Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração ao dia do Maçon.

Autor
Maguito Vilela (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Luiz Alberto Maguito Vilela
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao dia do Maçon.
Publicação
Publicação no DSF de 21/08/2002 - Página 15634
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MAÇONARIA, OPORTUNIDADE, COMENTARIO, HISTORIA, COMPROMETIMENTO, INDEPENDENCIA, NATUREZA POLITICA, PAIS, IMPORTANCIA, OBRA FILANTROPICA.
  • ELOGIO, CONDUTA, RUY ROCHA, PROFESSOR, UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS (UFGO), PARTICIPANTE, MAÇONARIA, CANDIDATO, VICE-GOVERNADOR, CHAPA, ORADOR.

O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o Exmº Sr. Presidente em exercício do Senado da República, Senador Mozarildo Cavalcanti, médico brilhante e maçom exemplar; os demais Senadores aqui presentes; o Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Exmº Sr. Deputado Gim Argelo, que muito nos honra com a sua presença; o Sr. Laelso Rodrigues, Soberano Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil; Sr. Edelcides Lino de Melo, Sereníssimo Grão-Mestre Geral das Grandes Lojas; a Ação Paramaçônica Juvenil, DeMolay; todas as senhoras e senhores maçons e demais convidados.

Sr. Presidente, venho à tribuna desta Casa, mais uma vez, para prestar as minhas mais justas e sinceras homenagens à Maçonaria pelo transcurso de mais um Dia do Maçom, uma data comemorada todo 20 de agosto desde que se iniciou a Loja Grande Oriente da Suíça, da qual originou-se a comunidade brasileira de maçons. Já tive oportunidade de participar da comemoração desta data em várias ocasiões, em alguns Municípios goianos, e, hoje, mais uma vez, com muita honra, participo aqui no Senado Federal.

A origem da instituição data de 1175, na Inglaterra. Adormecida durante o Obscurantismo e a Renascença, a moderna Maçonaria foi revivida na Londres do Século XVIII, com a finalidade de difundir preceitos e unir os homens sem distinção religiosa.

Ao Brasil a Maçonaria foi trazida pelos portugueses, no final daquele século, sob a égide de uma causa nobre e justa. Em 1815, estudantes brasileiros que voltavam da Universidade de Coimbra, onde haviam sido iniciados como maçons, organizaram-se e comprometeram-se com a luta pela independência do Brasil.

Daí surgiu uma das mais importantes lojas maçônicas do País, a loja “Comércio e Artes”, criada justamente pelos maçons que estavam comprometidos com a independência política do nosso País.

A luta inicial não durou muito. Em cumprimento ao Decreto Real de 30 de março de 1818, que proibia o funcionamento de sociedades secretas no Brasil, fechou-se essa loja e queimaram-se seus arquivos. A reinstalação só veio em 1821, com a loja rebatizada como “Comércio e Artes na Idade do Ouro”.

Entre os integrantes da Maçonaria, naquele tempo, destacam-se as figuras de Joaquim Gonçalves Ledo e do sacerdote e maestro Januário da Cunha Barbosa, ambos ativistas no processo de independência do Brasil. E, principalmente, de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patrono da Independência, que foi eleito o Primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

Aliás, o motivo principal da criação do Grande Oriente foi comprometer a Maçonaria com a luta pela independência. Essa determinação consta, de maneira explícita, nas atas das primeiras reuniões da organização, que somente admitia a iniciação ou a filiação de pessoas que também se comprometessem com o ideal da independência.

Em junho de 1822, a família real portuguesa já havia retornado a Lisboa e deixado Dom Pedro de Alcântara, filho de Dom João VI, como príncipe regente. O Príncipe Dom Pedro, que era jovem e voluntarioso, viu-se rodeado por maçons, que constituíam a elite intelectual e econômica daquela época.

Por proposta do Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada e Silva, o príncipe foi iniciado na Maçonaria, em 1822. Mas ainda que todas as pessoas influentes ao redor de Dom Pedro fossem maçons, havia uma enorme rivalidade política entre elas. A disputa pelo poder na Maçonaria provocou algumas lutas.

Dom Pedro proclamou a independência do Brasil e, exatamente um mês e meio depois, em 21 de outubro de 1822, determinou o fechamento temporário do Grande Oriente, que se manteve em vigor até quando ele abdicou, em abril de 1831.

Além de Dom Pedro I e de José Bonifácio, foram membros da Maçonaria brasileira o Duque de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, os Marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os ex-Presidentes da República Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz e Washington Luís, além de Rui Barbosa e de muitos outros brasileiros ilustres.

Sr. Presidente, senhoras e senhores, a digressão histórica que me permiti fazer tem por objetivo atestar a profunda influência da Maçonaria na constituição da nossa Nação desde a sua independência - é muito clara a participação decisiva da Maçonaria na independência do nosso País -, o que faz dela uma das instituições mais presentes em nosso cenário, sem dúvida alguma.

Tal presença se configura na permanente atuação dos seus membros em atividades comunitárias das mais diversas, sempre no correto seguimento de seus princípios fundamentais de amor fraterno, auxílio mútuo, filantropia, e constante busca da verdade e da felicidade do ser humano.

Atualmente, existem cerca de 600 lojas maçônicas em todo o País, congregando mais de 100 mil participantes, que cultivam suas tradições e ritos mantendo e aprimorando os caminhos da ordem.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores, tenho um respeito muito grande pela Maçonaria. Considero-a uma instituição honesta e de grande presença social e política em nosso País.

Como sabem, fui Governador do Estado de Goiás, no período de 1994 a 1998, e a Maçonaria foi uma parceira do meu Governo, principalmente dos programas sociais que criamos em Goiás. À época, os programas sociais por nós criados podiam ser avaliados como vigorosos e compreendiam a distribuição de quase 100 mil litros de leite para as famílias mais carentes do Estado; a distribuição de 147 mil cestas de alimentos, de 28 quilos, todos os meses e em todos as cidades do Estado; e a isenção do pagamento da energia e da água para os mais pobres.

No desenvolvimento de todos esses programas sociais, a Maçonaria esteve presente, em todas as cidades goianas. Devo reconhecer que o meu Governo foi muito bem avaliado na época, principalmente no campo social, e a Maçonaria foi uma grande parceira que tive durante todo o mandato. Por isso, tenho grande simpatia por essa instituição, que, repito, considero honesta, séria e preocupada com nosso País e com a nossa sociedade.

Agora, sou candidato novamente ao Governo de Goiás e fui buscar para ser meu companheiro de chapa uma pessoa que é Mestre Maçom desde 1987, o médico Ruy Rocha, que se encontra presente. (Palmas.)

Médico humanitário, Ruy Rocha é um homem de idoneidade irrepreensível. Professor titular na Universidade Federal de Goiás, foi Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica de Goiás por dois mandatos consecutivos. Ruy Rocha agora empresta a Goiás seu trabalho e sua experiência, colocando-se ao meu lado como candidato a vice-governador.

Esse é apenas mais um sinal do respeito que guardo por essa instituição milenar, que sempre desempenhou um papel de muito destaque na história do nosso País. Neste dia 20 de agosto, eu não poderia deixar de registrar minhas mais efusivas congratulações aos maçons brasileiros e de reiterar a minha convicção num futuro sério e promissor para essa instituição, que certamente continuará fazendo de seu trabalho um exemplo de nacionalismo e de preocupação com a pessoa humana.

Meus cumprimentos, meu reconhecimento e meus respeitos aos maçons e à Maçonaria brasileira.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/08/2002 - Página 15634