Discurso durante a 93ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre a matéria "MST diz que só está seguindo exemplo de Lula", publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 28 de julho último.

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA AGRARIA.:
  • Comentários sobre a matéria "MST diz que só está seguindo exemplo de Lula", publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição de 28 de julho último.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2003 - Página 23024
Assunto
Outros > REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DIVULGAÇÃO, DECLARAÇÃO, LIDER, SEM-TERRA, JUSTIFICAÇÃO, INVASÃO, TERRAS, SEMELHANÇA, METODOLOGIA, GREVE, UTILIZAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EPOCA, LIDERANÇA, SINDICALISTA.

BOM PROFESSOR DITA A AÇÃO

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Sem apanhamento taquigráfico) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, leio em O Estado de São Paulo, edição de 28 de julho do corrente ano, matéria que explica com clareza que, por trás das invasões dos chamados Sem-Terra, está um competente professor, o próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A conclusão não é minha, é de um dos coordenadores do MST, João Paulo Rodrigues, presente no mega-acampamento do Pontal do Paranapanema.

A matéria do jornal paulista diz, entre outras coisas, pela voz de Rodrigues, que “Lula nos ensinou a fazer greve. É o nosso referencial”.

Pela oportunidade da notícia, solicito à Mesa a sua transcrição nos Anais do Senado Federal.

O texto é o seguinte:

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR LEONEL PAVAN EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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MST diz que só está seguindo exemplo de Lula

Líder do movimento aponta o presidente como referencial para invasores

     JOSÉ MARIA TOMAZELA

ROSANA - Um dos mais expressivos coordenadores nacionais do Movimento dos Sem-Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse ontem em Rosana, no Pontal do Paranapanema, que a luta do MST contra o latifúndio e as invasões de terra "seguem o exemplo" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no passado liderou greves de metalúrgicos no ABC. Segundo ele, Lula jamais se manifestou contra as invasões porque invadia fábricas: "Temos Lula como nosso referencial de luta, pois aprendemos com ele a organizar o povo e lutar."

Rodrigues foi além e reforçou que não há como o presidente ser contra as invasões, pois é uma forma de enfrentar o latifúndio. "Seria o mesmo que Lula ser contra a greve, mas foi ele quem nos ensinou a fazer greve no ABC. Ele é o nosso referencial", afirmou.

A cobrança ao presidente foi feita durante a 7.ª Romaria da Terra e das Águas do Estado de São Paulo, que reuniu 3.500 pessoas em Rosana. O evento, organizado pela Igreja e pelo MST, teve a presença dos bispos d. Maurício Grotto, de Assis, e d. José Maria Libório Sarachio, de Presidente Prudente.

"A ocupação não atinge o governo, mas o latifúndio. Se o Lula é contra a ocupação, é a favor do latifúndio", reforçou o líder.

Segundo Rodrigues, o movimento adotou a tática de realizar invasões por causa da omissão do Estado. "Como o Estado não faz a expropriação, cabe a nós ir para o enfrentamento para obrigar a fazer." Ele afirmou que o movimento quer ser parceiro do governo em todos os aspectos, mas com autonomia para invadir terras: "A ocupação é um hábito, acontecerá na hora em que for preciso." A corrida de pessoas para os acampamentos, para ele, indica que essa hora está chegando.

"Espero que o presidente se antecipe e passe a fazer logo a briga contra o latifúndio", prosseguiu o líder, que saiu em defesa outro líder nacional do MST, João Pedro Stédile, acusado de incentivar a guerra dos sem-terra contra os fazendeiros. "O Stédile sempre falou daquela maneira e está sendo o bode expiatório das elites que querem atacar o governo." Stédile incendiou o debate da reforma agrária, na semana passada, ao fazer um discurso no qual atacava os fazendeiros e pregava a união de "mil contra um".

Conflito - Segundo Rodrigues, Stédile não incentivou a violência. "A natureza da reforma agrária é o conflito, não a violência." Ele foi além e endossou declarações de Stédile de que o latifúndio é uma "maldade". "Vamos continuar infernizando a vida deles."

Durante as celebrações, o bispo de Assis disse que a ocupação das terras devolutas e improdutivas não fere o estado de direito democrático, nem constitui violência. "Ocupação organizada e cruelmente violenta é o roubo do dinheiro público, feita por políticos inescrupulosos", completou, citando o caso do Banestado, em que teriam sido desviados R$ 30 bilhões de dólares. "O MST é bem visto no mundo todo porque denuncia a insustentável concentração de terras."

O movimento fretou cerca de 40 ônibus para transportar acampados e assentados ao Assentamento Nova Pontal, local das celebrações. Segundo os líderes, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e sindicatos deram apoio. Outros seis ônibus foram cedidos por prefeituras.

Houve encenações à margem do lago da Usina Hidrelétrica de Rosana, no Rio Paranapanema. O público fez uma caminhada até o local. Uma cerca foi rompida em ato simbólico.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2003 - Página 23024