Discurso durante a 13ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Abordagem sobre revolução empreendida no campo da educação pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, aos portadores de necessidades educacionais especiais.

Autor
Romero Jucá (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Abordagem sobre revolução empreendida no campo da educação pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, aos portadores de necessidades educacionais especiais.
Publicação
Publicação no DSF de 11/03/2003 - Página 3023
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, EVOLUÇÃO, EDUCAÇÃO, PORTADOR, DEFICIENCIA, GESTÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, ATUAÇÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), DESENVOLVIMENTO, POLITICA, INCLUSÃO, INTEGRAÇÃO, PESSOA DEFICIENTE, ENSINO, MELHORIA, APOIO ADMINISTRATIVO, ORIENTAÇÃO PEDAGOGICA, ALUNO, ENSINO ESPECIAL.
  • COMENTARIO, AUMENTO, ACESSO, PESSOA DEFICIENTE, ENSINO SUPERIOR, ENSINO PROFISSIONAL.

O SR. ROMERO JUCÁ (PSDB - RR) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, continuo hoje a abordagem que tenho feito, ao longo dos últimos dias, da revolução empreendida no campo da educação pelo Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Falei aqui, lembram-se as Srªs Senadoras, lembram-se os Srs. Senadores, dos avanços obtidos na educação infantil, na educação de jovens e adultos, nas tecnologias de educação básica.

E falo agora de um tema que, além de ostentar um nível de importância tão significativo como os anteriores, traz em si um componente adicional de simbologia e carga afetiva: o caso dos portadores de necessidades educacionais especiais; o caso, por exemplo, dos milhões de brasileiros com deficiência visual, com deficiência auditiva, ou portadores da Síndrome de Down.

Pois também nesse caso, tal como nos demais, o que ocorreu entre 1995 e 2002 foi, acima de tudo, uma ruptura com a situação vigente.

Segregação! Escolas especiais! Políticas compensatórias! Estas, e muitas outras igualmente discriminadoras, eram as expressões que caracterizavam o tratamento dos portadores de necessidades educacionais especiais por parte do setor público antes de 1995.

Qualquer criança, Sr. Presidente, que apresentasse tais características, qualquer criança que fugisse à qualificação de “normal”, estava condenada ao confinamento da escola especializada. Ali, trabalhava-se em seu assim presumido “melhoramento”, que hipoteticamente permitiria a posterior integração à sociedade.

Não era isso, por certo, o que acontecia na prática, na imensa maioria dos casos. Habituada ao convívio quase exclusivo com colegas portadores das mesmas limitações, condicionada por práticas pedagógicas específicas à sua situação, mais cedo ou mais tarde a criança enfrentava o choque do contato com outro mundo, que não era o seu.

Em 1995, porém, dá-se a grande transformação. O Ministério da Educação passa a trabalhar com o conceito de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes e escolas regulares.

E configura-se, assim, um novo ideário educacional: que trata de reconhecer explicitamente a diversidade; que trata de garantir o acolhimento, nas escolas, de todas as crianças do Brasil, independentemente de sua condição de diversidade; que trata de admitir a necessidade de identificação das limitações dos alunos; e que trata de estabelecer a obrigatoriedade do sistema educacional de responder, pedagogicamente, a essas necessidades educacionais especiais.

Em outras palavras: a educação especial não mais representa um sistema paralelo de ensino; ao contrário, insere-se definitivamente no contexto geral da educação.

Mas é evidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, que a mera redefinição de políticas e princípios, embora essencial, não traria os resultados esperados se desacompanhada de efetivas ações nos campos administrativo e pedagógico.

Pois dessas ações não se descuidou o então Ministro Paulo Renato Souza.

De um lado, campanhas, cartilhas, filmes e revistas sensibilizaram a sociedade em geral, e os profissionais da educação em particular, para a inserção dos alunos com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino. E os reflexos foram imediatos: somente a campanha realizada entre 1996 e 1997, por exemplo, levou a um aumento de 66% no número dessas crianças matriculadas em escolas regulares. Isso, vejam bem, em apenas um ano.

De outro lado, prepararam-se escolas e professores para bem atender a essa nova demanda. Assim, por exemplo, aos alunos cegos foram oferecidas condições mais adequadas de acompanhar o currículo escolar, com a criação do Programa do Livro Didático Braille; e implementou-se, também, o Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, destinado à formação de professores para o ensino e uso da linguagem de sinais.

Tome-se o caso dos livros em Braille. Sua adoção em grande escala evitou um fenômeno que se tornara comum: alunos cegos que tinham dificuldade em matricular-se nas séries seguintes do currículo escolar, porque, até então, somente prestavam provas orais.

E houve mais, Sr. Presidente, tratou o Ministério da Educação de implementar programas de educação profissional, e, nesse sentido, cabe destacar três iniciativas.

Em primeiro lugar, o redimensionamento das Oficinas Pedagógicas, tanto do sistema público como das organizações governamentais.

Depois, o fortalecimento das escolas da rede federal de educação tecnológica como centros de referência.

Em terceiro lugar, a articulação com o “Sistema S” para a qualificação profissional dos portadores de necessidades especiais nos Estados e Municípios.

Além dessas providências, o Ministério da Educação incluiu o alunado com necessidades especiais nos demais programas de suporte à educação, tais como o Programa Dinheiro Direto na Escola e o Programa de Transporte Escolar.

Por fim, cuidou o Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso de proporcionar facilidades de acesso do estudante com necessidades especiais ao ensino superior, o que foi feito, entre outros procedimentos, por meio da garantia de condições apropriadas nas provas de vestibular, da inserção de itens de acessibilidade na edificação das unidades de educação superior e de critérios para o credenciamento de novos cursos.

Este, Sr. Presidente, o relato sucinto que queria fazer sobre os avanços da educação especial no Brasil no período de 1995 a 2002.

Avanços, tenho certeza, que a população de nosso País reconhece; e que a História reconhecerá.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/03/2003 - Página 3023