O SR. PAPALÉO PAES (Bloco/PTB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que lhes falarei já foi comunicado por muitos Parlamentares, mas não poderia, de viva voz, deixar de fazer algumas referências sobre a questão política que ora me envolve.

Quero deixar registrado, nesta Casa, que hoje pedi a minha saída das fileiras do PTB e, imediatamente, ingressei no PMDB.

Registro, também, que a minha vida pública partidária iniciou-se em 1990. Logicamente, pelo tempo e pela minha idade, todos podem concluir que não recebi doutrinação partidária ou cartilha para decorar e que decidi pela vida pública depois de conhecer a necessidade do envolvimento de um médico conhecedor das questões sociais, porque percebi que, por meio da política partidária, principalmente no meu Estado do Amapá, poderia contribuir bastante para o bem da sociedade.

Quero deixar bem claro às Srªs e aos Srs. Senadores que a minha decisão não ocorreu por motivo escuso. Absolutamente! Trata-se de uma decisão consciente, que reconhece a vontade do povo do meu Estado, onde, de 223 mil eleitores, 125 mil votaram em meu nome, de livre e espontânea vontade, porque sou um simples funcionário público, um médico que não faz da sua profissão uma maneira de trocar atendimento por voto. Esse povo, reconhecendo a minha importância para a política partidária do meu Estado, deu-me condição de ser o Senador mais votado do Amapá.

A minha filiação ao PMDB é uma atitude de respeito ao meu Estado, pois o meu então Partido não reconheceu a liderança do seu povo, não me dando espaço para que lá pudesse desenvolver um trabalho político. Assim, a minha decisão foi baseada exatamente nessa questão do espaço político que não me foi dado no meu Estado.

Quero também lembrar que, no meu primeiro pronunciamento nesta Casa, fiz uma referência à reforma política e mantenho a minha vontade de que ela se inicie o mais brevemente possível, para que terminemos, de uma vez por todas, com os Partidos mal dirigidos que servem, muitas vezes, como legenda de aluguel. Desejo Partidos fortes, que fortaleçam ainda mais a nossa democracia.

Faço uma referência aos meus companheiros do Senado, meus amigos do PTB; ao nosso Líder, Senador Fernando Bezerra, pela forma gentil e atenciosa como sempre me atendeu; ao Senador Sérgio Zambiasi, um companheiro cuja amizade, com o decorrer do tempo, irá aumentar, porque a nossa convivência continuará, e ao Senador Duciomar Costa, que tive oportunidade de conhecer no início do nosso mandato e que, hoje, considero um amigo do peito, do coração.

A conseqüência da minha saída do PTB, logicamente, é a minha retirada do Bloco de apoio ao Governo Federal no Senado, do qual eu era um dos membros, mas peço aos meus então companheiros que reconheçam o meu respeito a todos, que compreendam a minha decisão, de caráter puramente regional, e que entendam que jamais serei radical nas medidas que venham a beneficiar o País, porque votarei com a minha consciência de médico e de cidadão brasileiro. Estou no Senado para honrar e respeitar o povo do Amapá.

Não quero, absolutamente, fazer nenhum tipo de comemoração por ter saído do PTB. Quero deixar o meu respeito ao PTB. E quero, sim, levar em consideração que ingressei em um Partido forte, que, com certeza, terá um direcionamento para que este País brevemente volte a nos dar grandes esperanças e a se desenvolver.

Sr. Presidente, também não poderia deixar de citar a condição de V. Exª como Senador pelo Estado do Amapá. Lembro-me que, quando V. Exª se candidatou pela vez primeira ao Senado pelo Amapá, nos tornamos simpáticos um ao outro e amigos, mas somente hoje tive a honra de assinar a ficha de filiação ao PMDB, tornando-me companheiro de Partido do Senador José Sarney, representante do Estado do Amapá e Presidente desta Casa.

Muito obrigado.