Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DA PREFEITA DA CIDADE DE MUNDO NOVO, MS, MARIA DORCELINA DE OLIVEIRA FOLADOR.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DA PREFEITA DA CIDADE DE MUNDO NOVO, MS, MARIA DORCELINA DE OLIVEIRA FOLADOR.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/1999 - Página 29683
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARIA DORCELINA DE OLIVEIRA FOLADOR, PREFEITO, MUNICIPIO, MUNDO NOVO (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), VITIMA, HOMICIDIO.
  • NECESSIDADE, URGENCIA, ATUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMBATE, IMPUNIDADE, CRIME ORGANIZADO.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é claro que trazemos a nossa solidariedade ao voto de pesar encaminhado por tantos colegas do Senado.

Eu estava no meu gabinete quando ouvi o pronunciamento e o requerimento de V. Exª, Senador Tebet. Creio que é claro que o voto de pesar é responsabilidade nossa, Sr. Presidente. Mas aonde vamos chegar? O que está acontecendo com este País? Que medidas vamos tomar além do voto de pesar?

Na sexta-feira passada, eu dizia, da tribuna, que as instituições estão sendo postas a prova neste nosso Brasil. O crime organizado já está imperando em alguns Estados, com presença no meio de políticos, de membros do Judiciário e do Poder Executivo. E ele está vencendo em alguns Estados - é praticamente mais forte do que o próprio Estado.

Neste caso, trata-se de uma extraordinária mulher, que lutou contra tudo. Com capacidade e competência, ela chegou à prefeitura. Anunciava ela que algo iria lhe acontecer, mas dizia que não se dobraria e lutaria contra o crime e contra a violência. Aconteceu o que ela imaginava e ela morreu.

Estamos aqui como se fôssemos uma entidade cultural, fazendo as vezes da Academia Brasileira de Letras. Nós, os intelectuais, eu, Pedro Simon, intelectual - fraquinho, diga-se de passagem, lá do Rio Grande do Sul -, trago a minha solidariedade, como já a trouxeram outros de vários Estados, de várias regiões do País.

Mas o que vamos fazer, Sr. Presidente? Qual é a atitude que vamos tomar? Qual é a ação que vamos adotar contra isso, que é uma realidade e está aumentando? O que vamos fazer com o desrespeito às autoridades constituídas?

A cada dia e a cada hora, onde se vê a violência vê-se, também, um Deputado Federal, Senador, Prefeito, membro do Judiciário, da Polícia Federal, do Exército ou seja lá do que for, fazendo parte do grupo que se chama “crime organizado”. E as vítimas vão-se repetindo. Já se criou, em um Estado do Nordeste - e lá é o contrário -, o grupo das viúvas dos prefeitos que foram assassinados por essas razões, pela violência e pelo arbítrio.

O que vamos fazer, Sr. Presidente? Qual é a nossa ação? O que a instituição - Executivo, Legislativo, Congresso Nacional, Judiciário - vai fazer para dar uma resposta concreta aos fatos que estão acontecendo? A mim parece que os fatos atingiram uma tal magnitude que deveria haver uma ação, um trabalho da sociedade. O Presidente da República poderia convocar o Senado, a Câmara e o Judiciário para debaterem: para buscarmos uma fórmula por meio da qual déssemos uma resposta concreta ao crime organizado. Caso contrário, cada um de nós fará o seu pronunciamento - já estão lá quatro agentes da Polícia Federal fazendo investigação; do Acre já veio um avião trazendo indiciados para cá porque lá não era possível investigar seus atos - e a cada dia haverá um Estado a mais, uma região a mais em que o crime organizado se institucionalizou, com a presença de autoridades em todos os setores. Não sei, Sr. Presidente, mas a mim parece que a resposta tinha que vir com a sociedade se organizando para dar a resposta adequada.

Começou assim na Colômbia, Sr. Presidente. Foi se levando, foi mais um e foi mais outro; hoje, o narcotráfico está lá. Hoje, inventaram a guerrilha junto com o narcotráfico; hoje, o governo já concedeu espaços a esses grupos organizados.

Trago o meu pesar muito grande à família da ilustre Prefeita, ao PT, a toda a sociedade organizada. Mas, Sr. Presidente, parece-me muito pouco, pouco mesmo em se tratando da gravidade daquilo a que estamos assistindo neste País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/1999 - Página 29683