Discurso durante a 143ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o Movimento grevista dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Autor
Ana Júlia Carepa (PT - Partido dos Trabalhadores/PA)
Nome completo: Ana Júlia de Vasconcelos Carepa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Considerações sobre o Movimento grevista dos funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2003 - Página 32794
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • COMENTARIO, GREVE, SERVIDOR, BANCO DO BRASIL, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), REIVINDICAÇÃO, REAJUSTE, SALARIO, ELOGIO, PROPOSTA, ATENDIMENTO, GOVERNO, EXTENSÃO, REAJUSTAMENTO, VANTAGENS, BANCO PARTICULAR, CRIAÇÃO, COMISSÃO, DISCUSSÃO, PREVIDENCIA COMPLEMENTAR, PLANO DE CARGOS E SALARIOS.
  • EXPECTATIVA, CONCILIAÇÃO, PROPOSTA, GOVERNO, MOVIMENTO TRABALHISTA, BANCARIO, ECONOMIARIO, CONTRIBUIÇÃO, SITUAÇÃO, PAIS, AJUSTE, NATUREZA FISCAL.

A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para a população que nos vê e que nos ouve, quero fazer um registro importante. Não vou, provavelmente, utilizar todo o meu tempo.

Nesta semana, os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal iniciaram um movimento grevista.

É óbvio que todo movimento grevista, toda luta dos trabalhadores, entendemos ser legítima, até porque representa essa pesada herança dos governos anteriores, da desigualdade, recebida pelo nosso Governo.

Os trabalhadores dos bancos privados, de 1994 a 2002, tiveram um reajuste de 95,41%; os funcionários do Banco do Brasil, apenas 36,15% durante todo esse período. Pela primeira vez, uma antiga reivindicação dos bancários foi atendida.

Os bancários entraram em greve - é legítimo -, mas as conquistas obtidas, sem dúvida alguma, são históricas para mais de uma década. O reajuste agora obtido foi igual àquele dado pelos bancos privados. A proposta de dar aos bancários do Banco do Brasil um reajuste no mesmo percentual do que receberam este ano os bancários de banco privado demonstra a boa vontade do Governo, da Direção do Banco, que reconhecem realmente essa defasagem. O reajuste sobre toda a carreira, o abono de R$1,5 mil, o reajuste do auxílio-creche também no mesmo percentual, o reajuste da cesta-alimentação, muito maior do que o índice da Fenaban, no caso dos bancos privados. A cesta básica, no Banco do Brasil, era de R$120,00 e agora passou a R$200,00, a mesma cesta básica que recebem os bancários de bancos privados.

Houve extensão para os novos funcionários da possibilidade de financiamento para a aquisição de óculos, de lentes e para tratamento dentário. Estendeu-se também aos novos funcionários, aqueles que fizeram concurso no Governo anterior, o direito aos 5 abonos anuais a que os demais funcionários têm direito.

Há ainda uma série de questões, como a comissão de trabalho para discutir o Estatuto da Previ e o da Cassi, o Plano de Cargos e Salários, o Plano de Cargo Comissionado de forma paritária. Essa é uma clara demonstração de que, pelo menos nos últimos 15 anos, não houve uma proposta economicamente tão importante e tão positiva quanto essa feita pela direção do Banco do Brasil e pelo Governo Federal.

Eu, particularmente, sou funcionária do Banco do Brasil há mais de 20 anos e, no início do ano passado, lá estava trabalhando. Como vereadora e bancária, eu podia trabalhar. Voltei, Senador José Jorge, à ativa no Banco do Brasil no dia 2 de janeiro de 2001.

Desejo que essa greve, que tem grandes possibilidades de encerrar-se vitoriosa, realmente seja vitoriosa para todos, principalmente para os bancários. A direção do Banco do Brasil jamais fez um acordo nos mesmos patamares dos bancos privados. Pela primeira vez na História, conseguiu-se isso. Os funcionários do Banco do Brasil receberam o maior reajuste em termos econômicos dos últimos 15 anos.

Espero que meus colegas do Banco do Brasil entendam que sabemos que a perda salarial é maior do que 12,6%. No entanto, esse é o limite para um país que está fazendo um duro ajuste fiscal. Estamos discutindo e votando a reforma da Previdência e a reforma tributária. Os funcionários do Banco do Brasil sempre tiveram um compromisso imenso, em sua grande maioria, com a cidadania e com o País. Sei que vão dar sua parcela de contribuição e, responsavelmente, acatar essa proposta, que é o limite dentro do grande arrocho que vivemos no País. Poderemos, então, voltar para o rumo do crescimento econômico e para a geração de empregos.

Infelizmente, hoje, continuar em greve é, na verdade, apenas passar de uma greve vitoriosa para uma greve política, que tenha como único objetivo o desgaste do Governo. É um direito, mas saibam que esse é o limite possível. Se verificarmos as outras categorias, que fizeram campanha salarial e pediram reajustes, veremos que nenhuma delas - nem os funcionários públicos, que tiveram um reajuste que variou de 1% a 6% - teve um reajuste de 12,6 % sobre todas as verbas.

O IPCA acumulado do último ano, de outubro de 2002 a outubro deste ano, Senador Duciomar Costa, é de 15%. Portanto, os 12,6% significam quase toda a inflação do período.

Assim, espero que esse compromisso com o País seja reafirmado em todas as assembléias pelo Brasil. Tenho certeza de que os funcionários do Banco do Brasil não faltarão com a responsabilidade cívica que têm tido com o País, com a responsabilidade e a solidariedade que sempre foram a marca dos funcionários do Banco, que - digo sempre - é o maior patrimônio do Banco.

Parabenizo o Governo e a direção do Banco, porque, independente de uma ou outra assembléia, tenho certeza de que a maioria dos funcionários vai acatar esse que é o melhor acordo da História recente dos últimos 15 anos do País, e que faz justiça. É lógico: queremos nós toda a reposição de perdas, mas, na impossibilidade de se fazer isso, esse é um avanço histórico para o nosso País e para os funcionários do Banco do Brasil.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2003 - Página 32794