Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Regozijo pelo crescimento das exportações de produtos originários da região Centro-Oeste.

Autor
Carlos Bezerra (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MT)
Nome completo: Carlos Gomes Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Regozijo pelo crescimento das exportações de produtos originários da região Centro-Oeste.
Publicação
Publicação no DSF de 09/11/2001 - Página 28133
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ANALISE, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRESCIMENTO, EXPORTAÇÃO, SOJA, MADEIRA, CARNE BOVINA, REGIÃO CENTRO OESTE, ESPECIFICAÇÃO.
  • ELOGIO, ESCOLHA, MUNICIPIO, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), SEDE, ENCONTRO, PECUARIA.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, EXPORTAÇÃO, PRODUTO, PECUARIA, ESPECIFICAÇÃO, COURO, COMERCIO EXTERIOR, OBJETIVO, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).

O SR. CARLOS BEZERRA (PMDB - MT) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero trazer ao conhecimento desta Casa um fato que considero auspicioso em relação ao Estado do Mato Grosso.

O jornal Gazeta Mercantil de 1º de outubro de 2001 noticiou, com destaque, o crescimento das exportações de produtos originários da região Centro-Oeste, que, de janeiro a agosto deste ano, cresceram 33,5% em relação a igual período do ano 2000, atingindo 1 bilhão 685 milhões de dólares.

Nesse contexto, o Estado do Mato Grosso pode ser considerado o maior responsável pelo resultado, pois saltou de 766,1 milhões de dólares em 2000 para 941,3 milhões de dólares em 2001 no período em análise. Portanto, mais da metade das exportações da região Centro-Oeste se devem a esse Estado.

O carro-chefe das exportações do Mato Grosso é a cadeia da soja - grãos de soja, bagaço e óleo - que responde por aproximadamente 80% das exportações do Estado. Além disso, temos uma participação significativa da madeira e da carne bovina desossada na carteira de exportações mato-grossense.

Pode-se prever que a carne bovina conquistará em breve uma posição de maior destaque nas exportações, pela forma como vem crescendo o rebanho. Esse crescimento é estimado em cerca de 3.200 cabeças ao dia, pois o rebanho vem apresentando um aumento anual de mais de um milhão de cabeças e hoje já é o terceiro maior do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais.

Desde 1993, quando o Estado apresentava um rebanho bovino que contava cerca de 9 milhões de cabeças, esse rebanho cresceu mais de 10 milhões, o que significa um aumento superior a 100%, atingindo, hoje, mais de 19 milhões e 600 mil cabeças. É interessante realçar que 95% da pecuária mato-grossense se destina a corte e apenas 5% à produção de leite. Portanto, trata-se de uma produção quase que inteiramente voltada para o comércio de carne.

Dada essa posição de destaque que o Estado vem assumindo, a capital, Cuiabá, foi escolhida para sediar, entre 12 e 14 de março de 2002, o I Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária - ENIPEC, que constará de feira de tecnologias, insumos e equipamentos e rodada de negócios para o setor. Países como a Nova Zelândia e a Austrália já confirmaram presença e espera-se que esse evento provoque um grande incremento no turismo de negócios. A realização do ENIPEC envolve a participação de diversas entidades: Federação da agricultura do Estado de Mato Grosso - FEMATO, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola - IMEA, e governo do Estado, com o apoio do Ministério da Agricultura e Abastecimento, Confederação Nacional da Agricultura - CNA e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE.

Mas a quantidade do rebanho ou a capacidade de gerar riquezas para o Estado não são as únicas preocupações do setor da pecuária mato-grossense, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores.

Os produtores e os órgãos públicos estão cientes da responsabilidade de investir na produção voltada para o comércio exterior e mesmo para competir no mercado brasileiro. Por isso, já estão sendo adotadas medidas que colocarão o Estado de Mato Grosso definitivamente na vanguarda da produção de artigos de origem pecuária.

A idéia, que obteve o consenso de todos os segmentos de produção de carne no Estado, é a adoção da tipificação da carcaça e da classificação do couro. A previsão é de que, já em janeiro de 2002, pelo menos dois frigoríficos coloquem esse sistema em prática.

A tipificação da carcaça permite aos frigoríficos classificar a carne segundo parâmetros objetivos: idade, sexo, cobertura de gordura, peso e conformação da carcaça (que é a relação músculo/osso).

Em matéria do jornal Gazeta Mercantil de 8 de outubro de 2001, consta afirmação do médico-veterinário Alexander Estermann, membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária - CRMV-MT, segundo o qual “Com isso, o frigorífico saberá exatamente que produto tem em mãos, qual a aceitação no mercado e para onde deve direcioná-lo”.

Estermann acredita, também, que o resultado da tipificação se fará sentir a curto prazo. Diz ele: “A tipificação em si não prevê remuneração diferenciada, já que é uma forma de classificar tecnicamente a carne. Mas o mercado certamente vai remunerar diferenciadamente produtos de qualidade diversa.”

Quanto à produção de couro, trata-se de aproveitar o programa, já existente no Estado, de incentivo à sua industrialização e de criar um padrão de classificação também para esse produto. Com base nesse sistema, serão analisados os defeitos da peça e a contribuição de cada segmento (produtor, transportador e indústria frigorífica) para o produto final.

O envolvimento de todos os segmentos ligados aos setores de carne e de couro é fundamental para que se atinjam os objetivos previstos e se obtenha o sucesso correspondente. Por isso, o grupo de estudos que prepara os programas de tipificação de carcaça e de classificação do couro tem a participação de representantes do setor produtivo e do governo. Além do Conselho Regional de Medicina Veterinária, estão representados o Sindicato dos Frigoríficos de Mato Grosso - SINDIFRIGO, a Associação dos Supermercadistas - ASMAT, a Federação da Agricultura - FAMATO, a Associação dos Criadores - ACRIMAT, o Sindicato dos Produtores de Couro - SINDICOURO, a Cooperativa dos Médicos Veterinários - UNIMEV, a Sociedade dos Veterinários - SOMATOVET, os Departamentos de Veterinária da - Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT e da Universidade de Cuiabá - UNIC, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, as Secretarias Estaduais de Agricultura e de Indústria e Comércio, o Instituto de Defesa Agropecuária - INDEA e a Delegacia do Ministério da Agricultura no Estado de Mato Grosso.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, o Estado de Mato Grosso está sendo o pioneiro em nosso País na adoção desses programas voltados para a produção de carne e de couro, com a observância de padrões de qualidade, devendo-se ressaltar que a tipificação, normalmente restrita aos novilhos precoces, na proposta mato-grossense aplicar-se-á a toda a bovinocultura de corte.

O Brasil está atrasado, pois a tipificação já é adotada pela maioria dos países produtores de carne.

Depois do quadro que apresentei sobre as atividades de bovinocultura no Estado de Mato Grosso, os nobres Colegas hão de convir comigo em que há sobejos motivos para a cidade de Cuiabá ter sido escolhida para sede do I Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária - ENIPEC.

O melhor aproveitamento das atividades que caracterizam a vocação do Estado de Mato Grosso, a agricultura e a pecuária, acompanhadas de atividades agroindustriais a elas relacionadas, poderão contribuir efetivamente para o progresso do Estado, viabilizando o aumento permanente das exportações. É exatamente do que o Brasil necessita na atualidade, para a retomada do crescimento.

E é isso que todos desejamos.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/11/2001 - Página 28133