O SR. LINDBERG CURY (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a História nem sempre é justa com aqueles que dela participam. Há oito anos, o País convivia com o fantasma da hiperinflação, na casa de dois dígitos por mês. O dinheiro suado dos trabalhadores virava pó de um mês para o outro. As indústrias sofriam com os altos juros bancários e o comércio fechava as portas diante da crise que se alastrava pelos quatro cantos do País. Era um cenário de catástrofe.

            Foi quando o então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real. Corajosamente, o Partido da Frente Liberal apoiou o Plano desde o seu início, sem jamais questionar a possibilidade de fracasso e votando as reformas necessárias para a sua implementação. Eram dias de angústia por parte da grande maioria da população brasileira, cansada do fracasso dos planos econômicos anteriores, que somente deixaram prejuízos e incertezas.

            O PFL não titubeou. Enquanto parcela significativa dos dirigentes políticos se negava a dar o apoio necessário para a consecução do Plano, o PFL se alinhou prontamente para que o País conseguisse finalmente vencer o monstro inflacionário que corroía os destinos de toda a Nação. Trabalhamos pela estabilidade econômica e avanço social como nenhum outro aliado do Governo Fernando Henrique se dispôs a lutar. Votamos as reformas e projetos necessários para que o Brasil superasse as dificuldades e entrasse no século XXI como um País competitivo, com economia estável e avanços sociais nunca antes conquistados. Ajudamos a construir o futuro.

            Srªs e Srs. Senadores, é de se estranhar, portanto, a ação rasteira, planejada nas sombras por parcela deste mesmo Governo que o PFL tanto apoiou, contra nossos maiores quadros partidários. A ação que a Polícia Federal desencadeou na semana passada em São Luís, no Maranhão, contra empresa do marido da Governadora Roseana Sarney, somente mostra o desespero e o despreparo daqueles que sempre trabalharam contra este Governo, mesmo dele participando. Buscam, em benefício próprio, jogar água abaixo um trabalho construído ao longo dos anos, em prol de um País melhor.

            Não estou aqui defendendo impunidade de quem quer que seja e muito menos a interrupção das investigações. Entendo que a investigação das fraudes na extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) deve continuar. Os culpados devem ser punidos e o dinheiro tomado indevidamente deve ser devolvido aos cofres públicos. Estou, sim, questionando a maneira como vêm sendo feitas as coisas, que buscam apenas prejudicar a imagem de pessoas que têm trabalhado pelo Brasil e estão bem posicionadas nas pesquisas de intenção de voto para Presidente da República neste ano. O jogo é sujo e deve ser denunciado. Não podemos jamais compactuar com ações desse tipo e que têm apenas o efeito de fragilizar o Governo e quebrar uma aliança vitoriosa que, nesses últimos oito anos, conquistou avanços invejáveis em todos os indicadores econômicos e sociais do País.

            Srªs e Srs. Parlamentares, o PFL merece respeito pela sua trajetória ao longo desses anos de sua existência. Nunca nos furtamos à luta, mas uma luta clara, sem rodeios e traições. Só assim se consegue construir um País, com transparência e honestidade.

            Sr. Presidente, gostaria de informar à Casa que hoje, pela manhã, durante a reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, foi encaminhado um requerimento de autoria do Senador Lauro Campos, do Distrito Federal, o qual submetia à apreciação de todos os Parlamentares, de todos os Senadores participantes daquela Comissão, a aprovação de abertura de audiência pública que desse oportunidade à Ford de esclarecer, perante o Cade, a Secretaria de Defesa Econômica, a Receita Federal e a Abedif - Associação Brasileira dos ex-Distribuidores da Ford -, por que promoveu o grande desequilíbrio econômico entre os revendedores, promovendo a falência de cerca de 320 revendedores cadastrados em todo o País, causando prejuízo à nossa economia e gerando desemprego em todas as cidades do interior, onde cerca de 50 mil trabalhadores especializados ficaram à margem do mercado de trabalho. Essa audiência pública deverá ser marcada em breve pela própria Comissão de Assuntos Econômicos. Trago essa informação, em primeira mão, ao plenário do Senado e agradeço a V. Exª a oportunidade de trazer informações dessa natureza a esta Casa.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

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