Discurso durante a 28ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cobrança da edição de medida provisória, ainda no mês de março, que estabeleça os novos valores do salário mínimo, conforme promessa feita pelo Partido dos Trabalhadores.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA SALARIAL.:
  • Cobrança da edição de medida provisória, ainda no mês de março, que estabeleça os novos valores do salário mínimo, conforme promessa feita pelo Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2003 - Página 5196
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ANTERIORIDADE, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), OPOSIÇÃO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, ALTERAÇÃO, DATA, ESTABELECIMENTO, VALOR, SALARIO MINIMO, ANTECIPAÇÃO, MES.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CUMPRIMENTO, DISCURSO, ANTERIORIDADE, PROPOSTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXPECTATIVA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PUBLICAÇÃO, Diário Oficial da União (DOU), MEDIDA PROVISORIA (MPV), ALTERAÇÃO, DATA, REAJUSTE, SALARIO MINIMO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder.) - Sr. Presidente, procurando manter cem por cento de coerência - e creio que a coerência é uma marca que deve ser preservada nas vidas de quem efetivamente respeite sua condição de pessoa pública -, procuro fazer oposição, que, mais do que um direito, é meu dever. Assim decidiram as urnas, claramente, elegendo, com uma votação esmagadora e brilhante, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e derrotando o candidato José Serra, do meu Partido, que também teve uma belíssima votação. A democracia viveu, então, um momento de festa e consolidação.

Como Oposição, não nego o Brasil. E, como Oposição, cobro duramente resultados, projetos e conseqüências do atual Governo. Uma conquista do Partido dos Trabalhadores, que beneficia o trabalhador de salário mínimo, foi o deslocamento da data, de 1o de maio para o início de abril - embora eu não goste da data de 1o de abril -, para a edição da medida provisória que estabelece os novos valores para o salário mínimo, sujeita a “chuvas e trovoadas” neste Congresso Nacional.

Durante alguns anos, a pressão do Partido dos Trabalhadores foi intensa, democrática, legítima, e o Governo do Presidente Fernando Henrique concordou tacitamente - e passou a observar essa regra tácita - em trazer para o mês de abril a discussão sobre salário mínimo.

Neste momento, Sr. Presidente, não discutirei índice - debruçar-me-ei sobre isso a partir da semana que vem. Não quero nada que seja ruim para o conjunto do País. Não quero nada que seja impossível, que sufoque pequenas Prefeituras, que estrangule ainda mais a Previdência Social. Nada também que signifique informalizar a economia, deixar de arrecadar tributos e de dar a microempresas a oportunidade de crescer, para que se tornem, amanhã, pequenas, médias e, quem sabe, grandes empresas. Essa é a cadeia natural que desejo, na hora em que se constrói e se moderniza o capitalismo brasileiro.

Volto a dizer que não estou falando em índices. O que reclamo é coerência, respeito à Oposição e respeito próprio por parte do Governo. Ficarei profundamente decepcionado, se, hoje, dia 28, não estiver sendo editada a medida provisória com os novos valores do salário mínimo, com o que o Governo pensa do assunto. Não estou cobrando índices, qual deve ser ou não. Posso ser levado até a votar a proposta que o Governo apresentar, se vier consistente e boa para o País, nos limites máximos para atender o trabalhador e, lógico, em limites que não perturbem o conjunto da vida e da economia brasileira.

O que me deixará agastado, indisposto para colaborar com o Governo, nas horas em que se fizer necessário - falo, claramente, por toda a minha bancada e, tenho certeza, com eco nesta Casa - é a idéia, que não quero aceitar como vinda de uma pessoa respeitável e por quem tenho grande estima e respeito, que é o Presidente Lula, de que o ajuste devia ser em abril, quando estava na Oposição, e será em maio, agora que é Governo. Espero que seja em abril; que, hoje, 28 de março, saia a medida provisória, com a visão do Presidente Lula sobre o salário mínimo: R$230,00, R$234,00, R$240,00, o que for. Se Sua Excelência propuser um absurdo, como U$100, não aceitarei e votarei contra, porque não será bom para a economia. Como tenho certeza de que Sua Excelência não fará isso, quero ver qual será a possibilidade de se beneficiar o trabalhador de salário mínimo dentro de patamares que sejam realistas, possíveis, factíveis, plausíveis.

Portanto, neste momento, estou aqui para cobrar coerência e respeito pela Oposição e pela Nação. A conquista obtida pelo Partido do Presidente Lula, pelo Partido dos Trabalhadores, depois de muita luta, de deslocar de 1º de maio para 1º de abril a data histórica de apresentação do salário mínimo - o que dá algum ganho ao trabalhador, já que o aumento acaba diluído nos 12 meses - não pode ser jogada fora, derrubada, não pode virar letra morta, nem, muito menos, deixar de vigorar.

São processos que mostram a consolidação do Brasil, que os homens públicos conseguem manter seu fio de coerência, adaptando-se às circunstâncias. As circunstâncias obrigam a certas mudanças no homem público. Ortega Garcia* diz muito bem: “eu sou eu e as minhas circunstâncias”.

Portanto, aceito as mudanças, desde que não signifiquem incoerência. Neste momento, a coerência do Governo é manter-se fiel não aos índices que pregava antes, mas à idéia de que o trabalhador conquistou a antecipação de um mês no seu reajuste.

Tenho certeza de que não me decepcionarei com o Presidente Lula. Tenho certeza de que, hoje à tarde, receberei a notícia de que terá sido enviada ao Diário Oficial a medida provisória sobre o salário mínimo, para que aqui iniciemos a discussão. Está na hora a discussão, mas, com certeza, o novo valor do salário mínimo estará em vigor no dia 1º de abril.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2003 - Página 5196