O SR. LÚCIO ALCÂNTARA (Bloco/PSDB - CE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, minha presença na tribuna do Senado Federal destina-se, nesta oportunidade, à justa e pertinente avaliação dos principais aspectos da atuação, no exercício de 2000, da mais importante empresa aeronáutica de nosso País, a EMBRAER.

            Efetivamente, o conjunto de dados operacionais e econômico-financeiros que estão apresentados no Relatório Anual da Administração da empresa retrata uma posição invejável no ano findo, que, aliás, mantém a seqüência de resultados que caracterizou o qüinqüênio 1996-2000, em que se configurou a consolidação da EMBRAER no mercado mundial de aeronaves de porte médio.

            Para que tenhamos uma idéia da ação da empresa nos últimos cinco anos, sua receita bruta cresceu de US$ 390 milhões para US$ 2,86 bilhões, aumentando em mais de sete vezes. No mesmo período, o valor dos pedidos em carteira cresceu de US$ 1,2 bilhão para US$ 11,4 bilhões, representados por 628 aeronaves em oferta firme e mais 584 aeronaves em regime de opção, o que representa uma produção garantida por mais de 40 meses de funcionamento da empresa.

            Pelo segundo ano consecutivo, a Embraer foi a empresa brasileira que mais exportou, com um volume de US$ 2,7 bilhões exportados, tendo gerado um saldo líquido de divisas de US$ 1,35 bilhão para o Brasil.

            O ano 2000 assinalou a ascensão da Embraer à posição de líder de mercado no segmento de jatos regionais de até 60 lugares, tendo sido também marcante o fato de que, pela primeira vez na história da empresa, foram firmados contratos com clientes nos cinco continentes.

            Trabalhando nos segmentos de aviação comercial, de defesa e de aviação corporativa, a EMBRAER apresentou importante expansão em todas as áreas.

            Na área da aviação comercial, foram significativos a consolidação das posições alcançadas nos Estados Unidos e Europa e o avanço no mercado global, com a entrada em novos mercados como a África do Sul, a China e o Caribe; tendo ocorrido, em 2000, a entrega de uma primeira unidade do ERJ-145 a um operador da China, representando um marco estratégico para a presença da EMBRAER no mercado do Extremo Oriente.

            A área de Defesa foi marcada por sua liderança no Programa de Modernização dos Aviões de Caça F-5E/F da Força Aérea Brasileira e na continuidade do desenvolvimento do Programa SIVAM - Sistema Integrado de Vigilância da Amazônia, para o qual a Embraer está fornecendo aeronaves de alerta avançado e de sensoriamento remoto, projetadas a partir da plataforma do ERJ-145.

            No mercado internacional e em regime de concorrência internacional, foi significativa a venda, à Força Aérea Belga, de dois jatos ERJ-135 e dois ERJ-145, destinados ao transporte de militares e autoridades.

            Com o lançamento, em julho de 2000, do jato executivo Legacy, a empresa se firma em uma nova área de negócios, o Mercado de Aviação Corporativa, tendo sido imediato o reconhecimento do mercado, que contemplou a carteira da EMBRAER com um volume significativo de encomendas, já em seu lançamento.

            A cadência de produção, que cresceu de 12 aviões por mês em janeiro para 16 aviões por mês em dezembro, ou seja, uma aeronave pronta a cada dois dias corridos, demonstra produtividade invejável em nível mundial, o que tem garantido a competitividade da empresa em suas árduas batalhas comerciais, sobre as quais temos tido notícias constantes, não só pelo seu sucesso, mas também pelo incômodo que já vem causando a outros fabricantes internacionais.

            Sr. Presidente, com os olhos voltados para o futuro, a EMBRAER firmou um acordo de cooperação com o TsAGI, da Rússia, o maior instituto de pesquisas aeronáuticas do mundo, visando o desenvolvimento de uma nova família de jatos, os modelos ERJ-170 e ERJ-190, de maior porte que os atuais ERJ-145.

            O programa de desenvolvimento dessas novas aeronaves, em pleno andamento, já anunciou o modelo ERJ-170 com capacidade para 70 passageiros, o ERJ-190/100 para 98 passageiros e o ERJ- 190/200 para 108 passageiros, todos jatos de última geração destinados ao mercado da aviação regional. Com o cronograma em dia, a apresentação do ERJ-170 está prevista para o final de 2001.

            Ao lado de suas relevantes realizações comerciais, operacionais e econômico-financeiras, que fizeram com que o pagamento de contribuições sociais e taxas municipais, estaduais e federais crescesse de forma exponencial, a EMBRAER atuou de forma socialmente responsável, contribuindo para a melhoria geral da qualidade de vida, nas comunidades a ela vinculadas sob qualquer forma.

            Além da geração de mais de 2000 novos empregos diretos, foi assegurada a todos seus empregados a possibilidade de participação nos lucros e resultados, além de aprimorar seu Plano de Previdência Privada, que visa assegurar aos empregados uma renda mensal complementar à aposentadoria paga pelo INSS.

            Em 2000, a Embraer contribuiu para entidades que prestam relevantes serviços à comunidade brasileira, dentre as quais destacamos o Programa de Capacitação Solidária (parte do Programa Comunidade Solidária), a UNICEF, a Cáritas (instituição da Igreja Católica), GACC - Grupo de Apoio à Criança com Câncer, o Hospital Geriátrico Vicentina Aranha e a FUNDHAS - Fundação Hélio Augusto de Souza, que, por força de convênio, tem cerca de 160 adolescentes trabalhando na Embraer, realizando serviços gerais e recebendo remuneração compatível, orientação escolar e profissional, além da oportunidade de se tornarem empregados efetivos ao atingirem a maioridade.

            Em relação à proteção ambiental, além do projeto de aeronaves de acordo com as mais rigorosas normas e padrões internacionais quanto à emissão de ruídos, de gases e de resíduos operacionais, a EMBRAER desenvolveu programas de processamento do lixo orgânico gerado na unidade industrial em São José dos Campos, além da coleta seletiva de papel, plástico e metais, com vistas à sua reciclagem. Está em andamento um Projeto de Gestão Ambiental com base em padrões internacionais definidos na ISSO-14000, com previsão da Empresa estar certificada até o final de 2001.

            Na área de educação e formação profissional, são permanentes os programas de qualificação dos empregados: convênios com instituições de ensino para cursos em vários níveis, inclusive cursos de idiomas, programas de bolsas de estudo e programas de treinamento específico.

            Um Programa de Especialização em Engenharia Aeronáutica, com investimentos da ordem de US$ 4,5 milhões ao ano, seleciona engenheiros recém-formados, com bom potencial, e lhes oferece, durante 18 meses, treinamento em disciplinas aeronáuticas.

            No mesmo sentido, um programa em parceria com a Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, oferece um curso de MBA - Mestrado em Administração de Empresas, com foco em Comércio Exterior, exclusivo para empregados da empresa.

            A qualidade de vida dos empregados e de suas famílias vem sendo alvo de programas como os de prevenção e recuperação de dependência química, campanhas preventivas de saúde, campanhas de vitalidade e de doação de sangue.

            Srªs. e Srs. Senadores, no momento em que venho à tribuna do Senado Federal para expor um retrato da EMBRAER, resultado da avaliação do ano de 2000, não poderia deixar de assinalar que o ano de 2001 também vinha se constituindo num caminho de sucesso para a empresa, até a ocorrência dos trágicos acontecimentos de 11 de setembro passado, nos Estados Unidos da América.

            A aviação mundial, que já estava às voltas com uma crise de média proporção, teve seu cenário enormemente agravado, depois que aviões seqüestrados destruíram o World Trade Center, em Nova York, e parte do Pentágono, em Washington.

            A queda vertiginosa e imediata do número de passageiros no transporte aéreo provocou a revisão dos planos nas companhias aéreas e, por conseqüência, nas fabricantes de aviões, redundando em milhares de demissões, já ocorridas e em vias de ocorrer.

            Já se configurou uma redução no ritmo de entrega de aeronaves, pela EMBRAER, que, neste ano, deve atender encomendas de 160 jatos, 25 unidades a menos do que anteriormente previstas, e em 2002, apenas 135 aeronaves, das 205 unidades inicialmente previstas, já que as companhias postergaram a expansão de suas frotas até que a normalidade do fluxo de passageiros retorne ao setor.

            A redução a que me refiro vai ocasionar a demissão de 14% dos funcionários da empresa, mas a inexistência de qualquer cancelamento de encomendas até o momento, segundo declarou o presidente da EMBRAER, Maurício Botelho, na sexta-feira passada, deve manter a saúde empresarial dessa entidade que representa, com sua tecnologia e presença internacional, um dos baluartes da modernidade brasileira.

            Assim, espero que a normalidade volte rapidamente ao setor aeronáutico e, com certeza, propicie a readmissão de muitos dos empregados que agora estarão demitidos, ao tempo em que renovo minha confiança no futuro auspicioso, responsável e conseqüente, que a EMBRAER deve ter, mantendo a relevante contribuição que presta ao desenvolvimento de nosso Brasil.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.

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