O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é todo dia que podemos deixar a cerimônia de lado e falar aquilo que realmente toca o coração. Por isso, ocupo a tribuna desta Casa não apenas para homenagear Goiânia, a capital de todos os goianos, que hoje está completando 68 anos de emancipação política, mas para deixar aqui o testemunho de um mineiro que, ao longo dos anos, aprendeu a admirar esse próspero Município de pouco mais de um milhão de habitantes.

            Orgulho-me de ter vivenciado grande parte dos acontecimentos que marcaram a trajetória de Goiânia nesses 68 anos de vida. O ápice dessa relação ocorreu no ano passado, quando tive a oportunidade de conhecer a realidade nua e crua da cidade, ao longo dos meses em que me candidatei à Prefeitura de Goiânia. Se antes considerava-me um simples admirador de sua arborização, praticidade e traços modernos, apesar de o Município jamais perder o charme e o aconchego típicos do interior, hoje apresso-me em confessar, com todas as letras, que sou um apaixonado por Goiânia e seu povo.

            Como acontece em qualquer outra metrópole brasileira, existem duas Goiânias: a do centro, bonita, florida, agradável, enfim, excelente para se viver, e a da periferia, totalmente desprovida dos equipamentos públicos essenciais para sua subsistência. Diminuir essa distância é o grande desafio do Poder Público municipal.

            A capital dos goianos não é um caso perdido, muito pelo contrário. Está longe de ser comparada às dificuldades por que passam as periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas necessita ser rediscutida e planejada urgentemente, sob pena de ter o seu futuro comprometido.

            Essa Goiânia da periferia necessita de muito mais atenção e recursos para investimentos em obras físicas e programas sociais. Pensando nesses aspectos básicos de uma administração, o Poder Público deveria combater a especulação imobiliária, afinal são 123 mil lotes vagos “empurrando” a população carente para longe da região central. Os reflexos negativos da ocupação desordenada de loteamentos clandestinos, aliados à falta de perspectiva de emprego, podem ser duramente sentidos em praticamente todos os setores da sociedade goianiense: cerca de dez mil camelôs trabalhando nas Avenidas Goiás, Anhangüera, 24 de Outubro e na feira hippie; nenhum projeto realmente factível para revitalização do centro da capital; e aumento do índice de criminalidade, colocando Goiânia na 18ª posição, entre as 27 capitais brasileiras, em número de homicídios por grupo de 100 mil habitantes.

            Devem-se somar aos aspectos citados anteriormente os problemas crônicos de atendimento nas áreas de educação e saúde, aí incluindo-se a triste realidade vivida por milhares de crianças nas centenas de creches do Município.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pode até parecer incoerência falar de questões negativas em um dia tão festivo como o de hoje. Neste momento, sinto-me um discípulo de Pedro Ludovico Teixeira, o grande idealizador e fundador de Goiânia, para admitir que, assim como ele, não imaginava que a cidade iria atingir a marca de um milhão de habitantes tão rapidamente, apesar de reconhecer os seus atrativos. E eles não são poucos: Goiânia é uma das capitais que mais crescem no País; possui localização estratégica, próxima a Brasília, Capital Federal, e a Anápolis, pólo industrial do Centro-Oeste. O Município também é um excepcional atrativo de mão-de-obra especializada de outras regiões do País.

            Além do inchaço populacional - e pensar que Pedro Ludovico Teixeira havia planejado Goiânia para apenas 50 mil habitantes! -, as conseqüências dessas “facilidades” proporcionadas pela cidade podem ser conferidas em toda parte. A capital goiana possui uma frota de aproximadamente 550 mil veículos, o que representa um veículo para cada dois habitantes. O alto poder aquisitivo faz com que Goiânia esteja entre as três capitais onde mais se comercializa carros importados no País.

            O Município ainda tem o privilégio de contar com inúmeros cartões postais, que atraem anualmente milhares e milhares de turistas. Entre eles, destaque para o Centro de Cultura e Convenções, Parque de Exposições Agropecuárias, Estádio Serra Dourada, Autódromo Internacional de Goiânia, Parques Vaca Brava, Areião e Lago dos Buritis, feiras hippies, da Lua do Sol, além de cinco shoppings centers, entre eles o Flamboyant, um dos mais antigos e importantes do Brasil.

            Essa característica peculiar de desenvolvimento, conjugando forças e conhecimento do goianense com a maior parte de filhos “adotivos” - mais de 63% da população não nasceu em Goiânia: 51,4% no interior goiano e 47,4% em outros Estados - contribuiu decisivamente para que a capital goiana se transformasse em referência nacional nas áreas de oftalmologia, cardiologia e odontologia. Os melhores profissionais do País nessas especialidades da Medicina estão em Goiânia, o que é facilmente comprovado pela excepcional procura de clientes e a constante realização de congressos e seminários de grande porte no Centro de Convenções.

            Sr. Presidente, Srª e Srs. Senadores, espero ter conseguido transmitir-lhes a importância de Goiânia para o Estado de Goiás, a região Centro-Oeste e o Brasil. Trata-se de um diamante precioso que necessita ser melhor lapidado pelo Poder Público Municipal, com o necessário e fundamental auxílio do Congresso Nacional. Nesse sentido, continuarei a dedicar atenção especial a emendas que beneficiem o Município, principalmente em relação a obras de saneamento básico e construção de postos de saúde, escolas e viadutos.

            Além de minha obrigação, como Senador da República, de atender às reivindicações da capital de meu Estado, sinto-me recompensado por poder trabalhar pela cidade que tão bem me recebeu, há mais de três décadas.

            Parabéns Goiânia pelos 68 anos de vida! Esse é o desejo de um Parlamentar que não tem a menor vergonha de confessar a admiração e o amor a um Município tão próspero e acolhedor e com uma gente tão querida.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.

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