Discurso durante a 120ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcurso dos 101 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Transcurso dos 101 anos de nascimento do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Aparteantes
Maguito Vilela, Valmir Amaral.
Publicação
Publicação no DSF de 13/09/2003 - Página 27078
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, IDONEIDADE, RESPONSABILIDADE, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, INICIATIVA, TRANSFERENCIA, CONSTRUÇÃO, CAPITAL FEDERAL, REGIÃO CENTRO OESTE, CONTRIBUIÇÃO, REGIONALIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, BRASIL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Maguito Vilela, que preside esta sessão, Senadoras e Senadores que estão na Casa, brasileiras e brasileiros que assistem a esta sessão pela televisão e a ouvem pela Rádio Senado, quis Deus que hoje, 12 de setembro de 2003, eu usasse esta tribuna e tivesse iniciado a sessão como Presidente da mesma.

Feliz o país, Senador Maguito Vilela, que não precisa buscar exemplos na história, em outros povos, em outra gente, em outra civilização. Este País tem o exemplo aqui. Quis Deus que hoje estivesse presidindo esta sessão V. Exª, que representa o Estado de Goiás, que muito tem a ver com a vida, a obra, a história, o ícone e o símbolo que é Juscelino Kubitschek de Oliveira. Quis Deus estar presente também a esta sessão o Senador Valmir Amaral, do meu Partido, que representa o DF.

Ontem, esta Casa homenageou um líder do Chile, socialista, que perdeu a vida pela democracia naquele vizinho país. Quero dizer, neste instante, que hoje encerra-se, Senador Valmir Amaral, uma feliz idéia. Há um ano V. Exª esteve aqui com uma comissão especial criada para preparar os atos comemorativos do centenário de nascimento do Presidente Juscelino Kubitschek. Era presidente o Senador Paulo Octávio; vice-presidente, o Senador de Minas Gerais, Arlindo Porto; e Relator, o Senador de Minas Gerais, mas filho do Piauí, Francelino Pereira. S. Exªs idealizaram e aqui houve uma reunião solene, em que vários oradores comemoraram o século de Juscelino Kubitschek.

Quis Deus, ontem, que estivéssemos, no Memorial JK, o Senador que ora preside a sessão, Valmir Amaral, o Senador Paulo Octávio, também homenageado, e eu. Naquela solenidade, encerravam-se as comemorações do centenário de Juscelino Kubitschek.

Várias personalidades receberam a importante comenda Soberana Ordem do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek. Esta Casa, agraciada, fez jus, com mérito, a esse extraordinário líder Paulo Octávio, que, há um ano, juntamente com V. Exª, Senador Valmir Amaral, proferiu discurso nesta Casa, no início da comemoração do centenário de Juscelino Kubitschek.

Relembro que Paulo Octávio fazia os seus agradecimentos e dizia:

Há uma semana, eu estava no Memorial JK, quando saía uma cavalgada de diamantinenses, que vieram a Brasília percorrer um trajeto. Hoje, estão chegando a Diamantina. Estava eu naquela solenidade, ao lado de minha mulher, Ana Cristina, que é neta de Juscelino Kubitschek, e do Governador empreendedor Joaquim Roriz. Tocaram-se músicas, houve aquela cerimônia simpática, naquela manhã bonita, com o céu inigualável de Brasília.

De repente, senti que duas lágrimas correriam pela minha face e constatei que não eram lágrimas de tristeza, mas, ao contrário, de profunda alegria - alegria de morar nesta cidade.

Meu pai e minha mãe, aqui presentes, tiveram a coragem de acreditar no sonho de JK, a exemplo de milhares de brasileiros, o que me trouxe para cá. Fiz a minha vida nesta cidade. Amo esta cidade.

Naquele momento, senti que eu não gostava de Brasília, mas sim a amava. Amo muito Brasília; amo os moradores desta cidade; amo essa gente gostosa, essa gente candanga. Sou muito grato a Brasília e a Juscelino.

A vida me deu dois filhos, descendentes diretos, nascidos em Brasília. Dois candanguinhos estão aqui fazendo história nesta cidade. Vou fazer tudo, na minha vida, para defender o desenvolvimento desta cidade. Vou fazer tudo a que Deus me der força para consolidar Brasília, como era o sonho de JK.

Muito obrigado a todos por estarem aqui presentes.

Viva Brasília! Viva JK!

Paulo Octávio iniciava a comemoração, como V. Exª, Senador Valmir Amaral. E ontem estávamos juntos. Também fui agraciado com a comenda - que orgulhosamente apresento às brasileiras e aos brasileiros - outorgada pelo Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo, Soberana Ordem do Mérito do Empreendedor Juscelino Kubitschek.

Queria dizer que todos nós, a nossa geração e este País sentem em Brasília o renascer, a auto-estima, a confiança. Senador Maguito Vilela - V. Exª está aqui, porque Goiás está na história -, foi em Jataí que um homem comum, em um comício comum, com a coragem de um goiano, aparteou o candidato Juscelino, dizendo: “V. Exª será capaz de obedecer à Constituição, que dita ‘construir Brasília no planalto’”. Juscelino Kubitschek, com sua coragem ímpar, assumiu esse compromisso em Jataí.

Senador Valmir Amaral e Senador Maguito Vilela, numa reflexão da história do mundo, vem-me à mente dois grandes líderes da história do mundo. Um é Jesus Cristo, que, há 2003 anos, arrastou multidões. Quero justamente lembrar que o grande líder Jesus Cristo falou bonito. O Pai Nosso é um discurso de Cristo, assim como a afirmação “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.

Senadora Lúcia Vânia, Jesus Cristo fez obras, foi empreendedor. Fez cego ver, aleijado andar, limpou o corpo dos leprosos, tirou o demônio dos endemoninhados, fez mudo falar, fez surdo ouvir. Multiplicou peixes, pães - foi aí que iniciou o Fome Zero -, mostrou a alegria de viver.

Depois, neste País, nas Minas Gerais, há 101 anos, houve a mesma destinação. O primeiro pregou o amor: “Amai-vos uns aos outros”. E o nosso, não o JC, mas o JK, não Jesus Cristo, mas Juscelino Kubitschek, pregou otimismo, ação. Ele falou e repetiria hoje, para que todos os brasileiros e brasileiras o ouvissem. Cristo pregou o amor, e ele, o otimismo, o sorriso. Na sua mensagem, ele disse: é melhor ser otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errando.

Eis aí o grande exemplo e suas obras. Trinta metas acoplou à meta síntese. Quando ninguém acreditava, mostraram-lhe Lázaro, que parecia não ter mais jeito. Jesus determinou: “Levanta-te, Lázaro”. E o nosso JK veio aqui e disse: “Levanta-te, Brasília. Ergue-te, Brasília”. E aqui estamos nós, nesta homenagem, neste exemplo de democracia.

Presidente Lula, Vossa Excelência tem um homem muito inspirado a seu lado. Conheço-o: Ricardo Kotscho, Assessor de Imprensa. Ele teve a inspiração, outro dia, de colocar em uma sala de imprensa o nome de Carlos Castello Branco, Castellinho, do meu Piauí. Foi ele que teve a bravura de, nos tempos da ditadura, levar a comunicação da liberdade que o povo desejava.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Mão Santa, no momento oportuno, gostaria de aparteá-lo.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E acertaram buscando a inspiração do Piauí. Brasília foi construída por Juscelino e pelos mineiros que ele arrastou. Mas, depois dos mineiros, os piauienses, Senadora Lúcia Vânia, formam aqui a maior colônia.

As histórias de Minas e do Piauí se confundem muito. Tiradentes morreu na forca ante a derrama dos portugueses - esses impostos que estão nos preocupando na Reforma; com essa derrama que o PSDB e o PFL fizeram até uma forca. Morreu Tiradentes, mas o Piauí continuou. O povo piauiense, numa batalha sangrenta, em 13 de março, foi o primeiro povo a expulsar os portugueses. E nós somos a segunda colônia aqui.

Sr. Presidente, Senador Valmir Amaral, está no Hino do Piauí: “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador. Na luta, o teu filho é o primeiro que chega...”. Depois dos mineiros, fomos nós. É a maior colônia.

Senador Maguito Vilela, recebi homenagens, ao longo da minha vida, como Governador, mas esta muito me emociona. Eu a recebi pelo Senado e a divido com todos os piauienses que ajudaram a construir esta cidade.

Já que o Presidente Lula aceitou um piauiense morto, Carlos Castello, jornalista homenageado na Sala da Imprensa, vai aqui um aconselhamento de um piauiense vivo. Amanhã é dia da pelada do Palácio. Presidente Lula, convide os peladeiros para andarem até o Memorial, para aprenderem, com a vida do maior símbolo, que este País precisa de desenvolvimento, emprego, progresso.

Concedo o aparte ao Senador Maguito Vilela.

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Senador Mão Santa, V. Exª faz um discurso importantíssimo, interessantíssimo. De V. Exª não era de se esperar outra coisa. Com sua cultura e seu conhecimento geral, V. Exª não nos surpreende. Acrescento ao seu pronunciamento o fato de que hoje, na minha cidade, Jataí, exatamente no local onde Juscelino fez seu primeiro comício em cima de um caminhão Studebaker, numa oficina mecânica, será inaugurado o Memorial JK, além do Parque Ecológico JK. Trata-se de uma obra perfeita de um dos grandes administradores deste País, Dr. Humberto Machado, Prefeito Municipal de minha cidade. No memorial, haverá o registro de alguns fatos inéditos, que nem a história brasileira os conhece realmente. V. Exª lembrou a pergunta feita, no dia 04 de abril de 1955, por Toniquinho, um jovem daquela época, que, no meio da multidão, estendeu o braço e, interrompendo a alocução do Presidente Juscelino Kubistchek, perguntou-lhe se, se eleito, cumpriria o art. 6º Das Disposições Constitucionais Transitórias. E, naquele momento, ele assumiu esse compromisso, que passou a ser bandeira de sua campanha. Juscelino Kubitschek de Oliveira, sem dúvida nenhuma, foi o maior estadista deste País, o estadista do século, um exemplo para esta e para as futuras gerações. E, hoje, o Senado da República estará representado pelos três Senadores do Distrito Federal: Eurípedes Camargo, Paulo Octávio, que é inclusive casado com a neta de Juscelino, e o Senador Valmir Amaral, que estará representando todo o Senado naquela cidade. Portanto, a cidade de Jataí, hoje, receberá essas ilustres personalidades, para prestar essa homenagem altamente significativa a JK, à sua família e à história do Brasil. Senador Mão Santa, V. Exª faz um pronunciamento histórico neste momento. Em nome de Jataí, do Prefeito, do Vice-Prefeito, da Câmara de Vereadores e do povo de Jataí, cumprimento-o e lhe agradeço pelo pronunciamento que faz. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço e incorporo o aparte de V. Exª ao nosso pronunciamento.

O Sr. Valmir Amaral (PMDB - DF) - Permite-me V. Exª um aparte, Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ouço, com prazer, o aparte do Senador Valmir Amaral, pedindo-lhe permissão para fazer referência a um pronunciamento que S. Exª fez há um ano. Vou relembrar só o grifado.

V. Exª relembrava energia e transporte, o binômio de Juscelino, em cujo Governo a taxa de crescimento econômico do País se manteve em torno de 7,8% ao ano. Atente bem, Presidente Lula! Amanhã, na pelada, vamos botar os peladeiros rumo ao Memorial e ver a fonte de inspiração maior do Brasil: Juscelino Kubischek! Senadora Lúcia Vânia, a taxa de crescimento econômico do País naquele momento se mantinha no patamar de 7,8% ao ano, dado aqui apresentado pelo Senador Valmir Amaral, nesta Casa, há um ano. É o otimismo que JK conseguiu semear nos corações de Brasília. Essas foram as palavras de V. Exª, Senador Valmir Amaral.

O Sr. Valmir Amaral (PMDB - DF) - Governador, Senador Mão Santa, V. Exª, que representa tão bem nesta Casa o seu Estado, o Piauí, está de parabéns! Ontem, tive a felicidade e o prazer de acompanhar V. Exª no Memorial JK, recebendo essa medalha e sendo chamado de Comendador Mão Santa. Fiquei feliz por ver V. Exª sendo condecorado pela neta de JK, Ana Cristina, e por seu esposo, Senador Paulo Octávio. Parabéns a V. Exª por isso e pelo discurso que faz hoje desta tribuna sobre a vida de Juscelino!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço-lhe pela sua participação, Senador Valmir Amaral, e o Brasil todo lhe agradece, porque V. Exª, juntamente com o Senador Paulo Octávio, foi um dos artífices dessa homenagem em comemoração ao centenário de Juscelino, subsídio que leva à nossa juventude a crença de Juscelino Kubitschek na nossa Pátria.

Há um ano, nesta Casa - o Piauí sempre presente -, o Deputado Paes Landim, do PFL, proferia pronunciamento pelo Centenário de JK. E comparava Juscelino Kubitschek com Thomas Jefferson, Presidente dos Estados Unidos que pediu que colocassem no seu túmulo que ele tinha sido o fundador da Universidade de Virgínia.

Diz Milton Campos: os técnicos têm o saber, e os políticos têm a sabedoria. E Juscelino tinha isso tudo.

Registro uma observação minha, pessoal: fiquei surpreso ao ser informado de que tinha sido escolhido para essa homenagem, mas acho que a mereço, que o Piauí a merece, Senador Valmir Amaral, porque os piauienses são a segunda colônia aqui Brasília, depois dos mineiros, e também ajudaram a construir esta cidade. Informaram-me que somos o Senador que mais citou Juscelino Kubitschek em pronunciamentos. Isso se deve à nossa vida de cirurgião, médico de Santa Casa, à passagem pelo Exército, à eleição para prefeito, governador. Também, como ele, sofri - até sei as maldades e as injustiças de uma cassação.

O fato é que, das comendas que já recebi, essa, orgulhosamente, vou levar para o Piauí.

Mas quero trazer aqui o que senti a respeito de Juscelino. No crepúsculo do Governo de Juscelino, eu estudava em Fortaleza para prestar vestibular e já me sentia atraído por ele. Ele fez a última visita à Faculdade de Direito de Fortaleza, e eu o acompanhei, motivado pela curiosidade. Ele entrou com aquele sorriso. Era início dos anos 60, e uma esquerda radical, burra e ignorante tentou vaiar o Presidente Juscelino. Ele sorriu, Senador Valmir Amaral.

Presidente Lula, a inspiração está bem aqui. Amanhã, os “peladeiros” vão lá ver a sabedoria. Está no Memorial. Senador, eu estava lá. E o Presidente Lula sabiamente negou essa esquerda burra. Eu acho que Sua Excelência está certo: que não seja nem da esquerda nem da direita; que seja como Juscelino: nacionalista, homem do desenvolvimento e que teve a coragem de romper com o FMI. É lá na História que os “peladeiros” têm de aprender e treinar para governar este País.

Mas a esquerda tentou vaiar Juscelino. Ele sorriu e disse: “feliz do país que pode vaiar o seu Presidente da República!”

Senador Maguito Vilela, acompanhei esse fato lá na Faculdade de Direito da antiga Fortaleza, do começo dos anos 60. Como em todas as cidades antigas, havia um abrigo na praça onde se tomava um cafezinho, e ele foi para a Assembléia - que ficava no centro, nesse tempo -, com aquele sorriso, no fim, no crepúsculo do seu governo, que demonstrava sua satisfação com o dever cumprido, com o cumprimento da missão. Eu, um jovem estudante, estava ali acompanhando e vendo, já atraído por aquela liderança. Alguns se aproximavam, de terno - acho que eram os deputados, pois estávamos próximos à Assembléia. No cafezinho, diante do povo, vi um caboclo, um daqueles cearenses de cabeça chata, com chapéu. Ele queria aproximar-se, mas estava intimidado pelos seus trajes, pela sua humildade. Mas, Senador Valmir Amaral, ele não se conteve e gritou: “Oh, Presidente pai-d’égua!” Pai-d’égua é o povo do coração daquele homem, daquele gigante, daquele empreendedor. Foi essa a emoção que senti e vi no sorriso.

Depois, todo mundo sabe, uma crucificação, que nem Cristo. Quanto ele sofreu!

Senador Valmir Amaral, vou citar um fato sobre Juscelino. Ainda Governador, fui a Portugal, Coimbra, fazer um convênio com a Universidade Estadual do Piauí. E visitei Óbidos, cidade histórica, antiga, próxima a Lisboa, que tem uma muralha. Lá eles têm um licor vermelho, bom de tomar, chamado ginja. Entrei numa casa antiga daquelas, que era um bar. Que surpresa! Ao tomar a ginja, olhando a decoração, encontrei duas cartas de Juscelino Kubitschek. Fui à parede ler as cartas. Em Óbidos, no exílio. Reparem o sofrimento daquele filho maior, proibido de visitar Brasília. Seu dia feliz foi quando o povo arrastou o seu caixão e o levou cantando. Esse foi o único dia em que ele pôde sentir, já morto, Brasília, pois estava proibido de visitá-la. Li as cartas com a letra de Juscelino, nascido em 1902. Uma agradecia ao dono do bar - olhem a delicadeza daquele homem que já tinha sido tudo - os momentos em que tinha tomado um scotch, uns uísques, durante seu exílio, passado grande parte em Portugal. Na outra carta, cumprimentava o dono do bar,onde tomei a ginja, e sua família pelo Natal e pelo Ano Novo. Vejam a atenção daquele homem: cartas com essa afetividade, esse carinho e esse amor! Eu disse ao dono, um rapaz, que se tratava de relíquias de grande valor, pois aquelas cartas eram do homem maior dos 512 anos do Brasil. Isso não se discute. Disse-lhe que, no nosso Brasil, há um Cristo Redentor levantado e que a outra unanimidade é o nosso JK - imagem de JC (Jesus Cristo). Ele disse que o bar não era mais do mesmo dono, que ele o tinha comprado. E eu lhe disse para colocar o retrato desse homem, pois todo brasileiro iria querer ir lá.

Essa era a homenagem que queríamos fazer.

O Brasil está salvo, e aí está o exemplo a seguir: a coragem de Juscelino Kubitschek, que rompeu com o FMI. Ele agüentou com resignação o sofrimento, as injustiças. E aqui proferiu o seu último discurso, quando previu que seria cassado, porque o seu nome seria o vencedor em qualquer eleição no Brasil.

No mundo, criaram-se várias capitais, Srª Presidente, Senadora Lúcia Vânia: Constantinopla, Pequim, Madri e outras, mas nenhuma, no mundo todo, tem a visão, o amor, o otimismo, a auto-estima e a integração da nossa.

Deixo, então, as nossas homenagens, a homenagem do Senado, a homenagem do meu Partido. O nobre Líder do PSDB muito me sensibilizou quando também me delegou falar por aquele grandioso Partido sobre aquele homem que ensinou a todos nós a governar com tolerância, otimismo, e com o binômio “Energia e Transporte”.

Para encerrar, repito aqui aquilo que ele deixou escrito:

Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu País e antevejo esta alvorada com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.

É a nossa homenagem, no dia de seu aniversário, àquele que é filho do Brasil e pai de Brasília, fonte de inspiração maior de todos nós. Ele esteve aqui e foi afastado.

Feliz o Senador Antonio Carlos Magalhães quando publicou os melhores pronunciamentos desta Casa em 180 anos, em um livro e um CD, e entre eles está o de Juscelino Kubitschek. E relembraria aquela que acho ser a melhor mensagem que ele deu, pois Cristo pregou o amor; e ele, o otimismo. “É melhor ser um otimista. O otimista pode errar; o pessimista já nasce errado e continua errado”.

Viva Brasília, filha de Juscelino Kubitschek!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/09/2003 - Página 27078