O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de iniciar esta breve comunicação saudando os populares, pessoas da sociedade civil que comparecem nas nossas galerias para prestigiar esta sessão, aqueles que estão nas tribunas da imprensa e de honra, e especialmente os alunos do Centro Educacional nº 3, aqui do Distrito Federal, que, se não me engano, são da cidade de Sobradinho. É uma alegria muito grande para esta Casa tê-los aqui presente.

Sr. Presidente, após ouvir a preocupação transmitida desta tribuna pela nobre Senadora Lúcia Vânia com relação aos programas sociais, venho aqui para transmitir uma outra preocupação, preocupação brasileira e que não é só dos católicos, mas de todos os que se consideram cristãos, homens de Deus e que diz respeito ao acidente ocorrido com a figura memorável de Dom Mauro Morelli.

Dom Mauro Morelli foi vítima de um acidente automobilístico e está internado no Estado de São Paulo. Todos conhecem sua luta, história e trajetória, principalmente no combate à fome. Dom Mauro é um dos colaboradores do Programa Fome Zero, mas é também um de seus críticos. Ele é o tipo de homem que serve à sociedade e não a um governo. Em certas oportunidades, Dom Mauro tem feito duras críticas ao Programa Fome Zero.

O próprio gestor do programa, o Ministro da Segurança Alimentar, Francisco Grazziano, em sua visita a Dom Morelli, no hospital, disse: muitas vezes, as críticas são duras, mas construtivas; são advindas de um homem que, acima de tudo, tem uma vida inteira dedicada à ação beneficente de terceiros, principalmente os menos favorecidos.

Sr. Presidente, sem dúvida alguma, o povo de Tocantins, como o dos demais Estados brasileiros, é católico na maioria, muitos são evangélicos, mas todos somos tementes a Deus. Foi uma semana muito trágica para a Igreja Católica. Houve um fato lamentável, o ataque a Dom Silvestre Luiz Scandian, em Vitória. Meu Deus, o que falta acontecer no Estado do Espírito Santo? É difícil saber por que fazer isso contra uma figura santa, admirada, com uma vida repleta de serviços prestados à comunidade brasileira, particularmente à do Espírito Santo. Uma das rotinas de Dom Silvestre Luiz Scandian, aos 72 anos, era conceder audiências públicas a quem quer que seja, aos que se julgam necessitados. Durante uma delas, ele foi vítima de uma agressão brutal e inexplicável. Mas, graças a nosso bom Deus, assim como Ele há de olhar pela saúde de Dom Mauro Morelli, posso dizer que Dom Silvestre Luiz Scandian está se recuperando e há de se recuperar e, com certeza, já perdoou o seu agressor, que certamente não sabia o que estava fazendo - não havia razões para isso.

Tendo feito esse registro, Sr. Presidente, quero dizer que acompanho atentamente o desempenho das ações do Governo Federal, não para ser aqui um Senador de Oposição, mas para ser um Senador que representa o Estado, que representa o povo e que traz as suas preocupações para serem discutidas e debatidas nesta Casa.

Acompanhando a Execução Orçamentária, constatamos que o Governo não passou ainda de 1,7% da execução do Orçamento deste País. Se formos analisar o que foi gasto nesse 1,7%, verificaremos que o item relativo à propaganda e divulgação está maior do que o item referente a obras e Orçamento - isso sem falarmos em viagens. Não quero partir para uma crítica desnivelada que questione a importância dessa tarefa para um Chefe de Estado da estatura de Luiz Inácio Lula da Silva, com a sua história, que reconhecida pelo mundo inteiro. É muito importante, sim, para nós, que Sua Excelência vá aos países, que irradie a sua popularidade, que leve as suas idéias inovadoras, que leve esse encanto que o povo brasileiro por Sua Excelência tem, que leve ao mundo as notícias de que a nossa democracia é vitalícia, está fortalecida e que tivemos um belo processo de transição. Mas o nosso quadro interno é preocupante.

Preocupa-me muito, Sr. Presidente, o fato de a grande Ministra Benedita da Silva, que está à frente dos programas sociais, estar ainda aguardando a questão da unificação dos cartões, enquanto milhares de crianças que eram atendidas pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) voltam a trabalhar nas ruas, nos lixões, na colheita de feijão, nas minas carvoeiras do Estado de Minas Gerais. Essa realidade é tão triste, Sr. Presidente, que tenho certeza de que, muito mais do que pensar em voltar à prefeitura do Estado do Rio de Janeiro, a Ministra Benedita da Silva há de dar uma resposta enérgica, há de reunir a sua equipe e mandar avaliar tudo o que está acontecendo.

Já trouxemos para esta tribuna a palavra de coordenadores do PETI, no nosso Estado do Tocantins, que estavam realmente alarmados com a demora na continuidade do repasse dos programas, com crianças no Estado inteiro que, com muito custo, tiramos das ruas para abrigar nesses programas sociais, esperam. E esse tipo de programa não tem marca de Governo: não é de Fernando Henrique Cardoso; não é de Luiz Inácio Lula da Silva; não é da nossa querida Wanda Engel, que integrou o Governo anterior; não é tampouco da nossa Ministra Benedita da Silva. É um programa de todas as mães brasileiras, é um programa da família brasileira. Tirar crianças das ruas e colocá-las nos programas sociais foi uma das nossas conquistas. E temos que seguir adiante. Não temos que olhar para trás.

O Governo Fernando Henrique acabou; a esperança no Governo Lula continua. Digo isso sendo um Parlamentar do PSDB, mas confiante de que o Presidente traz, nas suas origens de homem simples, o sofrimento do povo brasileiro. Em se tratando de programas sociais, peço, com humildade, mas com firme determinação, trazendo as vozes do Tocantins para a tribuna do Senado Federal: Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Ministra Benedita da Silva olhem pelos programas sociais; do contrário estarão perdendo as nossas crianças, cujo futuro vem sendo comprometido com uma triste realidade com a qual não podemos concordar.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado, Sr. Presidente, pela benevolência de V. Exª.