Discurso durante a 40ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Banalização da violência no país.

Autor
Íris de Araújo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Íris de Araújo Rezende Machado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Banalização da violência no país.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2003 - Página 8179
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, VIOLENCIA, BRASIL, APREENSÃO, FREQUENCIA, AMEAÇA, VIDA, POPULAÇÃO, PAIS.
  • SOLICITAÇÃO, ORGANIZAÇÃO, SOCIEDADE, MANIFESTAÇÃO, PROTESTO, VIOLENCIA, REIVINDICAÇÃO, AGILIZAÇÃO, PROBLEMA, SEGURANÇA PUBLICA.

A SRª IRIS DE ARAÚJO (PMDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na verdade, o assunto de que eu gostaria de tratar neste momento não poderia ser discorrido em cinco minutos. Mas, depois de ouvir os mais diversos oradores que aqui expuseram suas idéias - chamaram-me a atenção os pronunciamentos dos Senadores Roberto Saturnino Braga e Romeu Tuma e as palavras fortes do Senador Magno Malta -, eu não poderia deixar de aproveitar este momento, Senador César Borges, que preside esta sessão, e Senador Eduardo Suplicy, para me juntar a S. Exªs e dizer dessa angústia que domina o País em relação à violência, que se torna, de uma certa forma, quase que banalizada. À violência, assistimos praticamente de braços cruzados.

Vemos pela televisão e assistimos à nossa porta fatos que, há poucos anos, não aceitaríamos, com os quais nos indignaríamos. Nós, políticos, militantes dentro de nossos Partidos, promoveríamos movimentos populares, levando até a Nação a nossa indignação e a nossa preocupação. Sinto que, de certa forma, há uma imobilização, um engessamento da sociedade. Os fatos acontecem com tanta velocidade, que nos sentimos incapazes de tomar uma atitude.

Eu aproveitaria este momento, estes cinco minutos, para fazer uma conclamação não apenas aos Srs. Senadores e aos Srs. Deputados, mas à Nação, para que tome uma atitude: que levante a bandeira da paz na prática, por meio dos segmentos organizados e movimentos populares. Só assim teremos condição de realmente mudarmos esse estado de coisas.

Num passado recente, a juventude foi às ruas, pintou a cara e mostrou que não aceitava mais o Presidente que estava à frente da Nação. Porque nós, agora, também não nos levantamos? Por que nós, agora, em cada Estado desta Nação, aqui representado pelos Senadores, não tomamos também essa atitude e partimos para a movimentação, que certamente haverá de culminar no restabelecimento da paz neste País? Só a partir daí, Srªs e Srs. Senadores, poderemos discutir, neste Senado, outros projetos, abordar outras questões.

Eu mesma teria que discursar hoje sobre outro projeto, mas volto a falar de algo a que já me referi outras vezes e sobre o que tenho ouvido os Senadores falarem freqüentemente. Basta! Temos que agir. Para mudar esse quadro, certamente teremos que passar por uma mudança de modelo econômico. Temos que estar atentos, porque a violência pode começar dentro das casas. Famílias não-estruturadas estão levando crianças para as ruas, as quais agradecem penhoradamente àqueles que não as tiram de lá, porque nas ruas não há regras, porque lá elas não assistem àquilo que presenciam em sua própria casa, porque lá não são maltratadas.

Temos que mudar a face desta Nação. Aproveitei este momento, gentilmente concedido pelo Presidente e pelos Senadores, para fazer este brado de alerta. Neste momento, ponho o coração na minha fala, a fim de dizer que temos que nos indignar!

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2003 - Página 8179