Discurso durante a 48ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Falta de planejamento para a produção de energia elétrica no Brasil. Caos no Estado do Pará devido ao crime organizado. (Como Líder)

Autor
Duciomar Costa (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PA)
Nome completo: Duciomar Gomes da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Falta de planejamento para a produção de energia elétrica no Brasil. Caos no Estado do Pará devido ao crime organizado. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 06/05/2003 - Página 9524
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, APREENSÃO, DECLARAÇÃO, AUTORIA, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), VISITA OFICIAL, SENADO, AUSENCIA, PROGRAMA, GOVERNO FEDERAL, PRODUÇÃO, ENERGIA, AMBITO NACIONAL, EXPECTATIVA, DESENVOLVIMENTO, POLITICA ENERGETICA, CONTENÇÃO, POSSIBILIDADE, RACIONAMENTO.
  • REFERENCIA, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA, AMBITO NACIONAL, GRAVIDADE, ATUAÇÃO, CRIME ORGANIZADO, ESTADO DO PARA (PA), INVASÃO, ASSALTO, BANCOS, COMENTARIO, AUSENCIA, ESTRUTURAÇÃO, EQUIPAMENTOS, POLICIA, AMBITO ESTADUAL, COMBATE, VIOLENCIA, COMPARAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DEFESA, CRIAÇÃO, POLITICA, SEGURANÇA PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, PROTEÇÃO, BANCARIO, CLIENTE.
  • EXPECTATIVA, REALIZAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, CRIAÇÃO, LEGISLAÇÃO, OBRIGATORIEDADE, BANQUEIRO, INVESTIMENTO, SEGURANÇA, BANCOS, DEFESA, MOBILIZAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMBATE, CRIME ORGANIZADO, VIOLENCIA, GARANTIA, SEGURANÇA PUBLICA, CIDADÃO.

O SR. DUCIOMAR COSTA (Bloco/PTB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, ainda sobre o pronunciamento e a preocupação do Senador Garibaldi Alves Filho em relação à geração de energia, esteve há poucos dias, na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura da Casa, a Ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Confesso a V. Exas que as declarações da Srª Ministra aumentaram ainda mais a minha preocupação em relação à questão energética de nosso País.

Ao fazer um questionamento sobre os projetos de geração de energia, a Ministra me confessou que realmente não existe nenhum programa, nenhuma decisão sobre o projeto de geração de energia em nosso País. S. Exª falava da sua preocupação em relação à sobra de 14MW, que teria de ser subsidiada, e também fazia comentários sobre a saúde das empresas produtoras de energia no Brasil. Isso realmente aumentou minha preocupação. Espero que, num curto espaço de tempo, tenhamos um planejamento nacional de produção de energia, porque, certamente, não queremos mais viver aqueles momentos do apagão, que todo o Brasil pôde acompanhar. Naquele momento procurou-se um culpado, criou-se um ministério do apagão e encontraram São Pedro como culpado pela falta de energia. Espero que a população brasileira não tenha que passar por mais esse vexame.

Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores, assumo a tribuna hoje para relatar o que está acontecendo no Estado do Pará. Gostaria da atenção do Senador Romeu Tuma, que nesta Casa sempre foi um defensor de medidas duras para o combate ao narcotráfico e ao crime organizado.

Senador Romeu Tuma, o Estado do Pará está vivendo um verdadeiro caos em relação ao crime organizado. Os jornais de todo o Brasil noticiaram os fatos. Aqui temos, por exemplo, O Estado de S.Paulo, que traz em sua manchete: “Bando assalta bancos e espalha o terror no Pará”. O jornal O Liberal também aborda o tema em sua manchete. Temos, também, a Folha de S.Paulo que publica: “Grupo invade cidade e assalta 3 bancos”.

Srs. Senadores, não é um simples assalto. Isso já vem sendo uma constante em nosso Estado, e a nossa situação geográfica é propícia a isso. Assaltos, como esse, realizado por trinta homens armados com AR-15, com requintes de tecnologia, realmente assustam. Isso nos lembra os tempos do faroeste. Não foi um assalto a um simples banco, mas assalto a uma cidade, em uma única ação.

Isso não pode mais continuar ocorrendo, Srs. Senadores. No Rio de Janeiro, onde a violência também impera, existe toda uma estrutura de combate ao crime organizado e há uma atenção voltada para isso. No Estado do Pará, não há essas condições. Tomei conhecimento, Senador Romeu Tuma, que só o Pará e o Amapá, do nosso querido amigo Senador Papaléo Paes, não dispõem de equipamentos como helicóptero nas polícias estaduais para enfrentar esse tipo de ação. As polícias locais não têm a menor chance de combater um ato como esse.

Recebi um telefonema, hoje pela manhã, que me comoveu muito. Ainda há pouco, assistia eu à Senadora Serys Slhessarenko, que, usando da palavra, quase não conseguiu terminar o seu pronunciamento ao falar que o assaltante colocou uma arma na cabeça do seu netinho. Eu estava assistindo àquela cena e lembrava de um telefonema de hoje de manhã, Senador Papaléo Paes, de um gerente de banco do meu Estado que me ligou e disse: “Senador, eu estou ligando para V. Exª e peço até pelo amor de Deus para que me arranje um emprego. Eu estou com medo de não ter a oportunidade de acabar de criar os meus filhos porque é um assalto em cima do outro nas agências bancárias! Essas instituições bancárias somente visam lucro; não têm a condição, nunca se preocupam com a situação dos bancários”. Isso ocorreu justamente em um dia como hoje, em que esta Casa presta uma homenagem ao trabalhador brasileiro. É um momento de reflexão, Srªs e Srs. Senadores.

Eu gostaria aqui de prestar a minha homenagem aos bancários do Brasil, em especial aos do meu Estado do Pará que estão realmente assustados, tentando fazer uma paralisação para chamar a atenção da imprensa nacional a fim de que haja uma solução para esse caso. É impossível conviver com isso, quando essas instituições ganham tanto dinheiro e não se preocupam com a segurança dos seus funcionários nem com a dos seus clientes; essa é a grande realidade!

Temos agora uma oportunidade, com a reforma tributária, de criar mecanismos para que esses banqueiros possam ser obrigados a investir na segurança. Creio que é uma oportunidade que nós temos. Eu tenho visto aqui nesta Casa tantas manifestações! O Senador Magno Malta tantas vezes usou esta tribuna tentando demonstrar o sentimento da população brasileira em relação à violência neste País.

Eu me questiono, Sr. Presidente, Srs. Senadores: o que diremos para os nossos eleitores? Nós fomos eleitos para legislar e para criar mecanismos para que a população brasileira tenha a tranqüilidade e o direito de ir e vir, o direito à saúde e à segurança. O que diremos? O que diremos para os nossos eleitores, para os nossos filhos, para as pessoas que acreditaram em nós e que nos deram o seu voto de confiança; que nos deram a procuração para que, nesta Casa, pudéssemos representá-los? O que diremos? Ficaremos sempre neste discurso? Ficaremos sempre falando, falando, sem dar uma solução enquanto tantas pessoas morrem neste País? Quantas pessoas se prendem sem ter o direito de ir e vir! O que diremos, senhores?

Neste dia, o dia em que o Senado Federal está comemorando o Dia Internacional dos Trabalhadores, o que o Senado da República tem para dizer a tantos trabalhadores brasileiros que suam, trabalham, pagam os seus impostos e os nossos salários para que possamos aqui defendê-los? O que diremos para eles? Qual é a resposta que temos para essa multidão de pessoas que acreditaram no Parlamento e que acreditaram em cada um de nós? O que temos, senhores, de concreto para dizer que possa justificar a nossa vinda para o Parlamento? Nós, quando fomos aos palanques e pedimos votos para os nossos eleitores, prometemos a eles que iríamos representar com dignidade o povo brasileiro nesta Casa. Será que estamos fazendo isso? Será que temos respostas para os nossos eleitores, para os nossos contribuintes, para os patrões que pagam os nossos salários? Será que temos respostas? Eu gostaria de dar uma resposta para esse gerente de banco que me ligou hoje, quando ele disse “Senador, eu não me importo de ganhar menos; eu não me importo, Senador. Eu só quero ter a tranqüilidade de poder ver a minha filha completar quinze anos. Eu quero a tranqüilidade de sustentar a minha família e de poder trabalhar com dignidade.”

Eu pergunto a V. Exªs: o que dizer para um cidadão como esse que, com certeza absoluta, acreditou no Senador Duciomar Costa no momento em que saiu da sua casa e foi às ruas e votou em mim; assim como tantos que saíram das suas casas e votaram em cada um de V. Exªs? O que diremos, neste dia, no Dia do Trabalhador? Qual é a tranqüilidade? Qual é a mensagem que podemos dizer para essas pessoas? Eu gostaria de deixar aqui essa interrogação e fazer um apelo para que possamos somar esforços, para que possamos chegar junto à sociedade e dar algo de concreto, saindo do discurso. Chega de falação! A população não agüenta mais, não suporta mais discurso. A população quer respostas! Não adianta ficar em cima de projetos e de discursos, quando na realidade o povo está morrendo por falta de segurança. Algo tem de ser feito, Sr. Presidente. Eu gostaria, neste dia, de deixar o meu apelo, a minha interrogação, uma pergunta que, eu tenho certeza, todo brasileiro gostaria hoje de fazer a cada um de nós Senadores, a cada um dos Deputados: o que é que o Parlamento Federal, o que é que os Srs. Senadores e Deputados vão fazer para controlar essa situação desesperadora que está passando o nosso País? Eu gostaria de deixar essa pergunta para reflexão, Sr. Presidente. Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/05/2003 - Página 9524