes do setor, ao humilde lavrador, que enfrenta toda a sorte do mundo para defender suas produções com agrotóxicos e garantir obstinadamente o sustento de sua família. Essa cadeia, no entanto, tem uma linha que mais se parece com um gráfico de exame cardiológico. Exemplo disso são aqueles que não conseguiram o dinheiro oficial para plantar e tiveram que recorrer aos dólares dos importadores. Estes só lutam para que não haja um prejuízo maior, já que a lucratividade deixou de existir. Por um imperativo de Justiça, não posso deixar de registrar o empenho e os esforços do nosso competente e dinâmico Ministro Francisco Turra, que não tem ao seu alcance dotação e orçamento para atender aos reclamos dos nossos agricultores.  

A área econômica do Governo, tomou medidas, sem levar em consideração os efeitos que elas poderiam causar aos que fazem, de verdade, um dos principais sustentáculos da economia brasileira. O que não deixa de ser lamentável.  

Atitudes como a desvalorização do real pode ter reflexos positivos para a exportação, mas os compromissos dolarizados trarão profundos prejuízos. Certamente alguns danos irreparáveis, cujos resultados só serão conhecidos futuramente.  

O nosso País, a rigor, precisa priorizar quem produz. E ao exigir essa prioridade, entra em cena o papel dos governos Estaduais, de cobrar das autoridades econômicas, e em especial o Governo do meu Estado, Rondônia, que nos seja dadas as condições adequadas para fazer com que nossa produção seja incentivada e valorizada. Principalmente no que diz respeito aos investimentos em estradas vicinais, armazenagens e a implementação dos sistemas intermodais de escoamento da produção. Não queremos favores, queremos o que nos é devido, para continuar a oferecer a Nação alimentos abundantes e de alta qualidade.  

Era o que eu tinha a dizer.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/1999 - Página 10090