Discurso durante a 121ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Alerta para a decretação de greve nacional, a partir de 20 do corrente, pelos trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos-ECT.

Autor
Geraldo Cândido (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Geraldo Cândido da Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Alerta para a decretação de greve nacional, a partir de 20 do corrente, pelos trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos-ECT.
Publicação
Publicação no DSF de 20/09/2000 - Página 18803
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • ANUNCIO, OCORRENCIA, DECRETAÇÃO, GREVE, TRABALHADOR, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), MOTIVO, REIVINDICAÇÃO, REAJUSTE, SALARIO, MANUTENÇÃO, DIREITOS, RESPEITO, SINDICATO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. GERALDO CÂNDIDO (Bloco/PT - RJ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os 83 mil trabalhadores da Empresa de Correios e Telégrafos, que lidam com 27 milhões de objetos, diariamente, distribuídos em todos os municípios do território nacional, estão em campanha salarial, com data base em 1º de agosto e com greve nacional marcada - por tempo indeterminado - a partir da 00:00 hora do dia 20 de setembro de 2000.

Cabe destacar que os trabalhadores da ECT enviaram ofício, no mês de julho, ao presidente da empresa, no sentido de estabelecer uma negociação direta entre a direção dos Correios e a dos trabalhadores. Entretanto, o Sr. Hassan Gebrin não recebeu os trabalhadores, mostrando assim o descaso com os trabalhadores. Diante disso, a greve será o instrumento legítimo contra a intransigência da ECT em negociar.

A razão alegada pela empresa para não negociar é que já apresentou sua proposta. Bem, Srªs e Srs. Senadores, a proposta é considerada ridícula diante da realidade econômica que presenciamos, a qual passo a descrever: ou seja, um reajuste salarial de 2%; quando as perdas salariais da categoria são de 25,47%; mais R$2,00 de reajuste no vale cesta; R$0,50 a mais no vale refeição; abono de 50% no salário, limitado a R$500,00, como limite mínimo e R$1.000,00 como limite máximo; e por último, retirada de direitos e benefícios prescritos no acordo coletivo.

O pacote patronal representa um gasto anual de aproximadamente 70 milhões de reais, ou um acréscimo de 2,59% dos gastos da empresa. Isso não é razoável, haja vista que a empresa obteve lucro líquido de R$263 milhões, no ano de 1999, e estima-se para o ano 2000 um lucro de R$500 milhões.

A cúpula da ECT economiza para atender ao pleito dos trabalhadores, mas não procede com a mesma economia ao dar 30 milhões de patrocínio para equipe de esportes aquáticos participar das Olimpíadas; aplica 45 milhões em propaganda e milhares de reais são queimados, conforme denuncia o Ex-Presidente da ECT, por meio de fundos da empresa para beneficiar o PSDB mineiro, a VASP, a concessionária da Mercedes, o escritório de corretor de imóveis de amigos do Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga e outras irregularidades.

Os trabalhadores reivindicam piso salarial de 5 salários mínimos, aumento real de 10% além das perdas salariais, manutenção do emprego, isonomia de salários e benefícios, manutenção de direitos, respeito à organização sindical, fim da ditadura militar na ECT e apresentação de uma contraproposta decente por parte da empresa.

Vale também ressaltar que os trabalhadores da ECT são os responsáveis pelo transporte das urnas eleitorais, entre outros serviços indispensáveis durante pleito eleitoral que se aproxima.

Portanto, diante do exposto e da boa situação econômica-financeira da empresa, será prudente, da parte da ECT, buscar uma solução negociada com a Comissão Representativa dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos, antes que a greve se inicie e cause transtornos indesejáveis à população e ao País.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/09/2000 - Página 18803