O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Ministério da Fazenda criou as estações aduaneiras interiores, uma medida que eu considero inteligente no sentido de facilitar as exportações brasileiras.  

O Brasil, hoje, conta com cerca de trinta e duas dessas estações, situando-se a maioria delas em São Paulo, poucas no sul do Brasil e uma pequena parte no Nordeste. A nossa região Centro-Oeste não tem nenhuma estação aduaneira interior, o chamado porto seco.  

Estou dirigindo uma carta ao Secretário da Receita Federal, Sr. Everardo de Almeida Maciel, pedindo a instalação de uma comissão que se encarregue da criação de uma estação aduaneira Interior, um porto seco, em Mato Grosso, na cidade de Rondonópolis.  

Por que Rondonópolis, Sr. Presidente? Porque Rondonópolis será o principal pólo da Ferronorte - ferrovia que lá estará chegando dentro de pouco tempo - e porque é a capital econômica do Estado de Mato Grosso.  

O setor primário em Mato Grosso cresce vertiginosamente. Com relação às indústrias, também vivemos uma fase muito boa. Precisamos, portanto, facilitar a exportação dessa produção. Rondonópolis, portanto, é o pólo principal e o pólo fundamental desse processo todo.  

Para V. Exª ter uma idéia, Sr. Presidente, o Mato Grosso sozinho pode produzir dentro de 10 anos essas 80 milhões de toneladas de grãos produzidas pelo Brasil hoje. Somente o nosso Estado pode fazê-lo. Além disso, apesar da crise e das dificuldades, a produção agrícola vem crescendo, a diversificação vem acontecendo e empresas com tecnologia de ponta e voltadas exclusivamente para produtos de exportação estão se instalando em meu Estado. Por tais motivos, advogo a instalação do porto seco em Rondonópolis, que seria o primeiro porto seco do Centro-Oeste.  

A nossa Região Centro-Oeste, apesar de ser a região mais próxima para o projeto de desenvolvimento nacional por estar ao lado do sul e do sudeste do País, é esquecida, não recebe o apoio e os benefícios que deveria receber.  

Há poucos instantes, o Senador Eduardo Suplicy citou a questão do desemprego. Acredito, Senador, que o Centro-Oeste, se atendido por um plano de desenvolvimento bem elaborado, sem a participação dessas grandes cidades, dessas metrópoles, mas com médias e pequenas cidades, tratando a migração de forma competente, pode tirar a migração brasileira de São Paulo - a cidade está excessivamente inchada - e do Sudeste, trazendo-a para o Centro-Oeste. Mas se faz necessário um projeto governamental bem feito, que estimule a iniciativa privada com projetos auto-sustentados, já que há perfeitas condições de se instalarem ali milhares e milhares de projetos auto-sustentados.  

Em Luziânia, perto de Brasília, por exemplo, há um projeto desses, que visitei há 15 dias, Sr. Presidente. E tenho a dizer que aquele é o modelo para o Centro-Oeste, para o Brasil, modelo de geração de emprego, pois apenas uma propriedade gera três mil empregos, com um faturamento de US$40 milhões por ano. É interessante, inclusive, que os Senadores dêem um pulo lá e vejam o projeto espetacular do Sr. Paulo Boni, que é socialmente correto e gerador de riqueza. Como aquele, o Centro-Oeste pode acoplar milhares e milhares de projetos, tornando-se o grande produtor de alimentos do mundo. O Brasil pode ter - e não tem porque não quer - o monopólio total do comércio de alimentos no mundo, uma vez que temos condições excepcionais de produção que nenhum outro país do mundo tem. O alimento, hoje, é mais estratégico e mais importante do que o petróleo, e não temos competidor.  

Embora esteja chegando a ferrovia e estejamos trabalhando com as hidrovias, precisamos de apoio para a Região Centro-Oeste, pois o nosso grande problema, o nosso calcanhar-de-aquiles é o transporte, que é o mais caro do mundo. Essa mentalidade rodoviarista foi implantada, no Brasil, na década de 60 - até Getúlio não existia essa mentalidade. A partir de Getúlio prosperou essa idéia rodoviarista, e o Brasil, um País continental, passou a transportar tudo por rodovia, o transporte mais caro do mundo.  

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Perdoe-me, mas não foi Getúlio. Foi o Dr. Washington Luís que disse que governar era abrir estradas. Quem levantou essa tese...  

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT) - Mas que estrada? Estrada de ferro?  

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Não, estrada mesmo.  

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT) - Rodovia?  

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Rodovia. Isso era governar.  

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT) - Quem começou a implantar isso efetivamente foi Juscelino Kubitscheck, quando...  

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Foi Getúlio.  

O SR. PRESIDENTE (Carlos Patrocínio. Fazendo soar a campanhia.)  

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB-MT) - ...ampliou esse processo e trouxe as multinacionais de automóveis para cá. A partir daí, esse processo se acelerou. Com isso, descuidamos do intermodal, descuidamos do fluvial, descuidamos das ferrovais. Agora, que estamos retomando isso, graças a Deus, vamos equacionar um grave problema do Centro-Oeste no sentido de baratear o frete.  

É por isso que estou advogando, Sr. Presidente, a instalação desse porto seco na cidade de Rondonópolis.  

Muito obrigado.  

O Sr. Pedro Simon (PMDB-RS) - Mas porto seco é rodovia.