Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DADOS DA PESQUISA DA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO SOBRE O JULGAMENTO DAS INSTITUIÇÕES NACIONAIS PELOS JOVENS.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA POLITICA.:
  • CONSIDERAÇÕES SOBRE OS DADOS DA PESQUISA DA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO SOBRE O JULGAMENTO DAS INSTITUIÇÕES NACIONAIS PELOS JOVENS.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2000 - Página 10907
Assunto
Outros > REFORMA POLITICA.
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO, JUVENTUDE, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, REDUÇÃO, PRESTIGIO, INSTITUIÇÃO PUBLICA, AUSENCIA, CONFIANÇA, POLITICO, PARTIDO POLITICO, GOVERNO FEDERAL, JUDICIARIO, EFEITO, AMEAÇA, DEMOCRACIA.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, REALIZAÇÃO, REFORMA POLITICA, VALORIZAÇÃO, ETICA, MODERNIZAÇÃO, INSTITUIÇÃO PUBLICA, MELHORIA, SISTEMA, REPRESENTAÇÃO POLITICA, OBJETIVO, INCENTIVO, JUVENTUDE, INTERESSE, POLITICA, PAIS.

O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna desta Casa para tratar de um dos problemas mais preocupantes para o futuro do Brasil: a desilusão dos jovens com a política, com os políticos, com as instituições nacionais, o que traria prejuízos futuros para a própria democracia.  

Pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo demonstra que o jovem brasileiro não confia nos políticos, nem nos partidos políticos, nem no Governo Federal, nem no Judiciário.  

As únicas instituições que ainda inspiram o respeito e a confiança dos jovens são a família e a Igreja Católica.  

A pesquisa, cujos resultados são muito preocupantes, pois demonstra que não há muito espaço para o desenvolvimento dos jovens em nosso País, foi realizada com 1.806 jovens das nove maiores regiões metropolitanas, no período de 18 a 21 de novembro de 1999.  

Para um país essencialmente jovem como o Brasil, cujo futuro dependerá exclusivamente desses jovens para se consolidar como nação democrática, pluralista, aberta social e economicamente, esses resultados são especialmente graves e representam um alerta para todos quantos temos responsabilidade política.  

Um diagnóstico mais profundo dessa realidade social, seus elementos subjacentes e suas relações de causalidade, não caberia neste meu modesto pronunciamento. Caberia ao campo de atuação dos cientistas sociais aprofundar as pesquisas diretamente relacionadas com esses problemas.  

Sabemos que há uma grave crise ética não apenas na sociedade brasileira, mas em todo o mundo: a economia, a política, a ciência muitas vezes sacrificam o bem comum, em benefício do egoísmo e do individualismo: os interesses particulares muitas vezes dominam a esfera pública.  

A glorificação do dinheiro e da riqueza constituem sinais evidente dessa crise ética, pois a dignidade da pessoa humana é muitas vezes relegada a uma posição subalterna, predominando a discriminação e a exclusão sociais, com graves prejuízos para a democracia e a justiça.  

Como homem público e preocupado com o futuro do Brasil, com o futuro de nossos filhos e netos, não poderia deixar de analisar alguns aspectos políticos envolvidos nos resultados dessa pesquisa.  

Sr. Presidente, não se trata de rejeição exclusiva por esse ou aquele partido político, por essa ou aquela legenda, por esse ou aquele Poder, por essa ou aquela instituição: trata-se de desencanto, de apatia e até mesmo falta de esperança dos jovens brasileiros na política e nas instituições políticas e democráticas.  

Não pretendo também discutir a representatividade da pesquisa, o tamanho e os estratos pesquisados, pois os resultados refletem aquilo que todos nós muitas vezes captamos em contato com pessoas e entidades com as quais mantemos contato, para não falarmos dos meios de comunicação social, que podem colaborar para fixar ou modificar tendências e opiniões.  

Todos nós temos consciência da gravidade da situação, pelo que significa o desalento para aqueles que, com a energia própria da idade, deveriam estar entusiasmados para reformar o Brasil, para corrigir os erros das gerações passadas, para transformar nosso País numa pátria de homens e mulheres verdadeiramente livres, com exercício pleno da cidadania e da democracia.  

Uma geração apática, desencantada, individualista, sem entusiasmo, sem participação social, afastada da política, dificilmente tomará a peito a enorme tarefa de construir um país mais democrático, capaz de resolver sua enorme dívida social, principalmente as relativas à pobreza, desemprego, educação, saúde e exclusão social.  

Uma geração desinteressada em política dificilmente conseguirá associar desenvolvimento e democracia, cidadania e melhor distribuição da renda, erradicação da miséria, justiça social.  

O Presidente Fernando Henrique Cardoso tem defendido a necessidade de uma Reforma Política capaz de dotar o Brasil de instituições políticas modernas, possibilitando maior participação popular, dando maior representatividade e transparência à vida pública, tornando a democracia mais efetiva e não mera figura de retórica.  

Defendemos uma Reforma Política que contemple o primado da Ética e da Justiça , o aperfeiçoamento das instituições democráticas, maior representatividade política, para que o Estado possa efetivamente cumprir o seu papel específico de defesa da justiça e do bem comum.  

Defendemos uma Reforma Política que adote estruturas e instituições políticas adequadas ao povo brasileiro, com descentralização do poder, com transparência de informações, com maior participação da sociedade e com um sistema de controle do poder em todos os níveis.  

Defendemos uma Reforma Política que contribua para maior estabilidade política e democrática, para maior coesão e fortalecimento dos partidos políticos, dê maior transparência à vida pública, combatendo a corrupção e a impunidade, permitindo maior participação dos jovens e mulheres na política.  

Em resumo, defendemos uma Reforma Política que garanta mais cidadania a todos os brasileiros, mais democracia, o primado do Direito e da Ética, a supremacia da vontade popular, com partidos políticos que representam as verdadeiras aspirações do povo brasileiro.  

Muito obrigado.  

 

P°Ü Ï


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2000 - Página 10907