Discurso durante a 143ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise de matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, de primeiro de outubro do corrente, sob o título "Taxa de Investimento é a menor em 10 anos".

Autor
Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Análise de matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo, de primeiro de outubro do corrente, sob o título "Taxa de Investimento é a menor em 10 anos".
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2003 - Página 32809
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), INFERIORIDADE, INDICE, INVESTIMENTO, TRIMESTRE, AUSENCIA, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), SEMESTRE, GRAVIDADE, PARALISAÇÃO, ECONOMIA.

O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Sem apanhamento taquigráfico.)

INVESTIMENTOS EM QUEDA

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna na tarde de hoje para comentar a matéria intitulada "Taxa de investimento é a menor em 10 anos", publicada no jornal O Estado de S.Paulo , de 1º de outubro do corrente.

Na matéria, que solicito seja inserida nos Anais do Senado, o IBGE divulga que a taxa de investimento do País atingiu, no segundo trimestre deste ano, o menor índice trimestral em 10 anos. Além disso, mostra que o PIB, no segundo semestre, ficou praticamente estagnado em relação ao mesmo período de 2002.

O texto, que passo a ler, para que fique integrando este pronunciamento, é o seguinte:

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ANTERO PAES DE BARROS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Quarta-feira, 1 de outubro de 2003

http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/10/01/eco031001.html

http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2003/10/01/capa031001.html

Taxa de investimento é a menor em 10 anos

Índice recuou para 17,88% do PIB, segundo o IBGE; PIB do semestre chegou a R$ 711 bilhões

JACQUELINE FARID e NILSON BRANDÃO JUNIOR.

RIO - A taxa de investimento do País atingiu no segundo trimestre deste ano o menor índice trimestral em 10 anos. A taxa, que mede a participação dos investimentos, públicos e privados, no Produto Interno Bruto (PIB), foi de 17,88%. No primeiro trimestre, havia chegado a 19,13%. O gerente da coordenação de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Carlos Sobral, ressaltou que há seis anos esse indicador oscila entre 19% e 20% no Brasil, desempenho "baixo para o crescimento necessário".

O IBGE também divulgou ontem que o PIB do País somou R$ 711 bilhões no primeiro semestre deste ano. O desempenho dos seis primeiros meses ficou praticamente estagnado (variação de 0,3%) em relação a igual período de 2002. No segundo trimestre, houve recuo de 1,4% no PIB ante igual trimestre de 2002. A boa notícia é que, com a substancial elevação da poupança interna, o País não apresentou necessidade de financiamento no período.

Para um crescimento anual da economia entre 4% e 5% - projeção calculada por economistas e pelo governo para 2005 - a taxa de investimento deveria oscilar entre 25% e 26% ao ano, destaca Sobral. A última vez que o País alcançou índices dessa magnitude nos recursos investidos em relação ao PIB foi no fim dos anos 80. "O investimento é sempre uma aposta no futuro", disse o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida. Segundo ele, só o crescimento da economia e a queda dos juros poderá elevar a taxa.

Seguindo uma curva inversa à dos investimentos, a taxa de poupança bruta (poupança interna em relação ao PIB) atingiu no segundo trimestre 21,13%, a maior desde o quarto trimestre de 1997 (22,01%). Foi pouco superior à do primeiro trimestre do ano (21,13%), mas bem maior do que a registrada no quarto trimestre do ano passado (15,66%).

"A poupança do Brasil está crescendo porque a despoupança do governo está caindo, com o ajuste fiscal e o ajuste externo", disse Almeida, em referência à política de corte orçamentário do governo. Também o coordenador do Grupo de Acompanhamento Macroeconômico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Paulo Mansur Levy, atribuiu o aumento da poupança ao ajuste fiscal do governo e não a uma relação direta com a queda de investimentos.

PIB - Dados do PIB do primeiro semestre mostram que o consumo das famílias continuou a cair, resultado direto da retração econômica, tendo somado R$ 413,7 bilhões, 4,7% a menos do que o consumo de igual período de 2002. O consumo do governo foi quase igual: R$ 126,1 bilhões, um aumento de 0,3% no semestre. Já os investimentos desceram a ladeira, com R$ 131,4 bilhões, queda de 5,4% em relação ao mesmo período de 2002.

Paulo Levy confirma que a taxa de investimento do segundo semestre é baixa, comparada à de anos anteriores. Ele acredita que no ano que vem a taxa deverá voltar a subir, com o retorno dos investimentos ao País e a esperada aceleração da atividade econômica.

Para a coordenadora adjunta de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Simone Saisse, a política fiscal e monetária do primeiro semestre foi bem sucedida para reverter a crise de confiança do segundo semestre de 2002, mas sacrificou a atividade, reduzindo a taxa de investimentos. Ela explica que, com o custo elevado de financiamento, as empresas acabam utilizando predominantemente recursos próprios para expansões, limitando o poder de fogo dos investimentos.

O ajuste do setor externo, com aumento das exportações de bens e serviços, e o desaquecimento da economia doméstica possibilitaram ao País fechar o primeiro semestre sem necessidade de financiamento.

O conceito de necessidade de financiamento externo equivale, grosso modo, ao déficit em conta corrente e corresponde a quanto o País teve de buscar no exterior para financiar gastos.

No primeiro semestre deste ano, houve capacidade de R$ 1,1 bilhão. É como se tivesse sobrado dinheiro no caixa. Em igual período do ano passado, houve necessidade de financiamento de R$ 19,7 bilhões. Desde 1992 o País não fecha um ano sem necessidade de financiamento. A reversão do quadro de necessidade para capacidade de se financiar ocorreu no segundo semestre do ano passado e foi confirmado nos seis primeiros meses deste ano.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2003 - Página 32809