Discurso durante a 93ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

COMENTARIOS A REPERCUSSÃO PROVOCADA PELOS PRONUNCIAMENTOS DE S.EXA. SOBRE A SUCESSÃO PRESIDENCIAL.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • COMENTARIOS A REPERCUSSÃO PROVOCADA PELOS PRONUNCIAMENTOS DE S.EXA. SOBRE A SUCESSÃO PRESIDENCIAL.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2001 - Página 17156
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • COMENTARIO, AUSENCIA, IMPRENSA, DIVULGAÇÃO, NOME, ORADOR, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • AGRADECIMENTO, CARLOS CHAGAS (MG), JORNALISTA, ANUNCIO, RESUMO, PRONUNCIAMENTO, ORADOR, JORNAL, TRIBUNA DA IMPRENSA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, MARCIO MOREIRA ALVES, JORNALISTA, DIVULGAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), QUESTIONAMENTO, CONDUTA, ORADOR, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia os seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu estava inscrito e cedi o meu espaço; por isso, se for possível um pouco mais de tempo, eu agradeço.

Venho a esta tribuna agora apenas de passagem - porque é uma comunicação especial - dizendo que pretendo voltar.

Ocupei esta tribuna, debati, analisei longamente a questão da sucessão e fiz um exame do comportamento da grande imprensa, de como a imprensa se comportava com relação às várias candidaturas. E constatava que, por exemplo, o meu nome não aparecia. Hoje ele aparece; aparece na Tribuna da Imprensa em “Em ação, a metralhadora giratória de Simon”, de Carlos Chagas, em que o jornalista faz uma ampla análise, elogiando, criticando e, o que é mais importante, narrando, por assim dizer, tudo o que falei desta tribuna. Eu quero agradecer ao Carlos Chagas as críticas e os elogios e principalmente o fato de ele ter anunciado na sua importante coluna da Tribuna da Imprensa a síntese do meu pronunciamento.

Já o meu amigo Marcio Moreira Alves, em O Globo, em longa e brilhante exposição que sempre faz...Tenho muito respeito pelo Márcio, pela sua história, pela sua biografia, nunca poderei esquecer o discurso que ele fez, em cinco minutos, que acabou determinando o fechamento o Congresso Nacional com o AI-5. Tudo porque ele fez um pronunciamento que deu margem a tudo isso. Nós do Rio Grande do Sul tivemos uma luta difícil; do Rio Grande do Sul demos total solidariedade ao Marcio, à decisão do Congresso Nacional que o absolveu e ao protesto contra a violência da sua cassação.

Mas o Marcio diz: “Pensei nisso, ouvindo o discurso de Pedro Simon, exigindo que a mídia tratasse sua candidatura à Presidência da República pelo PMDB em pé de igualdade com o tratamento dado a do Ciro Gomes”. Eu não disse isso. Tenho o maior carinho por ele e o respeito. Acho que ele é um grande líder. Tem o direito a ter a mídia. Acho normal. Mas perguntei por que, por exemplo, Ciro Gomes - que não é Governador como o Itamar Franco e o Anthony Garotinho, não é um nome que está aí há vinte anos, como o de Lula - tem todas as manchetes. No meu caso, elas não aparecem. É um direito fazer a reivindicação.

O Boris Casoy, no seu programa, diz que achava justa a reclamação que eu fazia.

Mas ele vai além. “O Simon tem que explicar que se aliou ao Ministro Eliseu Padilha para derrotar a chamada banda boa do PMDB do Rio Grande do Sul; é meio complicado de engolir”. Olha, Márcio, você não poderia escrever isso. Conhecendo-me, você não tinha o direito de escrever o que escreveu aqui. Você sabe que o PMDB do Rio Grande do Sul tem a sua honra, tem a sua tradição, tem a sua história e tem a sua biografia. O Pedro Simon comandou esse Partido ao longo do tempo, nas horas mais árduas, e pode ter mil defeitos, mas isso que você está dizendo aqui...

Houve uma prévia, com cinqüenta mil filiados, para escolher quem seria o Presidente do PMDB entre dois grandes nomes: o Deputado Estadual Paulo Odone e o Deputado Federal Cézar Schirmer. Fizeram uma ampla campanha, percorrendo todo o Rio Grande do Sul. Eu não andei por nenhum lugar, não falei com nenhuma pessoa. No dia da eleição, escrevi uma nota, dizendo que meu voto era de Cézar Schirmer. Foi isso que fiz. Não me aliei com ninguém, não participei de nada.

Agora, numa coluna como a do Sr. Marcio Moreira Alves, ele fazer uma afirmação gratuita e grosseira que nem ele fez, querendo pisar - parece que sob encomenda -, eu não consigo entender aonde quer chegar o Sr. Marcio Moreira Alves.

“Gastou a sua estapafúrdia oratória, a sua oratória teatral”. É a minha, Marcio. O Dr. Ulysses, escrevendo sobre ela, fez um dos artigos com que eu mais me emocionei e que guardo, até hoje, no meu gabinete. É a minha. Ele não gosta? Ele tem a sua voz cavernosa, permanente, sempre a mesma? É a dele. Vale a pena respeitarmos - e eu acho que tinha o respeito do Marcio.

 “Não suba o sapateiro acima das sandálias” - traduzindo: não se meta onde não é chamado.

Essa grosseria do Marcio, eu não entendo. Pode ele achar que não sou nada mais do que sapateiro. Tenho o maior respeito pelo sapateiro? Ao contrário do ditado, penso que muitas vezes o sapateiro pode subir além, vencer e ir adiante. Não tenho essas restrições que tem de ser nobre ou filho de general para poder ter vez. Sou alguém que merece respeito. Andei por todos os graus da vida partidária. Em mais de uma oportunidade, passou por mim a indicação de candidatura à Presidência. Eu não aceitei. Desta vez, estou aceitando uma missão de sacrifício, que é debater dentro do PMDB, é ter uma candidatura própria do Partido, é não aceitar continuar coligado com o Governo, mas sair dele, é ter uma proposta para um Partido que está congelado desde que morreu o Dr. Tancredo Neves. É isso que estou fazendo. Por que eu estou me levantando acima do calcanhar? Por que não estou sendo chamado? Estou sendo chamado, sim. Santa Catarina, por unanimidade, indicou meu nome; Paraná, por unanimidade, indicou meu nome; Rondônia, por unanimidade, indicou meu nome. Por onde tenho andado, tenho recebido respeito, carinho e admiração.

Continuo dizendo que o Itamar deve ficar no PMDB. Ficando, tenho para mim que Itamar deverá ganhar a convenção. E fico satisfeito, não estou preocupado com isso.

O que não admito é que se diga como ele diz no final: “As ilusões do teatral Simon serão alimentadas, mas, na hora decisiva, o PMDB seguirá com o candidato do Planalto”. De onde o Sr. Marcio tira essa conclusão? De onde ele tira essa conclusão? Quero acreditar que ele realmente pode estar convivendo demais com o Palácio. No entanto, o PMDB não marchará com o Palácio.

Posso dizer ao Sr. Marcio Moreira Alves que, se o Itamar ficar, será bom. Disputarei com ele e, se ele ganhar, terei a honra de fazer a sua campanha. Se o Itamar não ficar, haverá candidatura: eu serei candidato ou quem se apresentar para concorrer comigo. Mas o PMDB terá candidato próprio, se afastará do Palácio e terá uma plataforma que mostre um novo PMDB e uma nova cara de fazer política na história deste País.

Meu amigo Márcio, quero agradecer-lhe, porque, afinal de contas, quem leu a sua coluna - e várias pessoas lêem - ficou sabendo que sou candidato, porque até então não sabiam. Os que liam O Globo não sabiam. Hoje, meu amigo Marcio, já recebi vários telefonemas de amigos, é claro, amigos meus, inclusive gaúchos que moram no Rio de Janeiro discordando do Dr. Marcio, mandando solidariedade a mim e protestando contra a coluna. No fundo, no fundo, eu, pelo menos, não posso mais dizer que não saio nas colunas dos grandes jornais. No entanto, espero as desculpas do Marcio Moreira Alves. Espero que ele tenha a humildade de me procurar e de dizer: “Simon, eu me equivoquei.” Aquilo de ‘falou sobre a eleição do Rio Grande do Sul’ pode não sei o quê, ter me falado, mas eu sei que não é verdade. Simon, eu me equivoquei. Eu acompanhei a tua vida toda, nas horas mais difíceis e mais amargas, e sei que tu estavas com Tancredo, com Ulysses, com Teotônio, comandando o Partido nas horas mais duras”.

Eu espero, Sr. Presidente, eu espero um reparo do Márcio Moreira Alves. Aliás, errar pode ser humano; reconhecer o equívoco merece respeito. Conhecendo o Márcio, acho que ele vai ver a injustiça, para não dizer a maldade, que ele fez comigo. E haverá de vir a retificação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2001 - Página 17156