Discurso no Senado Federal

DESTAQUE DA EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA - EMBRAER, PELA BEM SUCEDIDA VENDA DE AVIÕES A JATO A EMPRESA SUIÇA CROSSAIR. SATISFAÇÃO PELA QUEDA NOS INDICES DE IMPORTAÇÃO BRASILEIRA E PELA INCORPORAÇÃO DE NOVAS AREAS PRODUTIVAS NO ESTADO DE GOIAS.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • DESTAQUE DA EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA - EMBRAER, PELA BEM SUCEDIDA VENDA DE AVIÕES A JATO A EMPRESA SUIÇA CROSSAIR. SATISFAÇÃO PELA QUEDA NOS INDICES DE IMPORTAÇÃO BRASILEIRA E PELA INCORPORAÇÃO DE NOVAS AREAS PRODUTIVAS NO ESTADO DE GOIAS.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/1999 - Página 15391
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, EMPRESA BRASILEIRA DE AERONAUTICA (EMBRAER), EXPORTAÇÃO, AERONAVE, PAIS ESTRANGEIRO, SUIÇA, AUMENTO, CONFIANÇA, INDUSTRIA NACIONAL, AVIAÇÃO, MERCADO INTERNACIONAL, POSSIBILIDADE, AMPLIAÇÃO, PRODUÇÃO, EMPREGO.
  • ANALISE, ABERTURA, ECONOMIA NACIONAL, IMPORTAÇÃO, PROVOCAÇÃO, CRISE, INDUSTRIA NACIONAL, REGISTRO, RECUPERAÇÃO, SETOR, ATUALIDADE, ESPECIFICAÇÃO, INDUSTRIA TEXTIL.
  • REGISTRO, DESENVOLVIMENTO, ATIVIDADE, CRIAÇÃO, EXPORTAÇÃO, FRANGO, ESTADO DE GOIAS (GO).
  • NECESSIDADE, INVESTIMENTO, GOVERNO, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE, REFORÇO, POLITICA AGRICOLA, POLITICA EXTERNA, PROMOÇÃO, ACORDO, COMERCIO EXTERIOR.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Empresa Brasileira de Aeronáutica é destaque nas edições de hoje da imprensa internacional. Ganhou grande repercussão no noticiário globalizado a venda de 200 aviões a jato, que foi fechada ontem com a empresa suíça Crossair na feira parisiense de Le Bourget. Pelo valor de US$4,9 bilhões que foram envolvidos no negócio, trata-se de uma operação inédita na história das exportações de empresas brasileiras. Com este fato, a Embraer alcança posição privilegiada em termos de credibilidade internacional. E essa nova imagem colocará a nossa empresa entre as mais importantes do mundo na indústria da aviação, permitindo a abertura de novos mercados, o crescimento das linhas de produção e a geração de novos empregos.  

Com outros contratos já garantidos nos últimos dias, o volume de encomendas internacionais já chega US$6,2 bilhões, gerando uma expectativa de 3.500 novos empregos diretos, além de 1.500 empregos indiretos. É importante notar que, após a desvalorização do real, o movimento das exportações brasileiras não acompanhavam as expectativas otimistas do Governo, daí a importância do pacto positivo que será provocado pela Embraer nos próximos movimentos da economia brasileira. Para mim, há um fato incontestável a ser reconhecido: nestes últimos três a quatro anos, a defasagem do câmbio quebrou empresas, multiplicou o desemprego, elevou o déficit comercial a níveis intoleráveis e, o que é pior, mudou a nossa cultura de País exportador, em função de mecanismos de competição amplamente negativos para os produtores brasileiros.  

Mas esse quadro já começa a mudar, felizmente. Alguns fatos mais recentes dão a impressão de que estamos respirando estoques novos de oxigênio. Um bom exemplo é o do setor têxtil, no qual as importações já estão caindo gradualmente. Trata-se de uma área produtiva, altamente geradora de empregos, além de ser uma das mais sensíveis aos movimentos predatórios da globalização. De um total de US$998 milhões gastos em importações em 1996, o País deverá chegar a patamares muito inferiores este ano, considerando o volume de 161 milhões que foram consumidos no período de janeiro a abril. As empresas estão programando novos investimentos e planejando a substituição dos maquinários, de acordo com levantamento recente realizado pela Gazeta Mercantil

Este é um fato especialmente importante para Goiás, que acolheu nos últimos anos algumas indústrias do sul do País, sob o estímulo dos preços favoráveis e da proximidade com o algodão produzido no Estado.  

Pois bem, Srªs e Srs. Senadores, nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil gastou US$130 milhões em importações, representando uma queda de 27% em relação ao mesmo período do ano passado. Com a produção crescente e com a incorporação de novas áreas produtivas no Estado de Goiás, acho que estamos caminhando para uma situação ainda mais favorável em futuro próximo.  

Outra área de interesse que é de especial importância para Goiás e que deve viver um bom período de crescimento é a área de produção e exportação de frangos. A renda estimada de exportações para este ano é de US$900 milhões, contra US$740 milhões em 1998. A avicultura brasileira já firmou uma boa tradição no mercado internacional, mas também sofreu os efeitos da moeda sobrevalorizada e de algumas dificuldades protecionistas que foram criadas por países importadores. Não só em função da crise que se abateu sobre os mercados produtores da Bélgica e da Holanda, atingidos pela contaminação das rações, mas também em função dos estímulos da reforma cambial, o Brasil poderá melhorar ainda mais a sua posição atual, que é a de segundo exportador mundial de carne de frango.  

Em junho do próximo ano, será inaugurada a produção do complexo agroindustrial da Perdigão, na cidade goiana de Rio Verde. Serão criados três mil novos empregos diretos, com repercussões na cadeia produtiva de toda a região sudoeste do Estado, onde já existe uma grande tradição de produção de soja e milho, as principais matérias-primas para a produção de rações. As negociações para viabilizar a presença desse grande projeto em Goiás foram empreendidas pelo Governador Maguito Vilela, mas a infra-estrutura de transportes preexistente, importantíssima para a viabilidade econômica do empreendimento, foi montada pelo ex-Governador Iris Rezende.  

Srªs e Srs. Senadores, estou lembrando estes fatos para ilustrar a minha convicção de que o Brasil está voltando a ocupar posição de destaque na economia mundial, recuperando-se da crise que colocou o País de cócoras diante do Fundo Monetário Internacional. Mas não podemos nos iludir. Devemos esse início de reação à competência dos nossos empresários, às circunstâncias favoráveis do mercado internacional, principalmente em relação ao café, e ao espírito empreendedor dos produtores rurais, que aos poucos procuram adaptar-se às realidades do agrobusiness. Cabem ao Governo, pelo menos, algumas decisões fundamentais, como a confirmação de investimentos no valor mínimo de R$12 bilhões para a próxima safra, a redução de entraves fiscais e burocráticos para a importação de máquinas e equipamentos destinados à indústria e à agroindústria, a promoção de novos acordos comerciais com blocos ou países, a dinamização da estrutura de promoção comercial na burocracia diplomática do Itamaraty e a presença mais agressiva nas feiras internacionais.  

Há ainda uma questão sobre a qual eu gostaria de insistir, como tenho feito desde o início do meu mandato. Não teremos uma economia forte, uma agricultura forte sem antes resolver o problema crucial das desigualdades regionais. A produção agrícola brasileira ocupa apenas um terço de toda a área agricultável disponível, e essa ampla fronteira adicional ainda não foi conquistada, porque os investimentos em infra-estrutura estão parados há mais de uma década. Ainda agora, as áreas técnicas do Governo discutem a identificação de novos eixos de desenvolvimento. Pouco se sabe sobre o que está sendo fechado no âmbito restrito da burocracia. Enquanto isso, é voz corrente nas Bancadas do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, tanto na Câmara quanto no Senado, que a construção da Ferrovia Norte-Sul e a duplicação do eixo rodoviário entre Goiânia e São Paulo são empreendimentos indispensáveis para incorporar novas áreas estratégicas em qualquer esforço de desenvolvimento do País.  

Com o novo surto das exportações, que mostra sinais muito claros de que o Brasil terá de crescer para atender à demanda internacional, creio que não temos mais como ignorar a necessidade dos investimentos em grandes projetos de infra-estrutura de transportes. Nem podemos mais adiar as decisões sobre o que é importante e o que é supérfluo para sustentar o desenvolvimento do País nos primórdios do próximo século.  

Muito obrigado, Sr. Presidente.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/1999 - Página 15391