Discurso durante a 62ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

SATISFAÇÃO COM OS RESULTADOS NO CONTROLE DA SANIDADE ANIMAL NA PECUARIA DO ESTADO DO TOCANTINS, E A MODERNIZAÇÃO DA INDUSTRIA FRIGORIFICA.

Autor
Carlos Patrocínio (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: Carlos do Patrocinio Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA.:
  • SATISFAÇÃO COM OS RESULTADOS NO CONTROLE DA SANIDADE ANIMAL NA PECUARIA DO ESTADO DO TOCANTINS, E A MODERNIZAÇÃO DA INDUSTRIA FRIGORIFICA.
Publicação
Publicação no DSF de 20/05/2000 - Página 10354
Assunto
Outros > PECUARIA.
Indexação
  • REGISTRO, MELHORIA, CONDIÇÕES SANITARIAS, REBANHO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), AVALIAÇÃO, MINISTERIO DA AGRICULTURA (MAGR), REDUÇÃO, RISCOS, FEBRE AFTOSA, BENEFICIO, PECUARIA, EXPORTAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, INDUSTRIA, FRIGORIFICO.
  • NECESSIDADE, EMPRESARIO, PRODUTOR, MANUTENÇÃO, CONTROLE DE QUALIDADE, PECUARIA, ESTADO DO TOCANTINS (TO), REGISTRO, AUMENTO, OFERTA, EMPREGO, SETOR.
  • ELOGIO, EXPOSIÇÃO AGROPECUARIA, MUNICIPIO, PORTO NACIONAL (TO), ARAGUAINA (TO), PARAISO DO TOCANTINS (TO), GURUPI (TO), ESTADO DO TOCANTINS (TO).

O SR. CARLOS PATROCÍNIO (PFL – TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aproveito a honrosa ocasião para me ocupar de assunto que considero de alta relevância. Desta vez, isento-me da função de crítico contumaz das coisas erradas que assolam o País, para me dedicar a ofício bem menos constrangedor e doloroso. Na verdade, empresto minha voz, hoje, ao anúncio, em reconhecimento público, de algo deveras enobrecedor para o meu Estado. Trata-se dos excelentes resultados que o setor pecuário de Tocantins vem ultimamente colhendo no controle da sanidade animal, repercutindo seus efeitos na modernização da indústria frigorífica.  

Não sei se é do conhecimento de todos os Colegas, mas o Ministério da Agricultura acaba de publicar uma nova lista de classificação dos rebanhos estaduais no que diz respeito ao controle da sanidade animal. Nessa recente listagem, o Tocantins subiu mais um degrau na escala classificatória, alojando-se numa faixa que se traduz como de médio risco para a febre aftosa. Nessa condição, os produtores locais vencem mais uma etapa da intrincada cadeia produtiva pecuária, rumo à conquista dos mercados nacional e estrangeiro, livres dessa grave doença, que, persistentemente, fulmina a qualidade do gado brasileiro.  

Evidentemente, isso não se deu de graça, nem de um dia para o outro. Em realidade, há pelo menos três anos, os setores envolvidos com a pecuária envidam esforços no sentido de superar as barreiras impostas pela febre aftosa. Segundo os dados divulgados pela Secretaria da Agricultura de Tocantins e pela Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), há 30 meses consecutivos não se registra qualquer caso da doença no rebanho local, cuja população é estimada em mais de 5 mil cabeças. Para tanto, ambos os órgãos - a Secretaria da Agricultura e a Adapec - têm empenhado muito trabalho no cumprimento das exigências fixadas pelo Ministério da Agricultura, no âmbito do controle e da fiscalização da sanidade animal.  

Como desdobramento natural dessa melhoria verificada nas condições de saúde dos nossos rebanhos, a indústria se moderniza a passos aceleradíssimos, conquistando novos e disputadíssimos mercados. Se, do lado do mercado interno, Tocantins fica assim autorizado a comercializar carne com os Estados que integram a área livre da doença, do lado externo, surge, num horizonte bem próximo, a perspectiva de penetrar mercados para lá da fronteira brasileira.  

Além disso, porém, é indispensável que os produtores tocantinenses não se deixem levar pela acomodação nem pela desatenção. Quero dizer que, ingressando no mercado interno, não podemos cair na tentação do descuido da qualidade. No circuito dos grandes mercados consumidores, que se denomina Circuito Pecuário Centro-Oeste, as regras da venda de carne para as populações do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Brasília são extremamente rigorosas. Para se ter uma leve idéia, o produto à disposição do público deve estar inflexivelmente desossado, embalado e devidamente resfriado. Além disso, todas as especificações têm que constar das etiquetas, tais como o sexo do animal, a idade e o tipo de corte.  

Longe de mim, no entanto, sugerir que o empresariado e os produtores de Tocantins não estejam conscientes dessas precauções. Não me interpretem mal! Apenas eu gostaria de, uma vez mais, frisar a necessidade de as indústrias jamais abrirem mão da qualidade, muito menos em tempo de expansão de mercados. E os empresários já demonstraram possuir muita sensibilidade e sensatez para o assunto.  

Digo isso porque, no caso da indústria Safrigu, de Gurupi, por exemplo, o montante de investimento destinado à ampliação e modernização das instalações pressupõe, nitidamente, a expansão do negócio para o mercado internacional. Considerado um dos maiores e mais bem equipados frigoríficos do País, a Safrigu nem sequer aguardou a reclassificação do rebanho tocantinense para investir pesado em sua produção.  

Nessa linha, a direção da Safrigu já comunicou que, em futuro bem breve, a exportação de carne congelada para a Europa comporá sua agenda de compromissos comerciais. Isso se refletirá, evidentemente, na expansão inexorável de empregos na região. Calcula-se que, após a conclusão das obras de ampliação da empresa, com a implementação das atividades de desossa, fracionamento e congelamento, a capacidade de absorção de mão-de-obra praticamente se duplicará. Enquanto, no ano passado, a Safrigu empregava apenas 180 pessoas, hoje sua folha de pagamentos contempla mais de 350 trabalhadores diretos.  

Outro frigorífico que segue os mesmos passos de prosperidade em Tocantins é o FrigoStar, cujas instalações estão igualmente baseadas em Gurupi. Com 100 trabalhadores empregados atualmente, a indústria anuncia que pretende, ainda neste ano, expandir sua massa salarial em 50%, ampliando instalações e diversificando o processamento da carne. Segundo informações de seus sócios, o projeto de construção da sala de desossa da carne já está pronto, aguardando apenas a liberação dos recursos por parte do Banco da Amazônia S.A - Basa . O volume de investimento vai girar em torno de R$400 mil - apenas para se fazer a sala de desossa!  

Sr. Presidente, não me restam dúvidas de que, em ambos os casos relatados, a iniciativa privada atesta maturidade e mentalidade competitiva. A prova reside na determinação inabalável com que vem lutando junto às autoridades para que mudanças substanciais sejam adotadas no setor pecuário. Não foi casual, portanto, que a Associação das Indústrias de Processamento de Carnes e Derivados do Estado do Tocantins - Ascarto - desempenhou papel crucial no processo de reclassificação do rebanho tocantinense como zona de médio risco.  

Do presidente da Ascarto, tomamos conhecimento de que toda essa transformação qualitativa se deve, em grande medida, às gestões e aos apelos feitos pela entidade, há pelo menos dois anos, no sentido de mobilizar as autoridades públicas, profissionais, técnicos, produtores, matadouros e frigoríficos em torno de um único objetivo: avançar na questão da sanidade animal e inserir o Tocantins nos mercados mais exigentes. A expectativa era - e ainda é - a de que, com a reclassificação, o perfil da indústria do Estado atravessará fase de excepcional alavancagem.  

Faço este pronunciamento, Sr Presidente, no momento em que as cidades mais importantes do meu Estado, onde a pecuária é mais desenvolvida, realizam as suas exposições municipais ou regionais.  

Em relação e esse particular, mais uma vez, eu gostaria de enviar os meus cumprimentos aos presidentes dos sindicatos rurais da cidade de Porto Nacional, que, durante esta semana, está realizando a sua exposição agropecuária, que a cada dia ganha mercadoria de alta linhagem, mais adesões por parte do povo e o incremento nos negócios, evidentemente com a participação de parceiros importantes para o financiamento dos produtos do Estado do Tocantins.  

Quero referir-me também à exposição municipal e regional de Araguaína, minha cidade, onde se realiza, talvez, uma das maiores exposições agropecuárias deste País. É uma região que se presta, com excelência, ao criatório do gado.  

No final da próxima semana, será o início da exposição agropecuária de Paraíso do Tocantins, que, como as cidades acima citadas, vem experimentando um acentuado crescimento nos seus negócios, na qualidade do seu gado e, sobretudo, na esperança de que efetivamente o Tocantins passe a ser um dos maiores exportadores de carne do nosso País.  

Como já frisei, Gurupi é uma região de pecuária altamente desenvolvida e é sede dos dois frigoríficos aqui citados neste pronunciamento.  

Portanto, os nossos votos de que essas exposições alcancem o brilhantismo de outras jornadas e de que os agropecuaristas tocantinenses se conscientizem mais da necessidade de se investir em qualidade, em sanidade animal e, sobretudo, em produtividade.  

Em resumo, apesar de Tocantins abrigar apenas dois frigoríficos municiados com o certificado do SIF (Selo de Inspeção Federal), os outros três lá instalados - e agora já se prenuncia a instalação de um outro frigorífico na cidade de Nova Olinda – incorporam, a passos largos, a meta da modernização, visando ao mercado que se abre à frente e adequando-se às características de exigência, competitividade e prosperidade.  

Bem a propósito, o comentário que circula em Tocantins, hoje, é que não há matadouro ou frigorífico na região que não esteja colocando um tijolo a mais, que não esteja melhorando a sua estrutura. Indiscutivelmente, a mudança é de mentalidade, Sr. Presidente!  

Neste despretensioso pronunciamento, eu gostaria de dizer aos industriais do nosso País que o Estado do Tocantins se presta, como um dos mais desenvolvidos, à instalação de indústrias de derivados do couro, como, por exemplo, a indústria de curtumes e, principalmente, a indústria calçadista. Isso ocorre devido à excelência do couro dos seus animais, porque livres de algumas parasitoses, sobretudo berne e carrapato.  

Para concluir, Sr. Presidente, retomo minhas palavras iniciais para enfatizar a satisfação que sinto ao me deparar com o progresso e com a modernização econômica do meu Estado.  

Aos produtores e empresários do setor pecuário, transmito-lhes meus sinceros votos de sucesso, assim como às exposições agropecuárias de Araguaína, de Porto, de Paraíso, de Gurupi e tantas outras de menor porte, que se sucedem nesta época do ano em todo o meu Estado, na convicção de que, parafraseando o presidente da Ascarto, somente quem investir no futuro vai manter-se no mercado. E o futuro para o Tocantins já chegou, Sr. Presidente!  

Era o que tinha a dizer.  

 

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/05/2000 - Página 10354