Discurso no Senado Federal

EXPECTATIVA QUANTO AS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL REFERENTES A COMPROMISSOS PUBLICOS QUE TENHAM POR OBJETIVO A PROSPERIDADE DO PAIS.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • EXPECTATIVA QUANTO AS AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL REFERENTES A COMPROMISSOS PUBLICOS QUE TENHAM POR OBJETIVO A PROSPERIDADE DO PAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 11/09/1999 - Página 24084
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, EXPECTATIVA, APLICAÇÃO, PLANO PLURIANUAL (PPA), AUTORIA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, DESEMPREGO, SAUDE, EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, BUSCA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, RECUPERAÇÃO, POPULARIDADE, GOVERNO FEDERAL.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, passadas as primeiras repercussões da substituição do ministro Clóvis Carvalho, acho que andou certo o presidente Fernando Henrique Cardoso ao reunir a sua equipe de governo para colocar ordem na casa, aparar arestas e reunificar diretrizes internas e comportamentos externos. Sem dúvida, a necessidade de estabelecer e manter uma base aliada altamente multifacetada nos princípios, nas idéias e nos seus interesses políticos atuais e futuros, leva o Presidente a enfrentar crises sucessivas de relacionamento entre as figuras do primeiro escalão que estão próximas do chefe, mas distantes entre si.  

O que passa pela cabeça dos brasileiros é a impressão lamentável de que é mais difícil administrar a diversidade do poder do que a diversidade dos problemas nacionais. Ou seja, o choque de opiniões, que é natural numa democracia representativa, passou a simbolizar, na verdade, um clima indisfarçável de disputa política em torno de espaços privilegiados de poder. E isso chegou a contaminar burocratas costumeiramente discretos, como sempre foi Clóvis Carvalho, eminência parda do Palácio do Planalto, onde firmou tradição de inacessibilidade.  

A torcida do país e de todos nós é de que o Presidente consiga restabelecer definitivamente a unidade interna do governo. Com suas graves e elevadas responsabilidades de Presidente da República, cabe a ele cuidar do atacado das grandes questões nacionais ligadas ao desenvolvimento econômico e social, como saúde, educação, emprego, habitação, segurança, recuperação da renda do setor rural, redução dos desequilíbrios regionais e melhoria das contas internas e externas. São desafios enormes cuja solução deve sobrepor-se ao jogo de vaidades, um tipo de varejo que, sem dúvida, a população brasileira repele. Esses desentendimentos públicos levam fatalmente a um clima de quebra de confiança, desmotivando a participação popular nas ações de governo.  

Senhoras e senhores senadores, a nação brasileira espera, como também deseja o Presidente, que o Ministério seja um grupo de guerreiros que, sob o seu comando, possam identificar e colocar em prática um conjunto de políticas de emergência para recuperar a credibilidade do governo e as esperanças do povo brasileiro. Concordo com a tese de que devemos buscar um modelo de gestão pública que concilie o crescimento com a estabilidade. O caminho é a implementação do novo programa "Avança Brasil", com alguns ajustes de prioridade, como a implantação de projetos de infraestrutura no Centro-Oeste, incluindo-se a duplicação da rodovia Goiânia-São Paulo e a construção da ferrovia Norte-Sul.  

É indispensável, porém, que esse novo programa plurianual de investimentos não seja apenas um roteiro de intenções, e, menos ainda, que ele possa ser revisto em função de eventuais ataques especulativos ou de novos ajustes com o FMI. Temos que caminhar numa direção firme, livres dessas intempéries ocasionais que vivem a tirar o Brasil do curso normal de seu desenvolvimento. Além de dar a impressão de unidade interna, o Presidente precisa dar ao povo a noção de firmeza, de segurança, na direção de determinadas metas fundamentais ao desenvolvimento.  

Precisamos conquistar uma nova cultura de compromissos públicos. O Brasil precisa trabalhar com prazos. Temos que voltar a ter metas, horizontes concretos e previsíveis que possam oferecer consistência às esperanças nacionais. O Presidente disse que o governo tem recursos para investir em programas sociais. O Ministro Francisco Dornelles informou que existe uma disponibilidade de 2,4 bilhões de reais do FAT para construir moradias populares. É preciso quantificar previamente o resultado dessas aplicações, para que a sociedade possa exercer o direito de cobrar, que é um direito mínimo de cidadania.  

Estou rigorosamente de acordo com o meu líder, o senador Jader Barbalho, quando reclama investimentos emergenciais em programas que levarão ao crescimento econômico e à geração de empregos, como agricultura, saneamento e construção civil. Presente à reunião ministerial, o senador Jader Barbalho foi porta-voz de um partido que fala com o povo, que tem uma vinculação íntima com os segmentos mais humildes da população brasileira, e que sabe que o modelo defendido pelo ministro Pedro Malan pode perfeitamente conviver com ações de curto prazo que reduzam os efeitos sociais mais traumáticos da crise em que mergulhamos desde que tivemos de enfrentar o desequilíbrio dos mercados asiáticos, e, depois, a desvalorização do real diante do dólar.  

O Presidente tem uma enorme responsabilidade, e tomara que tenha empolgado a sua equipe de auxiliares para os nossos atuais desafios. A unificação da linguagem e a supressão das disputas internas são importantes. Mas ainda mais importante é não permitir que a obsessão monetarista ponha a perder todo o esforço que realizamos até agora, embobrecendo a agricultura, multiplicando o desemprego e agudizando o desinvestimento, em nome de uma virada econômica e social que está tardando para acontecer. O Brasil está cansado de esperar, de sofrer, de adiar seus sonhos e de viver só de esperanças.  

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.  

Muito obrigado.  

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/09/1999 - Página 24084