Pronunciamento de Arthur Virgílio em 14/08/2003
Discurso durante a 97ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas ao marasmo do governo Lula.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Críticas ao marasmo do governo Lula.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/08/2003 - Página 23699
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- COMENTARIO, NOTICIARIO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, CRITICA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONTROLE, CONDUTA, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, AUSENCIA, SEGURANÇA, ZONA RURAL, REDUÇÃO, INVESTIMENTO, SETOR, AGROPECUARIA, IMPOSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, EMPREGO, APREENSÃO, AUMENTO, GRAVIDADE, CRISE.
EM TEMPOS DE BALA PERDIDA, UM TIRO NO PÉ QUE RESVALA EM TODOS NÓS
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já nem é preciso rigor na leitura dos jornais diários para uma visão ou o aprendizado da realidade brasileira. Algo parecido com as cartilhas, que, juntando letras e palavras, formam um texto. Com começo, meio e fim. Com enredo e tudo mais.
Pego os jornais desses dois últimos dias e os de hoje e as notícias do caos no campo pululam em grande quantidade. Multiplicam-se, fervem, ardem, formigam e fervilham, das manchetes de primeira página ao noticiário das páginas internas.
O enredo também respiga fácil e a conclusão, para qualquer leitor mediano, é uma só: o circo está pegando fogo. No Sul, no Leste, no Nordeste, as invasões viraram rotina.
Do enredo, passo ao desfecho. Por enquanto, um desfecho provisório. A conclusão de agora não deixa dúvidas: o desrespeito prepondera porque a autoridade perdeu o respeito - ou não impõe respeito.
Mais uma vez, chamo a atenção do governo petista do Presidente Lula: a tensão no campo já prejudica os investimentos e o agronegócio, como, aliás, reconhece o Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Está na Folha de S.Paulo dessa última terça-feira. São palavras do Ministro, as que agora passo a ler:
No longo prazo, a manutenção da tensão cria perda de expectativa e de interesse, não apenas interno, mas também externo. É evidente que a questão da tensão no campo e da preocupação em relação à segurança e à tranqüilidade de alguma forma afeta o setor produtivo.
Na continuidade da leitura dessa supercartilha, vem a informação de que o governo petista do Presidente Lula reuniu ontem no Planalto nove de seus Ministros. Tenta-se a busca de viabilidade para obras de infra-estrutura. Cogitou-se até de “oferecer projetos atraentes para o capital privado”, já que, como observou esta manhã o Bom Dia, Brasil, do Renato Machado, da Globo, “o cobertor é curto e as obras muito caras”.
Tomara que os recursos venham logo. Mas como o governo pensa até em atrair capitais externos, seria mais do que oportuno que a paz voltasse a imperar, no campo, nas rodovias (a todo momento bloqueadas por sem-terra) e nas cidades.
O âncora do Bom Dia lembrou que os investidores certamente irão reivindicar uma outra cartilha. A cartilha de regras bem definidas, para que o retorno dos investimentos seja real. Ninguém vai jogar dinheiro pela janela...
Por enquanto, não há nenhum sinal de luz no fim do túnel.
Não é o PSDB quem diz isso. É o noticiário da imprensa, o mesmo noticiário a que me referi no começo de mais essa advertência ao governo.
O dia de hoje amanheceu pior. Beira o insuportável. No campo, do jeito que a coisa vai, vejo como insustentável; em médio prazo, a inação do governo. Invasões de propriedades rurais, ocupação de prédios públicos, saques de cargas nas estradas. Descontrole. Insegurança.
Isso e fósforo aceso no estopim são a mesma coisa.
Nas grandes cidades do País, proliferam as invasões de prédios públicos e agora a moda é ocupar hotéis. A lei é desafiada diariamente. O direito à propriedade é afrontado. A Constituição é rasgada.
Qual é a conseqüência desse estado de terra arrasada?
Desde logo, os investidores se retrancam. Os capitais rareiam. O desinvestimento é uma realidade.
Alerto novamente o governo petista: sem investimento, não há geração de empregos. Sem emprego, neres de pitibiriba para o espetáculo do crescimento! Neres de neres para a retomada do desenvolvimento!
O que resta? A tragédia do marasmo. Algo impensável, quando há bom senso. Principalmente num país como este.
A população fica a temer, com receio até mesmo de reversão nas frases de antanho, quando se procurava alevantar o progresso, tal como dizia o poeta: “Criança, não verás país nenhum como este.. Olha que céu, olha que terra, olha que mares...”
De repente, um raio! E o que teremos para dizer?
Criança, não verás país nenhum como este... Olha que bagunça, que desordem,... olha que indecisão... olha que paradear...
Se o governo não puser termo em tudo isso, a economia se vai deteriorar e as políticas sociais não se completarão.
O governo Lula, por enquanto, está dando um tiro no próprio pé. E as balas perdidas resvalam em todos nós.
O governo Lula é indeciso. É equivocado.
Era o que tinha a dizer.