Discurso durante a 104ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Ingresso do Estado do Tocantins na rede mundial de estudos da biosfera e da atmosfera amazônica.

Autor
Carlos Patrocínio (S/PARTIDO - Sem Partido/TO)
Nome completo: Carlos do Patrocinio Silveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Ingresso do Estado do Tocantins na rede mundial de estudos da biosfera e da atmosfera amazônica.
Publicação
Publicação no DSF de 31/08/2001 - Página 19043
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • ANUNCIO, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), PARCERIA, INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE), PROGRAMA, ESTUDO, BIOSFERA, ATMOSFERA, REGIÃO AMAZONICA, PESQUISA CIENTIFICA, METEOROLOGIA, INVESTIGAÇÃO, INTERDEPENDENCIA, CLIMA, MUNDO, ANALISE, EFEITO, UTILIZAÇÃO, SOLO, EMISSÃO, GAS CARBONICO, CONSOLIDAÇÃO, DADOS, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CARLOS PATROCÍNIO (PFL - TO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, É com enorme satisfação que trago ao conhecimento desta Casa do ingresso de meu Estado, o Tocantins, na rede mundial de estudos da biosfera e da atmosfera amazônica. Trata-se de um passo importante para que o mais novo Estado da federação ofereça sua contribuição efetiva aos trabalhos de monitoramento das alterações climáticas no planeta.

            A participação do Tocantins está sendo viabilizada por meio de parceria do nosso Instituto Ecológica, e de outras instituições locais, com o programa Grande Experimento da Biosfera e Atmosfera da Amazônia (LBA), conduzido pelo INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O Estado detém uma posição geográfica privilegiada com relação à Amazônia, daí a pertinência de instalar-se ali novos pontos de observação, acompanhamento e estudos climáticos.

            Tradicionalmente, a Amazônia é considerada uma área fundamental para os estudos científicos em praticamente todas as especialidades das ciências da terra, considerado o expressivo volume de riquezas que abriga. Além disso, segundo a avaliação dos estudiosos, na medida em que toda e qualquer alteração no ecossistema amazônico pode gerar uma série de alterações, com implicações diretas em todo o sistema de clima do planeta, torna-se um campo de estudos mandatório para todos os pesquisadores do campo da meteorologia.

            A chamada LBA, ou Grande Experimento da Biosfera e Atmosfera da Amazônia, é um programa de cooperação técnico-científica do qual participam mais de 50 universidades e instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, inclusive a Agência Espacial Nacional Americana - Nasa. Esse programa, liderado e coordenado pelo Brasil, por intermédio do INPE, como já salientei, conta com financiamento de agências nacionais, norte-americanas e européias, e iniciou seus trabalhos há três anos, em 1998, no Distrito Federal e nos estados do Acre, Rondônia, Amazonas e Pará.

            A proposta central do programa é entender o modo de funcionamento da Amazônia na condição de entidade regional, compreendendo de que forma as mudanças relacionadas ao uso da terra e ao clima atingem o funcionamento biológico, químico e físico da região, incluída sua sustentabilidade e sua influência sobre o clima global.

            Os trabalhos em toda a Amazônia estão direcionados para questões relativas ao estoque e fluxos de carbono em florestas primárias e secundárias, alterações no fluxo de carbono por mudanças de uso do solo, química da atmosfera e da precipitação. Ademais, serão estudados a modelagem do ecossistema, o sensoriamento remoto da cobertura do solo e da atmosfera, o fogo e as suas interações com o ambiente e os aspectos sociais e econômicos das alterações no sistema amazônico.

            Em um prazo de seis anos de estudos, o projeto como um todo espera recolher e consolidar uma base de conhecimento voltada para o uso sustentável da terra da região, pois as florestas tropicais continuam sendo objeto de danos consideráveis a taxas verdadeiramente preocupantes, conforme registram os estudos mais recentes.

            O Instituto Ecológica, do Tocantins, estabeleceu um princípio de parceria com o LBA em dezembro passado, em San Francisco, na Califórnia, ocasião em que apresentou ao Comitê Científico Internacional o projeto de pesquisa na área de fluxo de carbono.

            Junto com o Ecológica também terão participação no programa, em um primeiro momento, a Ulbra - Intitulo Luterano de Palmas e a Unitins - a nossa Universidade do Tocantins, instituições que seguramente oferecerão importantes aportes às atividades que vêm sendo desenvolvidas.

            Um aspecto que me parece igualmente bastante relevante é o relativo à capacitação de recursos humanos para o projeto. E aí temos um importante ganho adicional para o Estado. Na sociedade do conhecimento, a educação tornou-se contínua. As demandas sociais e econômicas exigem um exercício permanente de capacitação. Assim, o projeto que integra o Tocantins à rede mundial de pesquisa da biosfera e atmosfera vai exigir - e oferecer as condições indispensáveis para tanto - a formação permanente de novos pesquisadores, ampliando a nossa comunidade científica pela inclusão de novos membros, e estimulando, ainda, o ingresso desse pessoal no circuito científico internacional, que viabiliza o intercâmbio de experiências entre especialistas de várias partes do mundo.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como sabemos, desde o início dos anos 70, por intermédio de um esforço coletivo e da ação concertada em várias partes do planeta, os Governos de inúmeros países passaram a considerar seriamente a importância de protegermos o meio ambiente. Ao mesmo tempo, tinha início uma campanha mundial com vistas à difusão da imperiosidade de conscientizar-se as sociedades a respeito da questão. Dessa forma, conseguimos finalmente alcançar o que poderíamos chamar de uma consciência global sobre o assunto. Veja-se que a preocupação com a qualidade do meio ambiente alcança hoje governos, cidadãos e também um número expressivo e crescente de empresas, além das organizações não-governamentais, que nesse segmento têm prestado um serviço de indisputada utilidade para toda a humanidade.

            E isso tudo, Sr. Presidente, a despeito da atitude pouco cooperativa do novo governo dos Estados Unidos, que se nega a firmar o Protocolo de Kyoto, desobrigando-se, assim, de respeitar a limitação das emissões de dióxido de carbono na atmosfera.

            Mas, enfim, queria dar ciência a meus pares desse importante evento de integração do Tocantins à rede mundial de pesquisas da biosfera e atmosfera amazônica, ao tempo em que me congratulo com todas as instituições envolvidas, em especial com o Instituto Ecológica, a Ulbra e a Unitins, mas também com a sociedade tocantinense, que por meio de seus cientistas presta mais uma colaboração à qualidade de vida no planeta.

            Muito obrigado.


            Modelo17/18/248:26



Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/08/2001 - Página 19043