Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relação entre o Governo Lula e o MST. Redução da taxa básica de juros. Desemprego durante o Governo Lula. (como Lider)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Relação entre o Governo Lula e o MST. Redução da taxa básica de juros. Desemprego durante o Governo Lula. (como Lider)
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2003 - Página 16140
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REFERENCIA, LANÇAMENTO, PLANO, SAFRA, GOVERNO FEDERAL, COMENTARIO, AUSENCIA, COLABORAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, POLITICA AGRICOLA, CONTINUAÇÃO, INVASÃO, TERRAS, MOTIVO, DESAPROVAÇÃO, ANDAMENTO, REFORMA AGRARIA, RISCOS, AGRICULTURA, ECONOMIA NACIONAL.
  • CRITICA, VALOR, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, INSUFICIENCIA, PROMOÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, PARALISAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, COMENTARIO, FALTA, ORGANIZAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, EXECUÇÃO, PROJETO, ESPECIFICAÇÃO, PROGRAMA, COMBATE, FOME.
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, DESEMPREGO, BRASIL, EXPECTATIVA, PROVIDENCIA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, IMPUTAÇÃO, GESTÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESPONSABILIDADE, SITUAÇÃO, BRASIL.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há tempos que advirto para essa relação conflituosa, realmente perigosa e nociva entre o chamado Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o Governo Lula.

Sua Excelência, o Presidente Lula, fez, hoje, um apelo, pedindo paciência aos descontentes com os rumos da chamada reforma Agrária brasileira. Foi ao lançar um plano de safra com R$ 1 bilhão a mais do que o do ano passado, que já era um bom plano de safra, com antecipação e com garantia de compra da produção. Contudo,a resposta que Sua Excelência, o Presidente da República, recebe do MST é drástica: dizem que as ocupações vão continuar. Ou seja, a vontade de colaborar é nenhuma; o sentimento delirantemente revolucionário, parece-me, que é todo, e, por outro lado, vejo uma clara ameaça à agricultura produtiva brasileira a partir dessa política desordenada de ocupação de terras. Isso vai acabar se refletindo na balança comercial deste País de maneira negativa.

Mas, Sr. Presidente, há mais o que dizer. A insegurança, que chegou à Ordem do Dia - tanto quanto na década passada -, e a instabilidade, ela, a insegurança, esteve perto - e isso é notícia requentada - do filho do Presidente da República. E um profissional respeitável, há vários anos trabalhando no Palácio do Planalto, perdeu a vida.

Estamos vendo mais ainda: o Governo faz uma redução simbólica das taxas básicas de juros, ou seja, reduziu em 0,5% a taxa Selic, quando poderia ter ido a, pelo menos, 2%, para sinalizar fortemente com a idéia da retomada do crescimento econômico. Isso representa alguma economia para o Governo e nenhum lucro para ninguém na iniciativa privada, nenhum alento para ninguém da economia real. O Brasil está literalmente parando. O Brasil está quase que literalmente parado. Este é um fato!

Aqui, mostro uma matéria da revista Veja, que faz uma análise muito equilibrada, intitulada: “Uma Redução Simbólica”. “Com a queda da taxa de juros, nada muda para quem toma empréstimo em banco”.

A política macroeconômica correta do Governo Lula, comandada pelo Ministro Palocci, a política cautelosa do Presidente do Banco Central, por ser excessivamente cautelosa nesse episódio, termina se revertendo em ponto negativo, depois de ter trazido tanta tranqüilidade à Nação nos primeiros momentos, desde a sua aparição.

Mais ainda: eu tenho dito que o Governo vai razoavelmente no macroeconômico e errou, de maneira redonda, ao reduzir em apenas 0,5% a taxa básica dos juros brasileiros.

Vou além e repito que o Governo tem demonstrado conduta inexistente no administrativo. O Governo não toca os seus projetos. O Governo lança planos e mais planos e não cuida de executá-los. O Governo se atrapalha com os planos bem-intencionados que lança.

Leio também editorial de O Estado de S. Paulo, dizendo algumas coisas muito duras e muito realistas sobre o chamado Fome Zero - e não há nada mais insuspeito do que o Editorial deste vetusto órgão da Imprensa brasileira que é O Estado de S. Paulo -, dizendo que “o Fome Zero é um paradigma, sim. Primeiro, da auto-suficiência dos seus responsáveis, que os levou a ignorar as iniciativas anteriores ao advento da era Lula, desdenhar da interlocução com especialista desvinculado, antes de instituir o Programa”. E por aí vai o Editorial - cuja transcrição solicito, bem como de todas essas outras matérias nos Anais da Casa - para me concentrar na manchete de hoje do jornal O Globo.

O Presidente Lula prometeu, em quatro anos, conquistar dez milhões de empregos para o nosso povo. Até 31 de maio, os desempregados novos somavam já 475 mil. Eu imagino que eles chegaram à casa dos 570 mil, ao fim deste mês junino, deste mês de junho. Portanto, a dívida de Sua Excelência aumenta. Não começa a diminuir o estoque de desempregados, ao contrário, acrescenta aos desempregados antigos um estoque novo, para infelicidade geral da Nação. Tem a ver com a sua política ultraconservadora de juros; tem a ver com a sua inação administrativa; tem a ver com seus pecadilhos e os seus pecadões microeconômicos. E, aqui, nós lemos no jornal O Globo, na sua primeira página, de hoje, aquele quadro dantesco, que todos nós vimos pela televisão. Aquele quadro é absolutamente incondizente com a condição humana: milhares de pessoas se inscrevendo, em uma fila, para tentar, para daqui a alguns anos, um emprego de gari. É algo dantesco! É algo que lembra filme de terror! É algo que lembra os piores momentos da depressão americana. Algo que lembra um filme, estrelado por Jane Fonda - esqueço a tradução, em português - They shoot horses, don’t they? - Eles Matam Cavalos, não Matam? - em que um casal dança, e dança sem parar, durante dias e dias seguidos, até que todos os casais vão se sucumbindo, e alguns deles ganham o direito a comer um pouco.

Na primeira página de O Globo, leio matéria intitulada “Retrato do Desemprego”. “Vinte mil enfrentam até a polícia por uma vaga de gari”. Em outra página, estampa: “Meio milhão de desempregados. Até formada em Direito estava na fila, à espera de uma chance”. E diz que a região metropolitana do Rio de Janeiro já conta com quinhentos mil desempregados.

Sr. Presidente, não vai dar para o Governo postergar as suas responsabilidades o tempo inteiro. E a proposta que faço aqui, mais uma vez, é no sentido de jogarmos o jogo da verdade. Porque, o Governo, cada vez que é acusado, atacado, diz que ainda não teve tempo para fazer nada e que é prematuro atacá-lo, acusá-lo. O Governo diz, ao mesmo tempo, que tem uma brilhante safra colhida por ele, por seus méritos; o Governo diz que tem um recorde na balança comercial brasileira, hoje superavitária. Ou seja, quando se trata de algo desagradável, que tira votos e traz impopularidade, o Governo diz que é muito jovem, que é muito temprano e que não deve nem pode ser responsabilizado. Quando o Governo vê que é algo plantado no governo anterior, que rende frutos, popularidade, que dá conceito, aí assume como seu. Não vai dar para daqui a seis meses ou mais dizer que a culpa é do governo anterior. Não vai dar para daqui a um ano ou mais dizer que a culpa é do governo anterior. Não vai dar para daqui a três anos ou mais dizer que a culpa é do governo anterior, porque, nessa época, estaremos mobilizados para escolher um outro governo, que fale com mais sinceridade e enfrente com mais coragem os problemas da Nação brasileira.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2003 - Página 16140