Discurso durante a 26ª Sessão Especial, no Senado Federal

ENTREGA DA SEGUNDA PREMIAÇÃO DO DIPLOMA MULHER-CIDADÃ BERTHA LUTZ.

Autor
Papaléo Paes (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONCESSÃO HONORIFICA. FEMINISMO.:
  • ENTREGA DA SEGUNDA PREMIAÇÃO DO DIPLOMA MULHER-CIDADÃ BERTHA LUTZ.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2003 - Página 4934
Assunto
Outros > CONCESSÃO HONORIFICA. FEMINISMO.
Indexação
  • HOMENAGEM, NAIR JANE DE CASTRO LIMA, LIDER, ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL, EMPREGADO DOMESTICO, RECEBIMENTO, CONCESSÃO HONORIFICA, SENADO, LUTA, CIDADANIA, MULHER, MOVIMENTO TRABALHISTA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. PAPALÉO PAES (Bloco/PTB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Serys Slhessarenko; Srª Ministra Emilia Fernandes, parabéns a V. Exª pela autoria do projeto que instituiu o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz e pela feliz idéia de promover este grande evento.

Tenho certeza de que esta Casa está muito honrada, hoje, por poder homenagear essas cinco mulheres lutadoras e espero que esta homenagem seja estendida a todas as mulheres brasileiras.

Aproveito a oportunidade para falar um pouco da minha experiência de administrador. Aos 29 anos, fui Secretário de Saúde do meu Estado e já tinha sido diretor de hospital. Quando assumi a Secretaria, tive a liberdade de escolher a minha assessoria e a felicidade de contar - por minha própria escolha - com um número bem maior de mulheres do que de homens. Ao final da minha gestão na Secretaria de Saúde, conclui que a parte administrativa de responsabilidade das mulheres foi executada de forma bem mais eficiente do que aquela que coube aos homens. Não estou fazendo aqui nenhuma discriminação, mas apenas reconhecendo a responsabilidade, a determinação e a vivacidade que tem a mulher no trabalho e nas funções que exerce.

Depois assumi a Prefeitura da Capital do meu Estado e da mesma forma procedi, aí, sim, já com a experiência para saber que as mulheres competentes são - desculpem-me os homens e os meus companheiros - são bem mais eficientes do que os homens competentes. E só Deus pode explicar essa diferença.

E honrado estou exatamente porque fiz parte deste Conselho constituído por nove Senadores, sendo cinco Senadoras e quatro Senadores, que nos deu oportunidade de conhecer alguns dos currículos de pessoas importantes deste País. Logicamente, só cinco mulheres foram agraciadas, mas estas, com certeza, estão representando muito bem as outras que compõem a lista, bem como as demais mulheres brasileiras que estão lutando sempre por seus espaços e não precisam mais demonstrar a ninguém a sua capacidade.

Falo isso até com uma certa emoção, porque, no momento em que vi uma das senhoras chorando, lembrei-me da luta da minha mãe, com quem tive a felicidade de conviver durante 50 anos e que representa para mim o valor da mulher em nosso País.

Fui incumbido de fazer referência a uma das escolhidas, na qual também tive a felicidade de votar.

D. Nair Jane de Castro Lima, brasileira, solteira, trabalhadora doméstica desde os nove anos de idade, ingressou na luta das trabalhadoras domésticas efetivamente em 1970, pois antes já participava ativamente de encontros para a organização da categoria.

Em 1973, D. Nair, pela primeira vez, foi candidata à presidência da Associação Profissional das Empregadas Domésticas e venceu a eleição. A partir daí começou, com outras companheiras, a luta permanente que se estende até hoje por direitos totais da categoria.

Organizou junto com a direção o II Congresso Nacional de Domésticas, em 1974, com uma pauta de reivindicação de direitos que foi enviada às autoridades competentes. Foi Presidente até 1977 e Vice-Presidente até 1981. Nesse período, começou a preparação do III Congresso Nacional da categoria, realizado em Minas Gerais. Participou dos movimentos feminista e político, integrando, na ocasião, o Centro da Mulher Brasileira e o Fórum de Mulheres Trabalhadoras do PT, sendo também coordenadora da Pastoral das Domésticas, no âmbito religioso.

O currículo de D. Nair é bastante vasto e, tenho certeza absoluta, honra suas companheiras, pois D. Nair lutou bravamente pelo intercâmbio entre as domésticas da América Latina, Europa, América Central e Caribe.

Em 1991, foi reeleita como Secretária dos Direitos Humanos, permanecendo no cargo até 1995. Participou de todas as lutas feministas, dos encontros nacionais do Movimento Negro e, em 1995, esteve presente à IV Conferência Mundial das Mulheres, na China, onde participou de todas as solenidades.

Em 1996, concorreu ao cargo de vereadora no Município do Rio de Janeiro. Não venceu a eleição, mas mostrou determinação pela sua responsabilidade na política do seu Estado. Participa hoje da Comissão Especial de Violência Contra a Mulher; exerce o cargo de Secretária do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas em Nova Iguaçu, e o representa em nível estadual.

Faz-se sempre presente nas passeatas no Dia Internacional da Mulher, na luta pela promoção e valorização da mulher e, com certeza, mereceu ser agraciada com esta comenda de Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz.

Parabéns, D. Nair, e estenda a todas as suas companheiras e a todas as mulheres esta homenagem que o Senado lhe presta.

(Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2003 - Página 4934