Pronunciamento de Alvaro Dias em 08/10/2003
Discurso durante a 138ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários ao pronunciamento do Senador Arthur Virgílio. Necessidade de agilizar a implantação da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Fundiário Brasileiro.
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA FUNDIARIA.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Comentários ao pronunciamento do Senador Arthur Virgílio. Necessidade de agilizar a implantação da Comissão Parlamentar de Inquérito do Sistema Fundiário Brasileiro.
- Publicação
- Publicação no DSF de 09/10/2003 - Página 30833
- Assunto
- Outros > POLITICA FUNDIARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- COMENTARIO, DISCURSO, AUTORIA, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, OCORRENCIA, FRUSTRAÇÃO, POPULAÇÃO, GESTÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, FALTA, PROVIDENCIA, ORGANIZAÇÃO FUNDIARIA, REALIZAÇÃO, REFORMA AGRARIA, CRIAÇÃO, ASSENTAMENTO RURAL.
- DEFESA, IMPLANTAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), APURAÇÃO, SITUAÇÃO, SISTEMA FUNDIARIO, BRASIL, IMPORTANCIA, ATENÇÃO, MATERIA, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO AGRICOLA.
- CRITICA, ROBERTO RODRIGUES, LUIZ FERNANDO FURLAN, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO DA INDUSTRIA E DO COMERCIO EXTERIOR (MDIC), MANIFESTAÇÃO, DISCORDANCIA, ATUAÇÃO, ITAMARATI (MRE), NEGOCIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA), SOLICITAÇÃO, ATENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPORTANCIA, PROTEÇÃO, UNIDADE, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, POLITICA EXTERNA.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há pouco, o Líder do PSDB, Senador Arthur Virgílio, destacava a frase de João Pedro Stédile, segundo a qual o Presidente Lula é uma espécie de transgênico da política brasileira. E disse mais: que o Presidente nada fez pela reforma agrária; assentou apenas duas mil famílias este ano. Disse ele que, até agora, o Governo foi incompetente para tocar a reforma agrária.
É claro que o Governo do PT despertou uma enorme expectativa em relação ao que poderia realizar em matéria de reforma agrária. Sempre foi uma proposta do Partido, e agora há uma enorme frustração. Na verdade, o Governo prometeu assentar 60 mil famílias 2003 e até agora assentou apenas 6%. Cerca de 200 mil famílias estão acampadas. Só no Estado do Paraná, 15.460 famílias estão acampadas, além de haver 83 invasões e diversas ordens judiciais descumpridas pelo governo estadual.
O Governo descuidou-se em relação aos conflitos no campo, pois não esperava que chegassem a tanto. Na verdade, os subestimou. A previsão era de que teríamos, neste ano, 63 conflitos e, na verdade, tivemos 338 até agosto - 436% a mais do que o previsto. Isto é muito grave, porque ocorre exatamente em um momento de evolução da agricultura brasileira, quando ela se moderniza e dá um grande salto de qualidade, aumentando produtividade e alcançando produção recorde no País.
Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é importante agilizar os trabalhos para a instalação da CPI do sistema fundiário brasileiro. Alguns partidos já indicaram nomes para a composição dessa CPI, outros ainda não. Estamos da tribuna, neste momento, exatamente convocando todos para esta enorme responsabilidade: evitar que a desordem no campo comprometa o estágio de evolução da agricultura brasileira.
Do campo para a política externa, no mesmo cenário de contradições do Governo, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, e o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, discordaram publicamente do andamento das ações do Itamaraty com vistas à criação da Alca - Área de Livre Comércio das Américas. Dois Ministros discordam publicamente, não aceitam a morosidade, segundo eles, das providências adotadas pelo Itamaraty. Tal divisão governamental em questão de política externa pode enfraquecer o Brasil no cenário internacional.
É bom lembrar - o Presidente Sarney mais do que ninguém sabe disso - que a condução da política externa do País é atribuição do Chefe de Estado, do Chefe de Governo, é, portanto, atribuição, no presidencialismo, do Presidente da República. O Presidente Lula tem o dever de, urgentemente, adotar um novo diapasão para afinar seu desafinado primeiro escalão, de tantas trombadas em nove meses.
Elio Gaspari, articulista competente, tem razão ao dizer que o Governo criou o “anarcoliberalismo”. Nas palavras do editorialista, só isso explica a postura do Ministro da Agricultura ao puxar o tapete de uma missão negociadora brasileira. O Governo não pode exibir a sua falta de unidade, repito, no cenário internacional, sob pena de comprometer todas as futuras negociações diplomáticas. É claro que o eixo da incoerência do Governo Lula está situado na condução da política econômica, mas não apenas nessa seara.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Sr. Presidente, respeito o Regimento. Em respeito a V. Exª, agradeço.