Discurso durante a 108ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Ratificação da candidatura de S.Exa. como pré-candidato à Presidência da República na convenção do PMDB, a realizar-se no próximo domingo.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Ratificação da candidatura de S.Exa. como pré-candidato à Presidência da República na convenção do PMDB, a realizar-se no próximo domingo.
Aparteantes
Casildo Maldaner, José Alencar, Maguito Vilela.
Publicação
Publicação no DSF de 06/09/2001 - Página 20931
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANUNCIO, CONVENÇÃO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELEIÇÃO, COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL, DEBATE, POLITICA PARTIDARIA, CANDIDATURA, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DECISÃO, PRAZO, AFASTAMENTO, GOVERNO FEDERAL, APREENSÃO, CONFLITO, OPINIÃO.
  • ANALISE, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), NECESSIDADE, DEFINIÇÃO, PROGRAMA, INDEPENDENCIA, CANDIDATURA, ELEIÇÕES.
  • COMENTARIO, DISPUTA, ORADOR, ITAMAR FRANCO, GOVERNADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • EXPECTATIVA, ORGANIZAÇÃO, CONVENÇÃO NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realiza-se domingo uma convenção do PMDB. Trata-se de uma convenção ordinária, cujo primeiro objetivo estatutário é a escolha do novo diretório e da nova direção partidária do nosso partido. É claro - e toda a imprensa tem especulado - que, à margem da eleição do novo diretório, a convenção deverá debater questões que estão no dia-a-dia da vida partidária. Questões referentes à candidatura própria a Presidência da República, pelo PMDB; à realização de uma prévia para escolha de quem será o candidato; à decisão de afastar-se do Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso; e à data determinada em que esse afastamento se concretizará.

            Tenho-me esforçado para dizer que, ao contrário do que dizem alguns ilustres e importantes membros que escrevem editoriais na imprensa, acredito que o PMDB é um Partido que terá vida permanente, que vencerá esses obstáculos e seguirá buscando o seu objetivo de grande Partido que foi.

            Reconheço que a hora presente é difícil para o meu Partido e reconheço, inclusive, que vivemos instantes - eu diria - quase dramáticos em um Partido que tem a nossa biografia.

            O Brasil deve muito do que é no presente à luta do MDB para derrotar a ditadura e restabelecer a democracia. Assembléia Nacional Constituinte, eleições diretas, anistia, fim da censura e da tortura foram bandeiras que o MDB, com homens como Teotônio, Tancredo e Ulysses, batalharam pelo Brasil inteiro e conseguiram ser vitoriosos, uma a uma, até à última batalha, que foi a vitória de Tancredo Neves a Presidente da República.

            Tenho dito que, com a vitória de Tancredo, encerrou-se a grande caminhada do Brasil que visava à plenitude democrática, e o MDB realizava o seu desiderato. Lamentavelmente, da morte de Tancredo para cá, o MDB está muito à margem do que viria a ser e há muito não vem cumprindo as suas missões e não vem desempenhando o seu papel.

            Morreu Tancredo, assumiu Sarney. Tenho o maior respeito pelo Presidente Sarney, mas reconheço que S. Exª não era Tancredo. O Presidente Sarney tinha vindo da Presidência da Arena para uma Vice-Presidência de Tancredo, em uma composição, para nós necessária, para trazer os votos da dissidência da Arena no colégio eleitoral e ganhar Tancredo. Reconheço que Sarney pode ter envidado esforços; não analiso nem discuto, mas sua convivência com o PMDB foi a pior possível. E o preço pelo desentendimento entre Sarney e o Dr. Ulysses - não importa a culpa - quem pagou foi o PMDB.

            Cinco anos depois, o Dr. Ulysses era candidato. Venceu o Collor, que sofreu impeachment. Veio o Itamar, que fez um grande governo, o que dava ao PMDB todas as condições de eleger seu sucessor. Sabíamos que não era o momento do Quércia, mas ele impôs a sua candidatura e o resultado da eleição, em termos percentuais, não foi muito diferente do do Dr. Ulysses. Quatro anos depois, nós tínhamos todas as condições para fazer de Itamar o nosso candidato à Presidência da República e ganhar as eleições. Eu fui derrotado. Os meus três votos foram para Itamar, mas os companheiros majoritários do PMDB resolveram ficar com Fernando Henrique. E foi uma convenção triste, com um final melancólico.

            Vivemos, agora, um momento importante no PMDB. Andando, como eu andei, por todo o Brasil, falando com todas as bases, discutindo com toda a sociedade, posso dizer aqui, em nome de todos os elementos do PMDB do interior: “O PMDB acha que chegou o momento de se definir; chegou o momento de se apresentar à Nação com um programa sobre o que pensa deve ser feito neste País. Neste País que, mesmo depois de tantos anos de democracia, lamentavelmente, ainda não tem um plano social, não tem um plano econômico, não tem um plano institucional que nos garantam estar no caminho certo.”

            E não houve partido político que conseguisse fazer aquilo que o PMDB não fez. O PMDB não fez, mas ninguém também fez.

            Por isso, Sr. Presidente, a minha tese é exatamente de que devemos pôr no papel o que o PMDB pensa no campo institucional, no campo social, no campo político, no campo internacional, no campo das privatizações, no campo das injustiças sociais e apresentar um plano de governo e percorrer o Brasil divulgando-o. Isso é absolutamente necessário e importante.

            Mas não convém e não interessa a nós analisar o PMDB até aqui. Interessa, sim, analisarmos o PMDB a partir da próxima Convenção. E não há dúvida nenhuma de que o que se defende, por unanimidade, é o afastamento do Governo Federal, porque o PMDB tem que ter vida própria.

            E se o Partido vai ter um candidato, vai apresentar uma bandeira, vai apresentar uma plataforma, assim como o PSDB, evidentemente, vai ter um candidato, vai ter uma bandeira e vai apresentar uma plataforma, que é do continuismo, nós não podemos estar juntos. Nós temos que sair da base de sustentação do Governo. E eu não digo que se saia atirando pedras, nem rompendo, nem com atos de valentia, mas que se saia com dignidade, dizendo: “Hoje inicia-se um novo momento na vida do PMDB”.

            Isso tem que ser feito, Sr. Presidente, precisa ser feito. É o que a sociedade espera seja feito, e isso será feito. Queira Deus que o meu amigo Itamar Franco fique no PMDB e aceite concorrer à prévia, pois ele tem todas as condições de ganhar, inclusive de mim, o que não me importaria absolutamente em nada, seria uma honra. Concorro com Itamar, tendo por S. Exª a admiração, o carinho, o afeto e o reconhecimento que sempre tive e acho que podemos desempenhar juntos essa missão, fazendo um trabalho que muito nos identifica pelo Governo de S. Exª, pelo que nós propomos para o futuro e nas críticas que fazemos ao Governo do Senhor Fernando Henrique Cardoso.

            Por isso, Sr. Presidente, espero que o Itamar fique no Partido, espero que seja marcada uma prévia e espero que o PMDB possa percorrer todo o Brasil com a sua plataforma, com a sua bandeira, com as suas teses, defendendo os seus ideais.

            Na Convenção do próximo domingo, teremos que ter responsabilidade. Quando leio na imprensa de hoje declaração de um Deputado Federal de São Paulo de que 4 mil pessoas virão de São Paulo preparados “para o que der e vier”, eu me angustio. Quando ouço do outro lado dizerem que, se vierem de lá, também virão pessoas de cá, eu me apavoro. Porque entendo que não é por aí. Não me parece que trazendo gente, lotando ônibus, enchendo ginásios com pessoas que estão ali apenas para agredir o outro lado seja uma saída para um Partido político.

            Nesta Convenção estarão presentes Presidentes de todos os Diretórios, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores, Presidentes de Diretórios Municipais, milhares de lideranças políticas. É para essas pessoas que devemos falar, é com essas pessoas que devemos discutir, são essas pessoas que devemos convidar e são essas pessoas que devem estar ali para debater, para ouvir, para discutir, para aplaudir e até para vaiar, desde que seja um Prefeito, um delegado, uma liderança.

            Tenho medo dessas reuniões com grupos de cá e grupos de lá, como a que aconteceu na última Convenção do PMDB, onde ninguém ganhou. Não dá para dizer se ganharam aqueles que vieram de São Paulo, de Minas Gerais, para defender a candidatura de Itamar ou aqueles que vieram de Brasília e de outros Estados próximos para combater a candidatura de Itamar. Foi trágico, o PMDB perdeu, e perdeu muito.

            Desta vez poderá perder mais, porque se a Convenção de domingo for igual à passada e nós optarmos por uma candidatura própria, ela vai iniciar nos escombros de uma convenção que não teve a dignidade necessária para um grande gesto de um Partido político.

            Por isso, apelo a todos os companheiros do PMDB. Entendo que, em primeiro lugar, é obrigação da direção do Partido garantir que, no local da Convenção, haja lugares reservados para os convencionais, os Prefeitos, os Deputados. Isso não aconteceu na Convenção passada, aqui na Câmara dos Deputados. A Convenção deveria começar às 9 horas e grupos dos dois lados chegaram às 7 horas, arrombaram a porta da Câmara dos Deputados, lotaram o auditório e, quando chegaram os delegados, não havia um lugar vago. E a Convenção, que deveria começar às 9 horas, só começou às 23h30, quando se conseguiu que algumas fileiras se esvaziassem para que delegados e Parlamentares pudessem entrar.

            Portanto, entendo que nós todos somos co-responsáveis, a direção partidária, as lideranças, todos nós temos que fazer com que a Convenção seja um grande ato de vibração política, onde as teses possam ser defendidas, o debate possa ser feito, a discussão possa ser desenvolvida, mas que haja o respeito condizente com um grande Partido político, que caminha em busca do seu futuro, e não uma convenção de um “partideco” que finaliza naquele dia.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos dois grandes nomes. O companheiro Maguito, pelo qual tenho o maior carinho, o maior respeito e a maior admiração e que, na minha opinião, logo que assumiu a vice-presidência, deveria ter assumido sua candidatura, e teria sido o candidato único. S. Exª, na ocasião, não aceitou e vieram as candidaturas do Itamar e do Michel Temer. Itamar retirou sua candidatura e o Maguito voltou. É um grande nome, digno de respeito e admiração. 

            Temos o Michel Temer, outro Parlamentar que merece respeito, admiração e tem as condições de fazer um bom mandato.

            O importante são as bandeiras que eles defendem. Maguito defende a tese de que temos que fazer uma prévia, para a qual estão inscritos, hoje, Itamar e eu - poderão aparecer outros - e que deve-se proceder ao afastamento do Governo do Senhor Fernando Henrique.

            O Temer, hoje, defende a tese de que deve haver uma prévia para a escolha do candidato, com data a ser marcada, e que devemos nos afastar do Governo Fernando Henrique. Reparem V. Exªs que, em tese, as duas são absolutamente idênticas. A diferença está nas datas.

            O Senador Maguito Vilela queria que a escolha fosse feita neste domingo. Depois, reconheceu que domingo seria inviável para se fazer uma prévia e passou-se a postular o dia 15 de outubro. O candidato Temer apresentou, por escrito, uma proposta propondo o dia 15 de novembro - Maguito, 15 de outubro; Temer, 15 de novembro. Em uma reunião da Executiva, marcou-se para 20 de janeiro. Com todo o respeito à decisão da Executiva, creio que 20 de janeiro não foi uma data feliz. A meu ver, a data ideal seria 15 de outubro. Seria uma data racional, normal, que daria chance de se percorrer todo o Brasil e de se fazer um belo trabalho. Por outro lado, se se deixar os cargos - claro! - na mesma data em que se estabelecer a prévia, o PMDB deixará o Governo.

            A proposta, apoiada pela Executiva Nacional, que determina 20 de janeiro como a data da prévia e 20 de janeiro como a data para o afastamento do Governo é muito engraçada! O Governo Fernando Henrique já determinou que vai mudar o seu Governo no dia 31 de dezembro. Neste dia, os ministros ou os outros membros do seu Governo que quiserem ser candidatos deverão deixar os seus cargos - além daqueles que Sua Excelência vai tirar porque quer. Quer dizer, no dia 30 de dezembro, querendo ou não, os Ministros do PMDB estarão fora do Executivo porque o Senhor Fernando Henrique assim determinou.

            Portanto, no momento em que a Executiva determina que é para ficar até o dia 20 de janeiro, parece que ainda há uma sobrevida para os Ministros do PMDB! Não me parece feliz essa proposta.

            Penso que a proposta do Deputado Michel Temer é a mais correta. No dia 15 de outubro, este ano, naquele momento, dentro dessa realidade, sairemos para fazer a caminhada.

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - V. Exª me permite um aparte, Senador Pedro Simon?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não!

            O Sr. Casildo Maldaner (PMDB - SC) - Senador Pedro Simon, eu estava acompanhando o seu pronunciamento e quis chegar a tempo para emprestar a minha solidariedade a um dos nossos candidatos à Presidência da República. Ao longo da sua vida pública, V. Exª tornou-se um patrimônio para nós, do PMDB, e para a democracia brasileira. O momento político que vivemos, sem dúvida alguma, é um dos mais importantes. Neste domingo, na Convenção Nacional do nosso partido, teremos uma grande responsabilidade. Fomos nós que implantamos o sistema democrático no Brasil; fomos nós que começamos essa grande luta renhida para se estabelecer isso. Ultrapassamos até a Idade de Cristo - o PMDB tem mais de 30 anos de idade. O partido, ao longo das suas lutas, caiu, levantou-se, mas nunca fez uma plástica, não mudou de roupa, nem trocou de rosto. Enfrentou as peripécias da vida, das lutas e seguiu o seu caminho. Fico um pouco preocupado com as circunstâncias em que nos encontramos, mas espero que, neste domingo, possamos encontrar um caminho - para isso, creio que V. Exª é uma das peças mais importantes - para definirmos essa situação. Sei que o Senador Maguito Vilela ainda preside o Partido e está organizando essa convenção. Vamos escolher este ano, Senador Pedro Simon, o nosso candidato à Presidência da República e vamos sair pelo Brasil afora em campanha. No momento em que escolhermos o candidato, creio que é dever, que é questão até de ética chegarmos ao Presidente da República e dizer: “Até agora estivemos participando do seu Governo; as funções são de Vossa Excelência, que vai seguir o seu caminho e que tem o seu projeto. Nós temos o nosso. Aliás, o nosso caminho é o mesmo que Vossa Excelência um dia percorreu, e nós queremos disputar o campeonato nacional. Vamos nos inscrever no campeonato nacional do ano que vem. É essa a decisão. Em 1998, não nos inscrevemos, e a nossa torcida não teve o que aplaudir. Agora, vamos entrar em campo”. Por isso, creio que uma decisão, ainda este ano, é fundamental para o nosso Partido. Devemos também entregar as funções, porque Sua Excelência terá o seu projeto, e nós teremos o nosso. Vamos discutir com o Brasil essa proposta. Por isso, Senador Pedro Simon, um dos nossos candidatos à Presidência da Republica, siga nesse caminho. Vamos levantar essa bandeira para que acertemos os pontos e saiamos dessa convenção nacional de domingo de mãos dadas, rumando para novas perspectivas para o Brasil. 

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço-lhe o aparte.

            Creio que V. Exª está absolutamente correto com a sua afirmativa. Essa é uma convenção em que temos que ter uma palavra de afirmação. Se eu puder falar, falarei. Não estarei preocupado em atingir ou ofender, nem em pinçar as diferenças, mas buscarei somar, unir, para juntar as pedras que foram atiradas e calçar o caminho do nosso futuro.

            Creio que temos essa responsabilidade, temos essa obrigação. Cada um de nós, no dia da convenção, deve olhar para a sua esquerda e para a sua direita e ver as pessoas que lá estão. Se alguém quiser sair do ambiente de tranqüilidade, se alguém apelar e berrar, ofender, se alguém tiver vindo com a pretensão de anarquizar a nossa convenção, devemos denunciar. Primeiro, deve-se chamar a atenção: “Não faça isso, meu irmão. Não faça isso porque você está atrapalhando; está atirando pedra na sua própria casa”. Mas, se o fizer, deve-se denunciar, para que não ocorra, neste domingo, o que aconteceu na convenção dramática em que, infelizmente, fui derrotado, porque queria Itamar para Presidente. Mas os que garantiram a derrota do Itamar nem sequer conseguiram aplaudir, nem sequer a convenção voltou a apoiar o Senhor Fernando Henrique Cardoso. Na verdade, naquela convenção, apenas se vetou a candidatura de Itamar, mas não se apoiou a candidatura de Fernando Henrique, tal a tragédia que foi o final da convenção.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Pedro Simon, quero cumprimentá-lo pelo seu brilhante pronunciamento. Aliás, V. Exª é um dos luminares desta Casa e deste País. V. Exª pode estar certo de que, se depender do Presidente da Convenção...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não tenho dúvida nenhuma.

            O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - ...ela será extremamente civilizada e altamente democrática. Assumi a Presidência do Partido há pouco mais de dois meses. Desde então, promovi discussão interna no Partido, o que não ocorria há muitos anos. Ingressei na função de Presidente do PMDB e atendi, todos os dias, até hoje, a deputados e senadores, além de resolver os problemas de todos os Estados brasileiros que se encontravam em dificuldade; foi o caso da Paraíba, de Sergipe e de Tocantins. Solucionamos todos os problemas do Partido em vários Estados. Quando percebi que estava havendo ingerência externa no nosso Partido, denunciei o fato. Tive a coragem de arrancar a casca da ferida, porque ninguém tem o direito de ingerir na autonomia de um partido ao qual não pertence. Diante do fato, marquei uma reunião da Executiva para definir o edital de convocação. Fui transparente e correto em todos os momentos. O que a maioria aprovou, aceitamos, mesmo contrariando tudo aquilo que pensávamos e que pensamos. Como Presidente deste Partido, entendo que a candidatura tem que ser definida dentro de, no máximo, dois meses, porque estamos praticamente há um ano das eleições. Se deixarmos para escolher o nosso candidato em janeiro ou fevereiro, como querem, será uma piada, pois, em oito meses, não conseguiremos viabilizar a eleição de uma candidato nosso, embora, Senador Pedro Simon, o PMDB seja o único Partido do Brasil que se dá ao luxo de ter os dois melhores pré-candidatos à Presidência da República para esta Nação: V. Exª e Itamar Franco. Ninguém tem condições de apontar uma nódoa ou mancha sequer nesses dois políticos. Aliás, eu disse, no Passando a Limpo do Boris Casoy, que o PMDB se dá ao luxo de ter os dois melhores candidatos à Presidência da República. Esse Partido precisa ter responsabilidade e consciência, definir rapidamente qual será o seu candidato e, naturalmente, desvincular-se do Governo Federal, da forma como V. Exª disse, sem jogar pedras, sem ficar votando contrariamente a tudo, de maneira irresponsável. Não, precisamos sair em alto nível, mas não podemos deixar de dizer que o PMDB quer ser um Partido independente, que é o maior e que quer ser o melhor Partido do Brasil e que precisa, realmente, ter o seu candidato. Agora, há que se marcar data. Finalizando, nobre candidato e ilustre Senador Pedro Simon, não tenho apego algum ao poder. Já demonstrei isso milhares de vezes, até mesmo deixando de ser candidato à reeleição como Governador de Estado. Vou fazer uma confissão a V. Exª: se houver um nome do PMDB disposto, até o dia 15 de outubro, a marcar as prévias, escolher o candidato e desligar-se do Governo, abro mão da minha candidatura. Se houver um Casildo Maldaner disposto a conduzir esse Partido, um Amir Lando, ou um José Fogaça, qualquer um desses nomes ilustres ou um dos muitos outros, abro mão da minha candidatura. Mesmo sabendo que vou vencer as convenções, já com dados nas mãos de que vou ganhar a convenção de domingo, num gesto de desprendimento, de espírito público, eu, que já tive seis mandatos por esse Partido, sou capaz de abrir mão, desde que o Temer também o faça para que um companheiro possa conduzir o Partido. Repito que não tenho apego ao poder, tenho-o ao PMDB, que, realmente, democratizou o País, que luta pelas liberdades democráticas, que é o orgulho de todos nós. Agradeço o aparte que V. Exª me concedeu e pode ter certeza absoluta, no que depender de mim como Presidente do Partido, que a convenção será de alto nível e extremamente civilizada. Muito obrigado.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço a V. Exª, Senador Maguito Vilela.

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - Senador Pedro Simon, V. Exª já ultrapassou seu tempo regimental em seis minutos, por isso peço que encerre seu pronunciamento.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Quero dizer ao prezado jornalista Fernando Rodrigues que está equivocado ao mencionar que vai haver uma carnificina no PMDB, no domingo, e que “o pior, o triste é ver um Partido tão relevante na redemocratização do País descer a sarjeta em todos os seus encontros nacionais.” Não vai haver carnificina, não vamos descer a sarjeta e vamos iniciar a longa caminhada.

            Há os que dizem que virão, preparados para a guerra, dois mil de um Estado e três mil de outro, e, cá entre nós, meu Presidente, teremos que repudiar isso. Se essas pessoas pretendem vir com tal intenção, que se desviem para outro lugar que não seja a convenção do PMDB.

            Do Rio Grande do Sul, virão quatro ônibus apenas com jovens, que participarão, aprenderão e ajudarão no encontro. Garanto que com eles haverá o aplauso e a admiração. Pode haver a crítica, a discordância ou seja o que for, mas com civilidade e não como diz o Sr. Fernando Rodrigues. Não haverá nem carnificina e nem sarjeta.

            Encerro, Sr. Presidente, dizendo que estimo muito esse Partido.

            Nele, ninguém, vivo, tem história mais antiga do que a minha. Sou o seu mais velho integrante, que dele participou desde o primeiro momento até agora, e, por isso, talvez, eu o estime mais do que muitos. Alguns, mais jovens, vieram numa situação mais fácil e se elegeram Governador ou Prefeito já na democracia. Para eles, talvez a luta do passado não tenha o mesmo valor e o mesmo significado. Eles só conhecem esse PMDB de erros e de equívocos, e não podem conhecer o seu passado ou prever o seu futuro.

            Eu venho desse longo passado e ajudei a escrever essa longa história. Agora, estou aqui dizendo que pretendo, seja em que posição e em qual lugar for, lutar para que o Partido, no futuro, seja o PMDB da nossa sociedade, do nosso sonho.

            O Sr. José Alencar (PMDB - MG) - Permite V. Exª um aparte, Senador Pedro Simon?

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) - Que seja breve, Senador José Alencar.

            O Sr. José Alencar (PMDB - MG) - Pois não, Sr. Presidente.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ouço o Senador José Alencar.

            O Sr. José Alencar (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, eu gostaria de lhe falar da admiração e do respeito que nós todos, do PMDB, nutrimos pela figura desse eminente homem público brasileiro que é V. Exª. Ex-Governador do seu Estado, o Rio Grande do Sul, que possui as mais nobres tradições da política do nosso País, V. Exª só nos traz exemplo de probidade, de sentimento nacional, de sensibilidade social. Então, é desses nomes que estão no nosso Partido e de que todos nos orgulhamos. Quando vejo V. Exª, eminente Senador Pedro Simon, vir à tribuna do Senado para trazer uma palavra de respeito e de apreço ao PMDB, e também de conforto a todos os brasileiros que gostam do Partido, em relação à convenção que vai se realizar no dia 09 deste mês, domingo próximo, só posso dizer, como seu companheiro e representando o meu Estado de Minas Gerais, que todos estaremos lá, ao seu lado, para levar o Partido a uma decisão que signifique o fortalecimento da unidade nacional. O Partido é grande pelo que representa no seu passado, como responsável pelas restaurações das liberdades políticas do nosso País. A própria liberdade de imprensa foi restaurada pelo trabalho vigoroso do PMDB e é por isso que merecemos, ao lado de V. Exª, encontrar um Partido cada vez mais forte e unido, que nos leve a um novo rumo, por que não dizer, que nos coloque na estrada da probidade absoluta, da intransigência em relação a esse quadro de impunidade em que vivemos. Que ele nos leve a um novo rumo, sim, que devolva ao Brasil o sentimento nacional, para que aprendamos, novamente, a defender as cores da nossa Bandeira; um novo rumo em que haja sensibilidade social e um Governo que se preocupe com a sorte das pessoas deste País gigantesco, de diferenças regionais gritantes, das quais precisa se libertar. É por isso, Senador Pedro Simon, que nós que o admiramos e respeitamos, que estaremos lá, no dia 09, ao seu lado.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço, emocionado, o aparte de V. Exª. Também agradeço a tolerância da Mesa e imagino que V. Exª, Sr. Presidente, também esteja, no fundo, torcendo para que tudo corra bem com o PMDB. Nesta Casa, afinal, de um jeito ou de outro, muitos Parlamentares tiveram origem no PMDB. O Senador Álvaro Dias, por exemplo, deve estar torcendo para que haja uma grande convenção. O Senador Saturnino Braga, que teve uma atuação tão fantástica no velho MDB, também deve estar torcendo para que tudo saia bem, assim como o velho companheiro Roberto Freire, que teve uma passagem magnífica pelo nosso Partido. As forças políticas do Brasil devem estar torcendo - estejam elas no PDT, no PT, no PPS ou nos Partidos mais variados que tiveram sua origem naquele movimento fantástico de resistência - para que o PMDB volte a ser o velho MDB de guerra.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


            Modelo15/20/247:06



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