Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exaltação do pólo petroquímico de Anápolis como modelo da progressiva consolidação de um expressivo setor industrial de Goiás.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Exaltação do pólo petroquímico de Anápolis como modelo da progressiva consolidação de um expressivo setor industrial de Goiás.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2002 - Página 12895
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, EXISTENCIA, POLO INDUSTRIAL, PRODUTO FARMACEUTICO, MUNICIPIO, ANAPOLIS (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), AUXILIO, CONSOLIDAÇÃO, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • COMENTARIO, INTERESSE, EMPRESA DE PRODUTOS FARMACEUTICOS, EXPECTATIVA, MERCADO INTERNACIONAL, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO, MEDICAMENTOS, PRODUTO GENERICO.
  • REGISTRO, DADOS, PESQUISA, AUMENTO, INVESTIMENTO, ESTRUTURAÇÃO, EMPRESA, CRESCIMENTO, QUANTIDADE, LABORATORIO.

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O SR. MAURO MIRANDA (PMDB - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, usualmente, ao pensarmos na economia goiana, o primeiro segmento que nos vem à mente é o agropecuário. Com efeito, a produção rural do Estado de Goiás é deveras pujante e corresponde à parcela majoritária do conjunto de nossa economia. No entanto, a firme e contínua marcha do desenvolvimento goiano não depende única e exclusivamente da notável expansão e da ampla diversificação que hoje se observam em nossa produção agrícola. É alvissareiro observar que, nos principais centros urbanos do Estado, o setor industrial vai ganhando vulto, consolidando empreendimentos, gerando empregos, contribuindo para o aumento da arrecadação tributária e para um dinamismo ainda maior de nossa vida econômica.

Um dos melhores exemplos desse fortalecimento da produção industrial do Estado de Goiás é o Pólo Farmoquímico de Anápolis.

Iniciado em 1989, com o estabelecimento dos laboratórios Teuto e Neo Química no Distrito Agroindustrial da cidade, o Pólo Farmoquímico de Anápolis já é, em apenas 13 anos de existência, o segundo maior centro de produção de medicamentos do País. No que tange especificamente à fabricação de genéricos, o pólo goiano concorre com Rio de Janeiro e São Paulo pela posição de maior fabricante.

De fato, nada menos que um quarto das indústrias farmacêuticas de capital nacional estão sediadas no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), onde atualmente se observa um ritmo frenético de injeção de recursos. O número de laboratórios em plena operação totaliza onze. Cinco outros estão em construção: Genexis, Genoma, Geolab, Melcon e FBM. Em fase de projeto e carta consulta, encontram-se mais nove, sendo dois de produção de insumos farmacêuticos.

As cinco empresas de maior porte atualmente lá estabelecidas pretendem investir, em seu conjunto, mais de R$100 milhões até 2004. Esses investimentos destinam-se a projetos que incluem expansão das respectivas plantas industriais e parceria com grupos estrangeiros.

Com essa política agressiva, as indústrias farmacêuticas sediadas em Anápolis vão rapidamente ganhando terreno num mercado antes dominado de forma inconteste pelos fabricantes que operam no Estado de São Paulo. Ao mesmo tempo, afinam os instrumentos que os capacitarão a disputar, nas farmácias, a venda de medicamentos genéricos e similares.

Uma das já mencionadas empresas pioneiras a se estabelecerem na cidade goiana, a Neo Química, realiza, atualmente, investimentos da ordem de 35 milhões de reais para finalizar a primeira etapa do seu novo complexo fabril. Oferecendo aos varejistas um catálogo que arrola 300 medicamentos similares e 14 genéricos, essa empresa vê-se compelida a crescer, como única forma de conseguir atender as encomendas sempre crescentes.

No ano passado, a Neo Química venceu licitação para fornecer um dos medicamentos componentes do “coquetel” anti-aids ao Sistema Único de Saúde. No certame, a empresa goiana derrotou a gigante norte-americana Abbott Laboratories. Esse contrato - que absorveu boa parte de sua capacidade produtiva em 2001, pois demandava a fabricação de 12 milhões de cápsulas do medicamento - contribuiu para o seu faturamento superior a 73 milhões de dólares.

No corrente ano, a Neo Química estará envolvida em nova disputa com multinacionais, para vender um outro dos medicamentos que integram o mesmo “coquetel”. Nesse contexto, a área de 81 mil metros quadrados, atualmente ocupada pela empresa, representa uma limitação, evidenciando-se diminuta para atender à gigantesca demanda por medicamentos. Daí, a imperiosa necessidade de expansão.

No entanto, essa necessidade de investir na expansão dos negócios não é exclusividade de uma única das empresas estabelecidas no Pólo Farmoquímico de Anápolis. Ao contrário, trata-se de necessidade compartilhada por todas elas. O Laboratório Kinder, por exemplo, associou-se a um grupo indiano para distribuir os medicamentos genéricos por ele fabricados, ao mesmo tempo em que aposta firme no segmento de fitoterápicos. O Laboratório Ducto irá mais que duplicar sua área fabril, passando de 6 mil metros quadrados para 14 mil , ao custo de R$15 milhões.

A empresa Greenpharma investe na construção de laboratórios específicos, para realizar testes de bioequivalência de genéricos. Até o fim deste ano, a indústria quer lançar mais 50 produtos genéricos e outros 50 similares de marca. Os testes de bioequivalência serão conduzidos em parceria com o Instituto de Ciências Farmacêuticas e hospitais locais, para possibilitar as análises em pacientes.

Para que se faça uma idéia do potencial de retorno desse investimento, basta dizer que cada teste desse gênero custa em torno de 100 mil reais, e, atualmente, eles são realizados apenas no Estado de São Paulo. Somente o Laboratório Teuto, fabricante do maior número de genéricos entre as indústrias estabelecidas em Anápolis, gastou quantia próxima a 5 milhões e 200 mil reais, até o ano passado, em testes de bioequivalência e biodisponibilidade e no registro de remédios. Para o corrente ano, a previsão é de dispêndios da ordem de 3 milhões de reais.

A participação dos genéricos no faturamento do Laboratório Teuto - segundo fontes do setor, teria superado com folga os 100 milhões de reais em 2001 - vem crescendo constantemente. No ano 2000, ela foi de 2,5%. Em 2001, atingiu 4,5%. Neste ano, considerada a intenção da empresa de lançar 100 novas apresentações de genéricos, a expectativa é que essa participação salte para 18,6%.

Maior empresa do pólo de Anápolis, empregando 2 mil do seu total de 5 mil trabalhadores e dispondo de uma capacidade de produção da ordem de 360 milhões de unidades anuais, o Laboratório Teuto vem crescendo também no mercado externo. Nos próximos quatro anos, colocará componentes do coquetel anti-aids e genéricos em farmácias da Coréia do Sul e da Costa Rica. Outros países da América do Sul, bem como nações africanas constituem mercados de grande interesse para a empresa. Com esses mercados, o Teuto pretende firmar contratos no valor de 15 milhões de dólares até o final deste ano.

Dados do Instituto de Gestão Tecnológica Farmacêutica (IGTF) indicam que as empresas em operação no Pólo Farmoquímico de Anápolis já investiram 350 milhões de reais desde o começo da estruturação desse centro de produção de medicamentos, no ano, nada longínquo, de 1989. A inexistência de números oficiais impedem que se saiba com precisão os valores movimentados anualmente no Pólo. Porém as informações que aqui trouxemos a respeito dos investimentos e dos negócios realizados ou projetados por algumas das principais empresas lá sediadas são mais do que suficientes para que se possa dimensionar a pujança desse complexo industrial.

Temos, portanto, em Anápolis, mais um motivo de orgulho para todo o povo goiano. Um dos mais importantes pólos farmoquímicos do País. Como afirmei ao início desta fala, a irrefreável marcha de Goiás no rumo de seu pleno desenvolvimento não está na exclusiva dependência de seu espetacular potencial agropecuário. O Pólo Farmoquímico de Anápolis é uma excelente amostra da progressiva consolidação de um expressivo setor industrial no nosso Estado.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2002 - Página 12895