Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Resposta à Senadora Ideli Salvatti.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Resposta à Senadora Ideli Salvatti.
Publicação
Publicação no DSF de 23/10/2003 - Página 33141
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, CONDUTA, ORADOR, REFERENCIA, DISCURSO, AUTORIA, IDELI SALVATTI, SENADOR, ANTERIORIDADE, SESSÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sou uma pessoa afeita ao debate duro, às vezes até ríspido. E nunca fica nenhuma mossa, para mim, do debate. Não fica! Ao contrário, aprendo - talvez seja o meu lado masoquista - a respeitar e estimar muito os adversários que me enfrentam lealmente, que me enfrentam de cabeça erguida.

Portanto, à primeira vista - e hoje a situação está esclarecida -, soou-me isso, Líder Aloizio Mercadante, como uma tentativa de intimidação a mim. Impossível! Médici não conseguiu. Costa e Silva não conseguiu. Eu vou, cada vez mais, fazer cumprir o meu dever de Líder de um Partido importante da Oposição aqui nesta Casa. Por outro lado, devo deixar bem claro que, em seguida, usarei, sim, o horário do Senador Rodolpho Tourinho, antes até o oferecendo para a antecipação do brilhante discurso do Senador Tasso Jereissati sobre Reforma Tributária, porque meu discurso fica esvaziado depois das explicações que, de maneira muito fraterna e muito humilde, aqui prestou a Senadora Ideli Salvatti.

Não fosse a explicação, o tom seria outro. Não fosse a explicação, a conversa iria mudar. Não estou aqui para brincar com nenhum Senador e não toleraria a idéia de algum Senador brincar comigo, até porque eu não sirvo para brincadeira. Esse episódio, citado pela Senadora, ou citado por quem mais seja, de um suposto questionamento de uma viagem que fiz, às minhas custas, indo a um camarote para ver uma homenagem no carnaval do Rio de Janeiro ao meu Estado, não tem nada a ver com esse episódio da Ministra Benedita, que, a meu ver, coloca em xeque o Governo Lula, sim, porque, ou ele a demite, ou ele não deveria ter permitido a saída do Sr. Secretário Nacional de Segurança Pública. Não há nada. Considero leviano e desonesto que alguém tente misturar essas duas estações. Ela que se explique e se defenda! No meu caso, não há nada, não houve - e ainda digo com uma tranqüilidade que não sei quantos homens públicos podem ter nesta terra - nem haverá!

Portanto, aceito, sim, as explicações. Aceito sua explicação e entendo que, quem sabe, isso possa servir para um processo de amadurecimento de V. Exª, Senadora Ideli Salvatti, um processo que, sem dúvida, é saudável, até porque com o tempo as pessoas vão conhecendo melhor o terreno onde pisam. E o meu é movediço. Não sou um terreno bom para as pessoas pisarem inadvertidamente nele. Tenho algo que veio comigo do berço e vai comigo para o túmulo: muito amor próprio! Em ferido o amor próprio, sou uma pessoa completamente diferente dessa com a qual se cruza no corredor. Costumo ser doce e humilde com todo mundo, até o momento em que bolem comigo, que mexem e tentam amesquinhar meu sentimento de amor próprio, o que, repito, nenhum ser humano conseguiu e tenho muita confiança de que vou para o túmulo um dia sem nenhum ser humano conseguir isso.

           Portanto, Sr. Presidente, considero-me bastante satisfeito com a explicação recebida e lhes digo que meu discurso fica esvaziado. Iria ser ouro. E fico feliz de não ser o que teria que ser, no tom que eu não gostaria de usar. Coloco para todos os companheiros algo que é até um preito de homenagem a cada um: quanto mais duro e lealmente debatam comigo, mais eu os respeitarei; quanto mais exigentes do ponto de vista do debate e do convívio parlamentar em relação a mim, mais isso me aproximará dos meus adversários. E costumo ter carinho, e muito grande carinho, pelos adversários que me enfrentam e não tenho pelos adversários que fazem jogo. E eu não resisto; eu não gosto do estilo do Ministro José Dirceu, por exemplo, que é sorrateiro. Gosto de quem me enfrenta e me enfrenta olho no olho.

Portanto, nas vezes em que sou duro e até ríspido no debate, isso é prova de que levo a sério as pessoas com as quais eu debato. Respeito, e muito, a integridade dos meus companheiros. Eu dizia ao Líder Mercadante, ainda há pouco, que é muito diferente, Senadora Ideli Salvatti - V. Exª, com a experiência que começa a ganhar nesta Casa e com o conhecimento das pessoas, começará a entender isto - o Senador Aloizio Mercadante atacar o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e eu atacar o Presidente Lula. Eu defendo o Fernando Henrique e S. Exª defende Lula. É diferente de eu, um dia, atacar pessoalmente o Senador Aloizio Mercadante ou S. Exª achar que tem o direito de me atacar. Na verdade, cheguei a imaginar que tivesse tentado fazer comigo o que seria impossível, uma tarefa que seria o décimo terceiro trabalho de Hércules. Não conseguiriam.

Portanto, considero-me feliz, satisfeito e pronto para novos momentos de luta que esta Casa e o meu temperamento exigirão.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/10/2003 - Página 33141