O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros que assistem à TV e ouvem a Rádio Senado, estamos aqui, com grande satisfação, usando da palavra neste auspicioso instante para prestar uma homenagem à capital do Estado do Piauí, Teresina.

Senador Eurípedes, que assume a Presidência, sem dúvida alguma, o livro mais aceito como guia no mundo é a Bíblia. Ao abrirmos a Bíblia, bem no meio, encontramos os escritos do rei Salomão, aquele que pediu a Deus sabedoria para governar o seu povo. Lá está escrito que a virtude da sabedoria está no meio, assim como o Piauí está encravado no Meio-Norte deste Brasil gigante, Teresina está encravada no meio do Estado, e o coração está no meio do corpo humano.

O Piauí, é preciso dizer, foi dependente, no início de nossa história, do Estado de Pernambuco; depois, do Estado do Maranhão. Teve como sua primeira capital Oeiras, quando se libertou. Foi, sem dúvida alguma, o Estado mais importante na história da independência no Brasil, porque a história verdadeira era que o pai, D. João VI, que aqui estava, tendo vindo de Portugal, por temer as invasões de Napoleão Bonaparte, disse: “Filho, fica com o sul. Vou ficar com o norte e fazer um novo país”. Esse país seria o Maranhão, ligado a Portugal. E isso não aconteceu devido ao Piauí, que, em batalha sangrenta iniciada em março de 1823, expulsou os portugueses para o Maranhão, que era aliado de Portugal.

Os baianos, nobre Senador Efraim Morais, também travaram uma luta sangrenta pela independência, mas isso foi em julho - julho é depois de março. Nós, então, viemos antes, nas lutas armadas, para garantir que este País fosse uno e grande como é.

Um baiano - e tinha que ser um baiano, em homenagem a Rui Barbosa - foi chamado a governar o Piauí, em Oeiras. Em quatro anos, ele fez a mudança da capital histórica primeira, Oeiras, para Teresina, mesopotâmica, entre dois grandes rios: o Rio Parnaíba, que percorre 1.458 quilômetros e nos separa do Maranhão, ou melhor, nos une ao vizinho Estado do Maranhão, e o Rio Poti, que percorre cerca de 600 quilômetros e vem do Estado do Ceará. Ela se encontra no meio desses dois rios.

Teresina, que amanhã faz 151 anos, foi a primeira capital planejada deste País. Foi a primeira capital planejada e serviu de inspiração para os mineiros, que, copiando o Piauí, transferiram de Ouro Preto para Belo Horizonte a segunda capital planejada deste País, que tem em torno de cem anos. Depois, veio Goiânia. Teresina serviu também para inspirar o maior dos brasileiros, Juscelino Kubitschek, a tirar a capital federal do Rio de Janeiro, de poucos do sul, para encravá-la no coração do Brasil e fazer nascer a pujante Brasília, onde estamos. É como diz o Padre Antônio Vieira: um bem nunca vem só, sempre se acompanha de outros bens. Teresina puxou Belo Horizonte, puxou Goiânia, puxou Brasília e, recentemente, Palmas, capital do Tocantins.

Teresina é uma cidade moderna, a quem este País deve muito. Deve muito também à grandeza da inteligência do povo do Piauí. É preciso os governantes terem conhecimento de que o Piauí e Teresina não representam um problema, mas uma solução.

Senador Eurípedes, brasileiras e brasileiros, Sófocles disse: muitas são as maravilhas da natureza, mas nenhuma mais maravilhosa que o ser humano. Não existe ser humano melhor do que a gente do Piauí.

Afirmo aqui, não como Senador, mas como professor de Biologia - e me orgulho disso - e como médico, que a substância mais importante na natureza é a água e não o petróleo, que os americanos buscam por meio de guerra para acionar o progresso. A substância mais importante é a água. Basta dizer que uma criança com dez quilos tem oito quilos de água - 80% da constituição de uma criança é de água. Um adulto de 100 quilos tem 60 quilos de água. E o Piauí é rico nisso, e essa pode ser a solução para os problemas.

No passado, o empresário piauiense Simplício Dias da Silva, filho de Domingos Dias da Silva, rico português, tinha uma indústria de charque e, matando mil bois por mês, alimentava o norte e o sul de Portugal, por meio de cinco navios. E a Batalha do Genipapo se deu no Piauí porque o filho desse rico português, o piauiense Simplício Dias da Silva, financiou-a.

Se, no passado, alimentamos de charque, a carne industrializada, o Nordeste, o Sul e a Europa/Portugal, vamos alimentar também novamente o mundo com a recente exploração do cerrado do Piauí.

O Piauí é a última fronteira agrícola deste País, Senador Eurípedes Camargo. O equilíbrio do Brasil é garantido pela agricultura, pela exploração dos cerrados, como os do Mato Grosso, da Bahia, do Tocantins, do Maranhão e, agora, do Piauí. São 11 milhões de hectares de cerrado, três milhões ao lado do rio Parnaíba. No Piauí, há 19 rios, 6 rios perenes, 100 lagoas e regiões, como a cidade de Cristino Castro, onde a água jorra de 30 metros a 40 metros.

Assim, no Piauí, há a melhor gente e a melhor substância, que é a água.

E, para aqueles que são como São Tomé, gostaria de dizer que, no fim de agosto, início de setembro, será instalada uma das maiores multinacionais produtoras de alimentos, a Bunge, que incorporou a Cerval, de Santa Catarina. A Bunge está instalando uma fábrica, no valor de US$400 milhões, em Uruçuí, no cerrado do Piauí, para beneficiar a soja, produzir óleos, margarinas, leites e derivados da soja. Essa é a perspectiva. Mas tudo isso se dá graças à nossa Capital, que nasceu forte.

Senador Eurípedes Camargo, quero dizer-lhe que, 17 anos antes da Proclamação da República, circulava, em Teresina, um jornal chamado Oitenta e Nove. Dezessete anos antes da Proclamação da República, o jornalista idealista David Caldas fazia circular um jornal no Piauí com o nome Oitenta e Nove. Foi esse jornal que inspirou o Brasil a proclamar a República, o Governo do povo pelo povo e para o povo, em 15 de novembro de 1989.

A inteligência do jornalista piauiense, mártir e profeta da República, foi inspirada na Revolução Francesa, que tinha sido feita em 1789. Um século depois, deveria nascer a República no Brasil. E assim aconteceu.

O regime português imperial proibiu que esse jornalista fosse enterrado em cemitério público. Ele foi enterrado no meio da rua, e, só muito tempo depois, seu corpo foi transladado a um cemitério púbico.

E surge Teresina, Capital que evolui em todos os aspectos e que amanhã faz mais um aniversário: 151 anos. Quis Deus que estivesse aqui a Senadora Lúcia Vânia, que conhece Teresina, trabalhou por aquela cidade, encantou com a sua simpatia a Capital do Estado do Piauí. Como Governador, tive a honra de recebê-la, trazendo os maiores benefícios para a sociedade. E lá S. Exª viu muita coisa.

Esse negócio de Fome Zero não começou agora. Quando fui Governador, o Piauí foi o primeiro Estado a ter um restaurante popular ao lado do Palácio. Por inspiração de minha esposa, Adalgisa, retiramos dali o serviço policial que protegia o Governador e transformamos o local em um restaurante popular. O então Governador Garotinho foi ao Piauí para ver o restaurante e o implantou no Rio de Janeiro. E assim também fez o Senador Mário Covas.

Então, muitos de nós já lutávamos para combater a fome - a roda não foi inventada agora.

Vou citar um fato de rara beleza: além de Deus ter feito Teresina nascer entre dois rios, a cidade é verde de vegetação. Quando eu governava, havia pluripartidarismo. Um dos Partidos, Senadora Lúcia Vânia, era o PMN, cujo Presidente recebi no Palácio, juntamente com sua esposa. Uma observação dele atesta a modernidade de Teresina. Ele disse: “Como são belos os edifícios de Teresina!”.

Eu era orgulhoso do desenvolvimento da ciência médica. Teresina é um ícone das ciências de saúde deste País. Na ditadura de Vargas, o piauiense não aceitou um interventor militar, como se deu em todos os Estados. Lá o interventor foi um médico, que encravou um hospital na ditadura, um grandioso hospital para a época, que foi um ícone. Eu mesmo o ampliei com o serviço de pronto-socorro.

É conhecida a excelência do serviço de saúde de Teresina, dos serviços jurídicos, dos juristas, mas me chamou a atenção também a competência dos engenheiros e dos arquitetos.

A Srª Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo o aparte à Senadora Lúcia Vânia, que, por algumas vezes, visitou Teresina, na sua missão de levar grandes avanços sociais. Sem dúvida alguma, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, ninguém excedeu a competência, a inteligência e o trabalho da Senadora de Goiás.

A Srª Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Senador Mão Santa, em primeiro lugar, agradeço as palavras elogiosas ao nosso trabalho. Quero me associar a V. Exª nos cumprimentos a Teresina pelo transcurso de seu aniversário. V. Exª exaltou a beleza da cidade. Testemunhei o trabalho magnífico na área social realizado por V. Exª quando Governador daquele Estado, que não é diferente do trabalho que V. Exª exerce no Senado, não apenas neste plenário, como também na Comissão de Assuntos Sociais, onde V. Exª presta a sua colaboração como médico e político. Mas o que realmente me apaixonou pela sua gestão foi a sensibilidade que V. Exª demonstrou diante do seu povo, zelando principalmente pelos mais pobres. V. Exª afirmou que o Fome Zero não começou agora, e dou meu testemunho de que o primeiro restaurante popular que vi e conheci neste Brasil foi no Piauí, construído na gestão de V. Exª. Portanto, quando se comemora o aniversário de Teresina, quero me associar às homenagens que V. Exª presta à capital do seu Estado e dizer ao povo do Piauí que ele mandou para o Congresso Nacional um homem simples, sensível e extremamente competente. Sei que V. Exª, no Senado, haverá de honrar, como honrou como Governador, o seu povo. V. Exª fala com tanto entusiasmo, com tanta força, chamando a atenção do Brasil para um Estado pobre, pequeno, mas que produziu grandes homens e mulheres para este País. Meus parabéns, meus cumprimentos! Teresina terá, no dia de seu aniversário, o maior presente que uma cidade pode ganhar, na voz de V. Exª, um homem competente, sensível e trabalhador. Muito obrigada.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senadora Lúcia Vânia, deixo registrada a minha gratidão pelas palavras de V. Exª ao nosso pronunciamento e, mais ainda, pelas ações de V. Exª, juntamente com a minha esposa, Adalgisa, em defesa dos desprotegidos, que minimizaram o sofrimento dos necessitados do Piauí. O Partido de V. Exª errou. V. Exª deveria ter sido escolhida candidata a Presidente da República, pois, com certeza, a história deste País seria outra: teríamos uma mulher na Presidência.

Agradeço a todos os teresinenses, homens e mulheres, pois a cidade me cativou. Por determinação de Deus, nasci no litoral, em Parnaíba, cidade que fez 159 anos ontem, o que muito me orgulha. Quando eu morrer, quero que V. Exªs, Senadoras e Senadores, digam: ele morreu como viveu, orgulhoso de ser parnaibano, parnaibano, parnaibano, do Piauí.

Teresina tem esta glória: Rui Barbosa - quem estudar a vida dele verá - venceu em Teresina; o Presidente Lula venceu em Teresina; e eu, Francisco, sou muito agradecido a Teresina e aos teresinenses pois, em todas as eleições que lá disputei, fui vitorioso e consagrado. Até digo que sou PT, mas não do Partido da Senadora Serys nem do Senador Eurípedes, mas de Parnaíba e Teresina, cidades às quais devoto todo o meu amor e toda a minha vida.

O Presidente Lula venceu as eleições graças também ao Piauí, que aprendeu a cantar: “Lula lá, Mão Santa cá”. O Governador do PT é uma figura gentil e sua esposa, religiosa, é quase uma santa. Mas o Presidente Lula tem que ser um Cirineu de verdade, de atos e ações. Cirineu não falou na Bíblia, mas venceu o cerco militar e ajudou Cristo a carregar a cruz. O Presidente Lula tem a ação: dar um presente a Teresina, em homenagem a uma brava mulher, sacrificada na luta, mártir do PT, Francisca Trindade, que me acompanhou em visita a dois Ministros - , há oito meses estamos nessa luta, Senadora Serys Slhessarenko - para mendigar R$60 mil para fazer funcionar o hospital universitário. Fiquei decepcionado. Quero que a grande líder Francisca Trindade, do PT, esteja no céu, agradecida, amanhã mesmo - daí a razão de hoje vir a esta tribuna para pedir ao Presidente da República para acordar os seus Ministros da Educação e da Saúde para darem a Teresina e a sua mocidade estudiosa o presente que merecem: o funcionamento do hospital universitário.

Viva Teresina, a bela capital do Piauí!