Discurso durante a 87ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo para a liberação de sessenta mil reais para custeio do Hospital Universitário do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Apelo para a liberação de sessenta mil reais para custeio do Hospital Universitário do Piauí.
Aparteantes
Leonel Pavan.
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2003 - Página 16663
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • COMENTARIO, PERIODO, GESTÃO, JOSE SARNEY, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, LANÇAMENTO, PROPOSTA, CONSTRUÇÃO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI (UFPI), REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ATUALIDADE, PARALISAÇÃO, FUNCIONAMENTO, AMBULATORIO, FALTA, SUBSIDIOS.
  • LEITURA, TRECHO, DOCUMENTO, AMBULATORIO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI (UFPI), ESCLARECIMENTOS, VALOR, INVESTIMENTO, INICIO, CONSTRUÇÃO, OBRA PUBLICA, AUSENCIA, UTILIZAÇÃO, MATERIAL HOSPITALAR, POSSIBILIDADE, PERDA, VALIDADE.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ESTADO DO PIAUI (PI), DESENVOLVIMENTO, PESQUISA, MEDICINA, ESPECIFICAÇÃO, ATUAÇÃO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI (UFPI), ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, AMBITO REGIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESTINAÇÃO, RECURSOS, REATIVAÇÃO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI (UFPI), BENEFICIO, SAUDE PUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros que assistem à TV Senado, eu tive o privilégio, nos anos sessenta, em 1967, de ouvir o hino que acabou com a ditadura. Estava no Maracananzinho, quando Geraldo Vandré disse: “Vem, vamos embora, (...) quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Esse hino, Senadora Iris, derrubou a ditadura e tem que ser cantado de novo.

Lamento ter que informar que, em 1987 - e quis Deus que o Presidente desta Casa hoje, o Senador José Sarney, fosse o Presidente da República da época, - e na sua sensibilidade e generosidade, lançou a idéia da instalação do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí. Que vergonha! O Presidente Sarney foi sucedido pelo Presidente Collor, Presidente Itamar, Presidente Fernando Henrique Cardoso por duas vezes e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O sonho inicial era um hospital universitário em Teresina, que é uma referência em saúde, Senadora Serys.

Outro dia fiquei encantado quando tomei conhecimento que uma filha da Senadora Serys contribui com a saúde; e sua competência faz com que em Cuiabá funcione uma das mais avançadas tecnologias modernas laboratoriais do mundo. Pois no Piauí, também, existe uma das mais avançadas ciências médicas, não do Brasil, mas do mundo.

Senador Roberto Saturnino, no Piauí se faz transplante cardíaco com êxito, para simplificar a descrição sobre o avanço. E isso é uma razão de ser, Senador Roberto Saturnino. E eu me dirijo ao Senador Saturnino, porque é mais vivido e se lembra de Getúlio Vargas, da ditadura Vargas.

Aliás, Senadora Serys, entendo que este País viveu uma ditadura civil de Vargas. Vargas foi um homem muito bom, empreendedor, realizador, trabalhador, como disse Ortega y Gasset: “O homem é o homem e sua circunstância”. Ele, para chegar ao poder, teve que fazer guerra; depois São Paulo quis derrubá-lo, outra guerra; mas foi ele que se lembrou que mulher deveria votar, que o voto deveria ser secreto, que deveria haver o TRE, que criou a Previdência, as aposentadorias, as siderúrgicas, a Petrobras, o Ministério do Trabalho, o Ministério da Saúde. O Governo de Getúlio foi uma boa ditadura civil para a época: naquele tempo, os presidentes do mundo é que vinham ouvir Getúlio, que não saiu por aí passeando. Franklin Delano Roosevelt, quatro vezes Presidente dos Estados Unidos, veio aqui ouvir Getúlio Vargas, que era um estadista. Depois, tivemos uma ditadura militar. Agora estamos numa ditadura jurídica, da Justiça. E assim se faz a história.

Eu queria lembrar esse episódio com uma história. Getúlio Vargas saiu colocando interventores militares, tenentes, em todos os Estados. No Piauí foi diferente. Não aceitamos um militar, que era um tenente, Landry Salles, do Ceará. E nasceu um líder, um médico, que foi o interventor: Leônidas de Castro Melo. Daí a diferença: o Piauí tem uma medicina que é muito, muito mais avançada do que a das outras regiões. Ele era médico - os outros eram tenentes - e implantou um grandioso hospital para a época, o Hospital Getúlio Vargas, que tive o privilégio de ampliar, fazendo um pronto-socorro anexo.

O Piauí não é só Guaribas e Acauã. Essa é a miopia do PT. Ele é muito maior do que isso.

Na semana passada, fui homenageado, bem como o Senador Heráclito Fortes, pelo Hospital São Marcos, que completou 50 anos. Tem a mesma idade do AC Camargo. A direção do Hospital AC Camargo estava presente à homenagem, assim como a direção do Incor do Hospital das Clínicas. Disse o Diretor o motivo da homenagem: “Atentai bem porque vamos dar essa comenda ao Senador Mão Santa”. E disse que, quando comecei a governar, os hospitais públicos eram deficitários. Vim pedir ajuda ao Governo Federal, pois não conseguia equilibrar as contas do hospital. Eu nem me lembrava, pois eram tantas coisas, mas ele lembrou que, quando voltei, chamei o Secretário de Saúde, Paulo Gonçalves, e mandei pagar.

Pois bem. O que quero dizer é que há 50 anos o Piauí possui um hospital de câncer, que é da mesma idade que o de São Paulo, do AC Camargo.

Senadora Serys Slhessarenko, o nosso Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, é gente boa, é afável, mas está mal acompanhado. Pelo fato de ser médico e ter sido Prefeito e Governador no Piauí, é muito natural que tenham me procurado para uma solução. Governei, como Prefeito e Governador do Estado, com os Presidentes Sarney, Collor, Itamar e Fernando Henrique. O mais generoso e o mais sensível foi o Presidente Sarney. O Programa do Leite do Presidente Sarney é bem melhor que o Fome Zero. Pois o Presidente Sarney, que também criou o SUS, determinou essa necessidade. Em 1987 previa-se um investimento de US$24 milhões, Senador Leonel Pavan. Estão lá, em Teresina, referência em excelência médica, desde 1987, US$22 milhões.

Vou lhes contar um quadro que vale por dez mil palavras. Criei uma faculdade de medicina do Estado. Havia a Federal, essa por que luto, que utiliza os hospitais do Estado. Um dia, fui visitar uma obra em construção, e o diretor, um cirurgião, Dr. Eurípedes, sabendo que eu estava no local, aproximou-se e disse: “Governador, há aqui uns médicos de Vitória da Conquista, na Bahia, que querem criar uma faculdade de medicina e vieram buscar o modelo desta nova faculdade que V. Exª criou com consultores médicos do Paraná”. E eu, daquele meu jeito - ele e eu éramos médicos -, aproximei-me do Hospital Getúlio Vargas, as modificações, as áreas específicas do ensino.

Sempre há um chato atrás de um Governador. A Senadora Iris de Araújo sabe disso. E um chato ia mostrando as enfermarias do hospital e como funcionava a Universidade Estadual de Medicina que criamos. E um sujeito gritou no meio da enfermaria: “Vocês não o cumprimentam? É o Governador Mão Santa”. Senadora Serys, fiquei encabulado porque ninguém me conhecia. Mas como cirurgião tem um raciocínio rápido, saí perguntando de onde eram. Eram de Bacabal, de Caxias, de Timon, de Imperatriz, todas cidades do Maranhão. Enfim, ri e disse: “Não, eles conhecem a Governadora Roseana Sarney”.

Mas quero dizer que pesquisei e vi que, de cada cem operados hoje no hospital mais importante do Estado do Piauí, 37 são maranhenses. São do Maranhão, de Tocantins, do sul do Ceará, porque Fortaleza é distante. Foram investidos, em 1987, nesse hospital, da Universidade Federal, US$22 milhões, só em instrumental. São 20 páginas citando os instrumentais com os quais o Governo e a nossa Pátria gastaram US$22 milhões para montar um hospital universitário numa região que é referência em excelência médica.

Tenho uma correspondência do reitor da Universidade Federal do Piauí, que encaminhamos, com documentos assinados pelos Senadores, inclusive os Senadores Alberto Silva e Heráclito Fortes, e, mais ainda, com o apoio do Senador Eduardo Suplicy, a todas instituições responsáveis do Ministério da Educação, porque é um Hospital Universitário e de saúde. Inclusive, tenho uma documentação de Marilane Cavalcanti, da Presidência da República, encaminhada pelos Ministérios, mas é uma lástima dizer, Senador Mestrinho, que o PMDB não tem que fazer parte para ser base, mas para ser luz, verdade e caminho, porque sabemos fazer o progresso e o desenvolvimento.

Isso não tem nada a ver com o Presidente. Não conheço político mais afável do que o nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quando eu o encontro, Sua Excelência passa a mão na minha cabeça, assanhando o meu cabelo, e diz: “Mão Santa, ajude o meu menino”. Meu menino é o Governador do Piauí, dotado de virtudes, doce, cuja esposa é encantadora e religiosa. Eu quero ajudar, mas o time dele não anda. Já recorri ao Senador Tião Viana, Líder do PT, ao Senador Aloizio Mercadante, ao assessor e ao nosso Partido, cujo Líder, Senador Renan Calheiros, deveria estar aqui para ouvir esse pleito justo do PMDB do Piauí e de todos os piauienses. Cansamos de ser propaganda e marketing da generosidade deste Governo, utilizando os pobres e honrados trabalhadores de Guariba. O Piauí é isso. Essa é a ajuda a Lula queremos dar. É uma lástima! Daí eu ter começado: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer”. São seis meses, e são necessários R$60 mil. Foram gastos US$22 milhões, em 15 anos. Presidentes, Senadores e Deputados fizeram suas doações: 40 clínicas de especialidades. É isso que serve para o pobre. Esse é o governo do povo. Isso é ter conhecimento.

Eu aconselharia o Lula - porque posso aconselhá-lo; fui prefeitinho, e ele não foi; fui governador, e ele não foi - a retirar um desses Ministros que estão excedendo e que ninguém sabe para que serve, e dê esses R$60 mil para o povo do Brasil, que precisa dos ambulatórios para ter assistência médica, e, sobretudo, para que seja mostrada a gratidão ao povo do Piauí, que teve coragem de eleger um governador e que precisa da nossa ajuda, principalmente do Governo Federal.

É uma lástima. São US$22 milhões, 40 clínicas especializadas. É porque trata-se do pobre. O rico não tem problema. Ele tem os planos de saúde, os hospitais privados, os aviões que os levam para São Paulo. Essa é a realidade.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ouço esse grande Líder. Quero, aliás, manifestar a V. Exª a gratidão do nosso Governador do PMDB, que me disse, pessoalmente, que só foi eleito pela sua força e liderança, Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Mão Santa, cumprimento-o mais uma vez pelo seu pronunciamento, pelo seu amor ao Piauí e por tudo que faz e que fez em benefício daquele Estado. Contudo, fico preocupado com a situação, pois, se V. Exª, que é da Base de sustentação do Governo, que trabalhou para o Governo, está tendo dificuldades para liberar R$60 mil para concluir o hospital, imagine os Governadores de Oposição!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Para o custeio. Ele já está terminado.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Mais de vinte e dois milhões foram gastos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vinte e dois milhões de dólares, desde o Presidente Sarney.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - E faltam R$60 mil. Tenho usado a tribuna, às vezes, até em defesa do meu PSDB, até porque sou da Oposição, que é necessária, pois a unanimidade é burra. Tem de haver debate. Às vezes, preocupo-me porque uso algumas palavras meio duras. O que será de nós, Senadores e Senadoras da Oposição, se V. Exª, que é da Base, está tendo dificuldades para liberar recursos para a Saúde e para um hospital que já está pronto?! Esta é a minha preocupação. Espero que o Presidente Lula - um homem lutador, democrático, que quer o bem do Brasil inteiro -, independentemente de facções políticas, atenda à reivindicação de V. Exª, que é da Base, mas também que não vire as costas para o meu Município, para Santa Catarina, só porque sou da Oposição. Fico preocupado. Se o Senador Mão Santa, que é da Base, que trabalhou e ajudou na campanha eleitoral, que é alerta, que demonstra um amor imenso pelo seu Piauí, lutando todos os dias pelo seu Estado, não consegue R$60 mil, imagino as dificuldades que teremos pela frente! Espero que os Ministros, os funcionários públicos, os diretores, o Presidente e o Vice-Presidente não olhem para a questão política e que atendam ao seu Piauí e também ao Estado de Santa Catarina.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiras, aqui estão 20 páginas que documentam os instrumentos que fazem parte desse monumento parado, e não iria cansá-los, lendo-as. Tenho em mãos outras cinco páginas descritivas de 20 mil metros quadrados construídos da unidade.

            Aqui está, depois de toda esta luta, o documento que recebi de Antonio Silva do Nascimento, um médico que faz da ciência médica a mais humana das Ciências e, do médico, um grande benfeitor. Aliás, embora o conheça bem, ele nunca votou em mim. É um médico respeitado, foi Secretário de Saúde de outros Governos, é um Professor dedicado e lembra a honradez do nosso Senador Geraldo Mesquita. É um desses homens virtuosos que temos que respeitar. Politicamente, sei que ele é do outro lado, mas é um profissional de respeito. Antonio Silva do Nascimento foi Secretário de Saúde do Estado, é Professor universitário e Coordenador. Leio o documento:

                                    Teresina, 30 de junho de 2003.

Ao Senador Francisco de Assis de Moraes Sousa (“Mão Santa”)

Sr. Senador

Sobre o AMBULATÓRIO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, vimos prestar as seguintes informações:

-     A obra física do Hospital Universitário (HU) foi iniciada em 1989 (e o projeto, em 1987);

-     Em meados de 1999, foi totalmente concluída a parte referente ao Ambulatório.

-     Em 2000/2001, o Ambulatório foi completamente equipado por meio de Convênio entre o Ministério da Saúde e a UFPI no valor de R$1.000.000,00 (um milhão de reais) e de doações efetuadas pelo MEC no valor de R$2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil reais) em equipamentos; (totalizando um investimento de R$3.200 milhões em equipamentos. São vinte páginas de equipamentos descritos)

Portanto, Sr. Senador, o ambulatório do HU da UFPI está pronto para funcionar há aproximadamente dois anos; todos os equipamentos estão sem funcionar, sujeitos a perdas de garantias de assistência técnica...

Senador Gilberto Mestrinho, V. Exª foi Governador e sabe que esses equipamentos são como carro: necessitam de assistência técnica após a compra. A Medicina moderna possui aparelhagem sofisticada. A preocupação é que os equipamentos já estão perdendo a validade.

... e até mesmo à sua completa inutilidade face ao NÃO USO. A falta de R$60.000,00 (sessenta mil reais) mensais como subsídio está impedindo o funcionamento desse Ambulatório, o qual tem a capacidade de atender até 1.200 consultas diárias...”

            As consultas diárias são feitas a irmãos pobres e necessitados, ou seja, para 1.200 brasileiros, além da execução de vários exames complementares, Srªs e Srs. Senadores, no total de dois mil.

            A Senadora Serys Slhessarenko tem uma filha que possui um laboratório e sabe a importância dos laboratórios, tais como de análises clínicas, radiologia, ultra-sonografia computadorizada, Doppler colorido, eletrocardiograma, mamografia. Conhecemos a relevância do acesso ao saber oferecido por um hospital universitário, para que a mocidade estudiosa tenha melhor qualificação e oportunidade.

            Essas são as nossas palavras, e esperamos que, realmente, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embalado, como todos nós, pelo cântico de nossa geração, na voz de Geraldo Vandré, garanta agora para o povo do Piauí, como um ato de gratidão pelo apoio e pela confiança na sua vitória, o funcionamento do Hospital Universitário. Vandré fez com que todos marchássemos com a canção: “Vem, vamos embora/ (...) Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2003 - Página 16663