Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

CONGRATULAÇÕES A SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA PELA PROMOÇÃO DA XXI SEMANA DO CORAÇÃO, REALIZADA EM SETEMBRO ULTIMO PARA COMEMORAR O TRANSCURSO DO "DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO", NO BRASIL.

Autor
Carlos Patrocínio (PFL - Partido da Frente Liberal/TO)
Nome completo: Carlos do Patrocinio Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • CONGRATULAÇÕES A SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA PELA PROMOÇÃO DA XXI SEMANA DO CORAÇÃO, REALIZADA EM SETEMBRO ULTIMO PARA COMEMORAR O TRANSCURSO DO "DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO", NO BRASIL.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2001 - Página 5804
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • ANALISE, AMPLIAÇÃO, OCORRENCIA, HIPERTENSÃO ARTERIAL, DEFESA, INFORMAÇÃO, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, AUMENTO, PREVENÇÃO, CONTROLE, DOENÇA, REDUÇÃO, MORTE.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PRECARIEDADE, TRATAMENTO, PREVENÇÃO, DOENÇA, CARDIOPATIA GRAVE, REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, DOENTE, ELOGIO, REALIZAÇÃO, SEMANA, CARDIOLOGIA.

           O SR. CARLOS PATROCÍNIO (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna para falar mais detalhadamente sobre uma doença que é classificada como a mais danosa das “enfermidades silenciosas”: a hipertensão arterial e que vem sendo modernamente conceituada na medicina como uma síndrome caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados, associados a alterações metabólicas e hormonais e a hipertrofias cardíaca e vascular.

            Trata-se de um estado alterado de saúde no qual a pressão do sangue está acima dos níveis considerados normais, isto é, com medidas acima de 140 mmHg para a pressão sistólica e acima de 90 mmHg para a pressão diastólica.

            Essa doença ainda não tem suas causas completamente conhecidas. Sabe-se, no entanto, que alguns fatores tais como hereditariedade, elevação da faixa etária, obesidade, tabagismo, consumo exagerado de sal, sedentarismo, e outros, contribuem para o aparecimento ou aumentam a probabilidade de ocorrência da hipertensão.

            É importante ressaltar que, na maior parte dos casos, não existe nenhum sintoma ou sinal da doença. Este fator faz com que grande parte dos hipertensos nem saibam que sofrem desse mal, conhecido como “a doença que mata em silêncio”.

            Dependendo do estágio da doença, alguns sintomas como sangramento nasal, dor no peito, falta de ar, alterações da visão, vertigens, dor de cabeça, podem se manifestar, combinados ou isoladamente.

            Sr. Presidente, a razão de eu estar aqui a mencionar tantos pormenores da hipertensão arterial é minha convicção da necessidade de se alertar a população sobre a doença e de se intensificar medidas para sua prevenção em nosso País, onde, a cada ano, 300 mil pessoas morrem por causa do coração.

            Ainda não há cura para a hipertensão arterial, apenas tratamento para o seu controle. Nas últimas décadas, devido à magnitude do problema, em nível mundial, vem sendo constante a preocupação em ampliar e aperfeiçoar os métodos para seu diagnóstico e tratamento e também em implementar estratégias visando à conscientização da população para a necessidade da prevenção primária da doença.

            Como médico, creio ser importante alertar para o fato de que, independentemente de ser assintomática ou não, a hipertensão traz sérios riscos à saúde humana. Os principais alvos da doença são órgãos nobres do nosso corpo: cérebro, coração e rins. Ela aumenta diretamente o risco de desenvolver doenças nas artérias coronárias, podendo conduzir a um infarto do miocárdio; a problemas vasculares no cérebro, facilitando a ocorrência de derrame; à insuficiência renal e outros sérios agravos à saúde.

            Srªs e Srs. Senadores, em nosso País, a prevalência da hipertensão arterial é bastante elevada. Calcula-se que cerca de 15% a 20% da população brasileira adulta possa ser rotulada como hipertensa. Dados estatísticos não faltam. São muitos e variados. A Sociedade Brasileira de Hipertensão estima que essa doença atinja 15 milhões de pessoas, no País. As associações de hipertensos, no entanto, apontam números bem maiores, estimando que o total de vítimas dessa doença chegue a 30 milhões.

            Como já mencionei anteriormente, a hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e de mortalidade cardiovasculares. Trata-se de uma doença de alto custo social, responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho, no País.

            Sr. Presidente, o próprio título da matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, em 8 de maio deste ano, registrando o transcurso do Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, em 4 de maio, já chama a atenção para o fato de que a “Atenção a hipertenso é falha no País”, informando que, do contingente de hipertensos brasileiros, apenas 2,7% estariam em tratamento.

            Essa brutal diferença entre o total de doentes e a soma dos que se tratam é conseqüência direta das falhas existentes nos serviços de saúde, da falta de adoção de medidas simples de prevenção, das precárias condições de trabalho e, também, da desatenção dos profissionais da área médica.

Diagnosticada tardiamente, ou de forma incorreta, a hipertensão tornou-se a principal doença associada ao infarto do miocárdio e ao derrame cerebral.

Não obstante a gravidade do quadro brasileiro, cumpre destacar um fato alvissareiro: os dirigentes das Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão e Nefrologia engajaram-se na luta do Ministério da Saúde para reverter essa preocupante situação.

A prevenção é arma indispensável e eficaz, Sr. Presidente. Segundo o mencionado artigo da Folha, em locais onde a hipertensão arterial é enfrentada com mais empenho, como nos Estados Unidos ou nos países da Europa Ocidental, a mortalidade por derrame cerebral, por exemplo, vem tendo queda rápida e significativa, nos últimos 20 anos.

Em nosso País, verifica-se que essa queda é muito mais lenta. Na opinião do Diretor da Clínica Médica do Hospital Universitário da USP, Dr. Paulo Lotufo, “isso ocorre porque a pressão arterial média do brasileiro é ainda bastante elevada. O aumento da obesidade pode ser um fator agravante, mas a falta de controle da hipertensão ainda é um problema crônico”.

Há mudanças, porém. Os efeitos da intensificação das medidas de prevenção e da promoção de eventos de conscientização da população já se fazem sentir. Os hipertensos buscam se organizar e pressionar, acreditando em seu lema de que “Trinta milhões de hipertensos podem fazer muita pressão”.

Em março deste ano, os dirigentes de 16 associações fundaram a Confederação Nacional das Associações de Portadores de Hipertensão Arterial - Conapa e querem espalhar associações em todas as cidades, fiscalizar políticas de saúde e reivindicar ações informativas, leis e medicamentos que garantam atendimento aos pacientes portadores dessa traiçoeira doença.

Ao concluir meu pronunciamento, gostaria de parabenizar a Sociedade Brasileira de Cardiologia pela promoção da XXI Semana do Coração, realizada em setembro último para comemorar o transcurso do Dia Mundial do Coração, no Brasil, e registrar minha satisfação em verificar que já existe uma mobilização e uma conscientização da sociedade em relação à doença, e também um empenho maior do Ministério da Saúde em reduzir a hipertensão arterial em nosso País.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2001 - Página 5804