Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

INDIGNAÇÃO A MATERIA PUBLICADA NO JORNAL DO SENADO SEGUNDO A QUAL S.EXA. TERIA FEITO DECLARAÇÕES RELATIVAS A RENUNCIA DO EX-SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES. COBRANÇA DE PROVIDENCIAS A MESA.

Autor
Lúcio Alcântara (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Lúcio Gonçalo de Alcântara
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • INDIGNAÇÃO A MATERIA PUBLICADA NO JORNAL DO SENADO SEGUNDO A QUAL S.EXA. TERIA FEITO DECLARAÇÕES RELATIVAS A RENUNCIA DO EX-SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES. COBRANÇA DE PROVIDENCIAS A MESA.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2001 - Página 10836
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIA FALSA, JORNAL, JORNAL DO SENADO, DISTRITO FEDERAL (DF), DECLARAÇÃO, ORADOR, REFERENCIA, RENUNCIA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, EX SENADOR, SOLICITAÇÃO, PRESIDENCIA, CORREÇÃO, PUBLICAÇÃO, APURAÇÃO, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, solicitei a palavra, pela ordem, para manifestar a minha indignação com notícia que consta no Jornal do Senado atribuindo-me declarações que nunca fiz, em nenhum momento, em nenhum lugar e a nenhuma pessoa. Não fui ouvido, não fui entrevistado, não discursei. Há, portanto, no mínimo, um grave equívoco.

            Sr. Presidente, a minha preocupação refere-se ao fato de que as declarações a mim atribuídas não fazem jus ao meu caráter, à minha formação.

Sr. Presidente, fui um dos Senadores que tiveram o pesado encargo de opinar e votar no processo que envolveu os Senadores Antonio Carlos Magalhães e José Roberto Arruda. Fi-lo, ao proferir o meu voto, com a convicção de que cumpri - evidentemente ela enseja divergências, opiniões contrárias à minha convicção -, o meu dever, a minha obrigação. Em todos os momentos do processo, arcando, às vezes, com incompreensões da imprensa e até de amigos, fiz questão de adotar uma postura discreta, recato que, creio, cabe aos juízes observar. E era como juiz que lá me encontrava, até que, chegado o momento oportuno, manifestei, com sensatez e com discrição, o meu voto, a minha opinião.

Não seria agora, depois de o Senador Antonio Carlos Magalhães ter renunciado ao seu mandato, legitimamente conquistado, enfrentado um dos dias mais duros de sua vida política, como S. Exª mesmo teve ocasião de dizer aqui, que eu iria fazer as declarações que estão aqui a mim atribuídas.

Sr. Presidente, peço a V. Exª que compreenda a minha indignação, adote as providências que o caso requer e mande corrigir isso, porque se trata de uma inverdade.

Terminada a reunião, falei com três jornalistas: Tereza Cruvinel, Ariosto Teixeira e Délis Ortiz e a nenhum deles eu disse isso, muito menos a qualquer jornalista da Agência Senado ou do Jornal do Senado, porque não fui entrevistado, não me pediram opinião. Por que eu iria tripudiar sobre o Senador Antonio Carlos Magalhães? Cada Senador é livre para dizer o que pensa e para agir como acha que deve. Eu respondo pelos votos que dou, pelos meus atos e pelas palavras que pronuncio. Não posso aceitar que se coloque na minha boca palavras que não proferi, palavras que não pronunciei e que considero graves. Cumpri o meu dever, a minha obrigação. Mas isso não quer dizer que eu tripudie ou faça comentário que não me cabe sobre o futuro político do Senador Antonio Carlos Magalhães ou de qualquer outra natureza.

Compreendo inclusive a mágoa de S. Exª aqui extravasada. Não concordo com todos os termos do seu discurso, mas acho que S. Exª agiu em legítima defesa política quando renunciou e quando fez esse discurso. Por essa razão, eu não pronunciaria as palavras que estão aqui. Pode parecer que se trata de um episódio simples. Mas não é. Sou amigo do ex-Senador Antonio Carlos Magalhães. S. Exª pode até estar magoado, como disse aqui ontem, com o Senado, com o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Essas palavras, eu não as pronunciei, não disse isso que está aqui. Não tenho o direito de interferir na vida política futura de S. Exª e muito menos prever o que vai acontecer na Bahia, ou de fazer qualquer outro tipo de julgamento. Isso não é de minha competência, não diz respeito à minha atuação como Senador. O que eu tinha de fazer nesse caso eu fiz quando dei o meu voto no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, e ponto final.

S. Presidente, encareço à Mesa que determine ao setor responsável a devida correção e que trate de adotar as providências para que erros dessa natureza não se repitam. Inclusive, ontem, o Jornal do Senado trazia uma longa matéria com declaração a mim atribuída que, embora não tivesse a gravidade dessa outra, recomendei à minha Assessora de Imprensa, a Jornalista Sandra Ibiapina, que se dirigisse à Diretora do Jornal do Senado e manifestasse a minha surpresa com o que ali estava escrito, já que eu não havia feito tal declaração. No dia seguinte, o que vem é pior ainda, tendo em vista tratar-se de uma declaração mais extensa e de uma gravidade muito maior, já que envolve conceitos que não emiti.

Sr. Presidente, é preciso verificar se não está havendo algo de errado no funcionamento desse setor. Imagino que a Mesa vai adotar todas as providências. O Jornal do Senado tem a obrigação de ser fiel ao que dizem os Srs. Senadores na tribuna, nas Comissões ou às declarações pelas quais assumam sua inteira responsabilidade.

Era isso, Sr. Presidente. 

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Senador Lúcio Alcântara, a Presidência e os Senadores conhecem o caráter e a decência de V. Exª. Portanto, nos solidarizamos a V. Exª em relação a sua indignação.

A Mesa tomará todas as providências para apurar o ocorrido e fará os reparos devidos.

O Jornal do Senado tem e precisa ter credibilidade, e não pode comprometê-la com equívocos ou erros dessa natureza.

Esteja V. Exª seguro de que a Mesa tomará todas as providências necessárias.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE) - Inclusive a apuração de responsabilidades, se houver.

O SR. PRESIDENTE (Edison Lobão) - Inclusive apurando as responsabilidades.

O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE) - Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2001 - Página 10836